Relação entre severidade do zumbido e fatores emocionais
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Data
2022-11-18
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
O zumbido é um dos sintomas otoneurológicos mais comuns, sendo definido como uma sensação de som sem fonte sonora externa geradora. Em muitos adultos com queixa de zumbido são relatadas mudanças consequentes na qualidade de vida e modificações substanciais de comportamento, incluindo ansiedade, irritabilidade, depressão e estresse. Conhecer consequências, causas e fatores modificáveis associados ao zumbido é essencial para auxiliar no desenvolvimento de novas estratégias de prevenção e de intervenção do sintoma. OBJETIVO: verificar a associação entre a severidade do zumbido e a presença de sintomas de ansiedade e depressão. MÉTODO: Estudo observacional, de corte transversal, descritivo e analítico, desenvolvido no Ambulatório de Audiologia da Disciplina de Distúrbios de Audição do curso de Fonoaudiologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Foram convidados a participar indivíduos acima de 18 anos, que comparecerem ao ambulatório para avaliação audiológica. Foram incluídos no estudo indivíduos, independente do sexo, que: aceitaram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido; tinham idade igual ou superior a 18 anos; referiam zumbido, uni ou bilateral, intermitente ou constante, há pelo menos três meses; tinham compreensão, acuidade visual, auditiva e cognição suficiente para responder aos instrumentos a serem utilizados neste estudo. Foram extraídos dados sobre saúde e audição da anamnese realizada no ambulatório na data do exame, bem como da avaliação audiológica (tipo e grau de perda auditiva). Para avaliar a severidade do zumbido foi utilizado o Questionário de Handicap do Zumbido (THI- Tinnitus Handicap Inventory). Para caracterização do zumbido, foi realizada a acufenometria (sensação de intensidade e frequência). A Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (Hospitalar Anxiety and Depression Scale - HADS) foi utilizada para rastreio de fatores emocionais. Os dados foram tratados por meio de análise descritiva e inferencial. RESULTADOS: Participaram 27 voluntários, sendo 21 (77,78%) do gênero feminino e 6 (22,22%) do masculino, sendo 7 (25,93) de 18 e 30 anos e 7 (25,93%) com idade igual ou superior a 61 anos. Dos 27 participantes, 17 (62,96%) apresentaram limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade na orelha direita e 19 (70,37%) na esquerda. A maioria apresentou zumbido de grau leve (48,15%), pitch agudo (65%) e com loudness acima de 21dB NS (55%). A prevalência de sintomas de ansiedade foi de 85,18% e depressão 70,37%, sendo o grau de ansiedade moderado em 52,17% da amostra e o da depressão leve em 73,68%. Houve correlação estatisticamente significante e positiva entre sintomas de depressão e a subescala Funcional do THI e entre a perda auditiva na orelha esquerda e a pontuação da subescala Emocional do THI. Conclusão: Não foi observada associação entre o grau de severidade do zumbido e a presença de sintomas de ansiedade e depressão. A maioria dos participantes apresentaram audiometria normal, zumbido de pitch agudo e loudness superior a 20dNS, de grau leve, sintomas de ansiedade de grau moderado e de depressão de grau leve. Quanto piores os sintomas de depressão maior o impacto funcional do zumbido, ou seja, o prejuízo nas funções mental, social, ocupacional e física. Quanto maior a perda auditiva maior o impacto emocional relacionado ao zumbido.