Incidência de lesões musculoesqueléticas e fatores de risco em praticantes de CrossFit®: um estudo prospectivo
Data
2018-07-30
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Objective: The objective of this study was to investigate the CrossFit®related
musculoskeletal injury incidence and the associated risk factors. Methods: A
prospective 12week
followup
of 452 individuals selected from CrossFit® boxes from
the metropolitan area of São Paulo, Brazil, in 2016 and 2017. Data were collected
from an initial sample characterization questionnaire followed by six electronic
questionnaires sent biweekly by email with questions regarding training frequency
and injury occurrence. A timeloss
injury definition was used and injuries were
classified by the anatomical location and injury type. Risk factors such as age, body
mass, previous injuries, experience (years of practice), training load, preventive
exercises, use of protective equipment, supervision of trainers, and participation in
competitions were investigated. Data analysis were performed through descriptive
statistics and logistic mixed models. Results: 1618 responses out of 406 participants
(89.8%) resulted in a cumulative incidence rate of 38.9% (n = 158) and incidence
density, based on anatomical location, of 29.1 per 1000 hours of exposure (n = 379)
and 23.7 per 1000 hours of exposure, based on type of lesion (n = 309). The
shoulders (20.1%), lumbar spine (17.9%), and knees (9.5%) were the most affected
locations and muscle injuries (45.0%), joint pain (24.6%), and tendinopathies (12.9%)
were the most frequent types. The average exposure to CrossFit® was 3.9 times per
week and the majority of participants trained with Scaled load 51.5%, followed by the
group that alternated loads 27.1% (Rx or Scaled) and trained with Rx load 21.3%.
The mean severity according to the numeric scale of pain was 5 (4.7 to 5.3) and time
loss was 2.7 (2.3 to 3.1) days. Injury associated factors were: varying training load
4.67 (2.47 to 8.83, CI 95%) and previous injury (2.35 to 5.66, CI 95%). CrossFit®
experience (> 1 year) 0.70 (0.52 to 0.95, CI 95%) was a protection factor. Other
investigated variables were not associated with CrossFit® injuries. Conclusion:
incidence density in the present study was about ten times higher than the currently
reported, 29.1 per 1000 hours of exposure (anatomical location) and 23.7 per 1000
hours of exposure (type of lesion). The variables previous lesions and variation of
the training load (Rx or Scaled) were risk factors associated with injury and
experience (years of practice), a protection factor.
Objetivos: o objetivo deste estudo foi investigar a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à prática de CrossFit® e os fatores de risco a elas associados. Métodos: durante 12 semanas foi realizado um acompanhamento prospectivo de 452 indivíduos selecionados, em boxes de CrossFit® da região metropolitana de São Paulo, Brasil, nos anos de 2016 e 2017. Os dados foram obtidos a partir de um questionário inicial de caracterização da amostra seguido por seis questionários eletrônicos enviados por email a cada duas semanas, com questões sobre a frequência dos treinos e ocorrência de lesões. A definição de lesão utilizada baseouse no tempo de afastamento e sua classificação quanto à localização anatômica e tipo de lesão. Foram investigados possíveis fatores associados como idade, massa corporal, ocorrência prévia de lesões, experiência, carga de treino, realização de exercícios preventivos, utilização de equipamento de proteção, supervisão dos treinadores e participação em competições. A análise dos dados foi realizada através de estatística descritiva e modelos logísticos mistos. Resultados: 1.618 respostas de 406 participantes (89,8%) resultaram em uma incidência cumulativa de 38,9% (n = 158) e densidade de incidência de lesão, quanto à localização anatômica, de 29,1 por 1.000 horas de exposição (n = 379) e 23,7 por 1.000 horas de exposição quanto ao tipo de lesão (n= 309). Os ombros (20,1%), a coluna lombar (17,9%) e os joelhos (9,5%) foram os locais mais acometidos e as lesões musculares (45,0%), dores articulares (24,6%) e tendinopatias (12,9%) os tipos mais frequentes. A média de exposição ao CrossFit® foi de 3,9 vezes por semana e a maioria dos participantes treinou com carga do tipo Scaled (51,5%), seguido pelo grupo que variou cargas (27,1%) e que treinou com carga Rx (21,3%). A severidade média das lesões segundo a escala numérica de dor foi 5 (de 4,7 a 5,3); quanto ao tempo de afastamento, em dias, foi 2,7 (de 2,3 a 3,1). Foram identificados como fatores associados à lesão treinar variando cargas 4,67 (de 2,47 a 8,83; IC95%) e a ocorrência prévia de lesão 2,76 (de 1,35 a 5,66; IC 95%). A experiência, em anos de prática de CrossFit® (> 1 ano) foi um fator de proteção 0,70 (de 0,52 a 0,95; IC95%). As demais variáveis investigadas não apresentaram associação significativa com as lesões. Conclusão: a densidade de incidência de lesão no presente estudo foi cerca de dez vezes superior à atualmente associada ao CrossFit®, 29,1 por 1.000 horas de exposição (local da lesão) e 23,7 por 1.000 horas de exposição (tipo da lesão). As variáveis ocorrência prévia de lesões e variação das cargas de treino (Rx ou Scaled) foram fatores de risco associados à lesão. O tempo de prática (> 1 ano) foi considerado fator de proteção.
