A influência do uso de drogas e do bullying no desenvolvimento de comportamentos de transtornos alimentares entre estudantes brasileiros
Data
2022-06-27
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objetivo: Investigar os fatores associados e possíveis preditores dos comportamentos de transtornos alimentares em adolescentes brasileiros. Métodos: Este trabalho utilizou a amostra de um ensaio controlado randomizado, que ocorreu em 2019, cujo objetivo principal foi avaliar a efetividade de um programa de prevenção ao uso de drogas entre alunos de 8º ano do ensino fundamental II de escolas públicas de três cidades brasileiras. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados, no estudo de avaliação de resultados foi planejado a partir de instrumentos previamente utilizados em estudos de avaliação do efeito de programas de prevenção ao uso de drogas tanto no Brasil como no exterior. O questionário, autoaplicável, possui módulos sobre dados sociodemográficos, uso de drogas, questões que abordam sofrer ou praticar bullying, além de avaliar também a satisfação com a imagem corporal e comportamentos de transtornos alimentares. Utilizou-se análise fatorial, regressão linear multivariada e regressão logística multinomial. Resultados: Altos níveis de vitimização por bullying, consumo excessivo de álcool e uso de substâncias para perda de peso sem prescrição médica foram associados a níveis mais altos de comportamentos de transtorno alimentar em ambos os sexos. No entanto, apenas entre as meninas, a maior idade (β = 0,10; IC 95% = 0,02; 0,17) e o uso de drogas ilícitas (β = 0,21; IC 95% = 0,094; 0,34) foram associados ao aumento de comportamentos de transtorno alimentar. Ser do sexo feminino (OR1,41, IC 95% 1,22–1,63) também é um fator de risco para insatisfação por excesso de peso. Além disso, ser vítima de bullying (β 0,40, IC 95% 0,35–0,46) é um preditor para mais comportamentos de transtorno alimentar, independente da exposição ao programa. Conclusão: Traços psicológicos comuns à obesidade, aos transtornos alimentares, ao uso de drogas e ao bullying podem contribuir para a coocorrência entre esses comportamentos de risco na adolescência e, por esta razão, esses comportamentos podem representar alvos de intervenção. Portanto, intervenções educativas e políticas públicas de saúde que promovam um desenvolvimento saudável, direcionadas à prevenção da vitimização por bullying podem diminuir a frequência dos comportamentos de transtorno alimentar e, por consequência, podem reduzir o uso de álcool e outras drogas.