Sujeito-cachimbo: a produção da subjetividade anormal em um território em confinamento
Data
2020-06-03
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
The objective of this dissertation is to understand how power relations are arranged in the territory known as Cracolândia, as a current political catalyst. Considering this, it is assumed that this area has been conceived - by various political forces - as a field of experimentation, a production laboratory for successive regimes that simultaneously combines testing, implementation and propagation of sophisticated control strategies upon the social fabric. Thus, I adopt the concept of the subject-pipe as a tool to analyze the forces that are willing to produce a state of abnormality. The pipe is the immediate connector to the social meanings attributed to crack. It simultaneously conveys its user as an individual who has lost their reason, an abject failure who acts impulsively and violently to satisfy their immediate interest in using the substance. What we intend to investigate is the idea that this concept serves very specific political functions, implicated in subjection strategies related to the production of abnormal figures, pathologized and conceived as enemies that, in the end, can be eliminated. The operability of this mechanism occurs, first, by the dissemination of psychiatric power in its function of distinguishing individuals between normal and abnormal or between those who must live or die as a consequence of contemporary biopolitics. As the enemy (pipe-subject) is personified and pathologically conceived, the fight is given by the increasing militarization and mechanisms of securitization of life that perpetuate the logic of war in regions considered vulnerable, building themselves as true open-air jails, which legitimizes the state of exception.
O objetivo desta dissertação é compreender como se configuram as relações de poder, no território conhecido como Cracolândia, como um catalisador político da atualidade. Com isso, pressupõe-se que este território tem sido concebido - por diversas forças políticas - como um campo de experimentação, um laboratório de produção de regimes de subjetividades que, simultaneamente, combina a testagem, implementação e proliferação de sofisticadas estratégias de controle pelo tecido social. Desse modo, utilizo-me do conceito de sujeito-cachimbo como ferramenta para analisar as forças que estão dispostas para a produção de uma subjetividade da anormalidade. O cachimbo é o conector imediato dos sentidos atribuídos ao crack socialmente. Ao mesmo tempo, o cachimbo veicula àquele que consome o crack como um indivíduo que perdeu a razão, uma figura abjeta que age impulsiva e violentamente para satisfazer o seu interesse imediato de usar a substância. O que se pretende investigar é que esta concepção atende a funções políticas muito específicas, implicadas em estratégias de assujeitamento relacionadas a produção de figuras anormais, patologizadas e concebidas como inimigos que, no limite, podem ser eliminados. A operacionalidade deste mecanismo ocorre, em primeiro lugar, pela disseminação do poder psiquiátrico em sua função de distinguir os indivíduos entre normais e anormais ou entre aqueles que devem viver ou morrer como consequência da biopolítica contemporânea. Com o inimigo (sujeito-cachimbo) personificado e patologicamente concebido, o combate se dá pela crescente militarização e mecanismos de securitização da vida que perpetua a lógica da guerra em regiões consideradas vulneráveis, construindo-se como verdadeiros cárceres a céu aberto, que legitima o estado de exceção.
O objetivo desta dissertação é compreender como se configuram as relações de poder, no território conhecido como Cracolândia, como um catalisador político da atualidade. Com isso, pressupõe-se que este território tem sido concebido - por diversas forças políticas - como um campo de experimentação, um laboratório de produção de regimes de subjetividades que, simultaneamente, combina a testagem, implementação e proliferação de sofisticadas estratégias de controle pelo tecido social. Desse modo, utilizo-me do conceito de sujeito-cachimbo como ferramenta para analisar as forças que estão dispostas para a produção de uma subjetividade da anormalidade. O cachimbo é o conector imediato dos sentidos atribuídos ao crack socialmente. Ao mesmo tempo, o cachimbo veicula àquele que consome o crack como um indivíduo que perdeu a razão, uma figura abjeta que age impulsiva e violentamente para satisfazer o seu interesse imediato de usar a substância. O que se pretende investigar é que esta concepção atende a funções políticas muito específicas, implicadas em estratégias de assujeitamento relacionadas a produção de figuras anormais, patologizadas e concebidas como inimigos que, no limite, podem ser eliminados. A operacionalidade deste mecanismo ocorre, em primeiro lugar, pela disseminação do poder psiquiátrico em sua função de distinguir os indivíduos entre normais e anormais ou entre aqueles que devem viver ou morrer como consequência da biopolítica contemporânea. Com o inimigo (sujeito-cachimbo) personificado e patologicamente concebido, o combate se dá pela crescente militarização e mecanismos de securitização da vida que perpetua a lógica da guerra em regiões consideradas vulneráveis, construindo-se como verdadeiros cárceres a céu aberto, que legitima o estado de exceção.