Objetivos: o objetivo deste estudo foi investigar a incidência de lesões musculoesqueléticas relacionadas à prática de CrossFit® e os fatores de risco a elas associados. Métodos: durante 12 semanas foi realizado um acompanhamento prospectivo de 452 indivíduos selecionados, em boxes de CrossFit® da região metropolitana de São Paulo, Brasil, nos anos de 2016 e 2017. Os dados foram obtidos a partir de um questionário inicial de caracterização da amostra seguido por seis questionários eletrônicos enviados por email a cada duas semanas, com questões sobre a frequência dos treinos e ocorrência de lesões. A definição de lesão utilizada baseouse no tempo de afastamento e sua classificação quanto à localização anatômica e tipo de lesão. Foram investigados possíveis fatores associados como idade, massa corporal, ocorrência prévia de lesões, experiência, carga de treino, realização de exercícios preventivos, utilização de equipamento de proteção, supervisão dos treinadores e participação em competições. A análise dos dados foi realizada através de estatística descritiva e modelos logísticos mistos. Resultados: 1.618 respostas de 406 participantes (89,8%) resultaram em uma incidência cumulativa de 38,9% (n = 158) e densidade de incidência de lesão, quanto à localização anatômica, de 29,1 por 1.000 horas de exposição (n = 379) e 23,7 por 1.000 horas de exposição quanto ao tipo de lesão (n= 309). Os ombros (20,1%), a coluna lombar (17,9%) e os joelhos (9,5%) foram os locais mais acometidos e as lesões musculares (45,0%), dores articulares (24,6%) e tendinopatias (12,9%) os tipos mais frequentes. A média de exposição ao CrossFit® foi de 3,9 vezes por semana e a maioria dos participantes treinou com carga do tipo Scaled (51,5%), seguido pelo grupo que variou cargas (27,1%) e que treinou com carga Rx (21,3%). A severidade média das lesões segundo a escala numérica de dor foi 5 (de 4,7 a 5,3); quanto ao tempo de afastamento, em dias, foi 2,7 (de 2,3 a 3,1). Foram identificados como fatores associados à lesão treinar variando cargas 4,67 (de 2,47 a 8,83; IC95%) e a ocorrência prévia de lesão 2,76 (de 1,35 a 5,66; IC 95%). A experiência, em anos de prática de CrossFit® (> 1 ano) foi um fator de proteção 0,70 (de 0,52 a 0,95; IC95%). As demais variáveis investigadas não apresentaram associação significativa com as lesões. Conclusão: a densidade de incidência de lesão no presente estudo foi cerca de dez vezes superior à atualmente associada ao CrossFit®, 29,1 por 1.000 horas de exposição (local da lesão) e 23,7 por 1.000 horas de exposição (tipo da lesão). As variáveis ocorrência prévia de lesões e variação das cargas de treino (Rx ou Scaled) foram fatores de risco associados à lesão. O tempo de prática (> 1 ano) foi considerado fator de proteção.