O processo inferencial nos quadrinhos: um estudo dos diferentes tipos de hiato em narrativas gráficas
Data
2019-11-04
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Gap that separates the frames of a comic book story, the hiatus — according to the terminology adopted by Eco (2015 [1964]), Fresnault-Deruelle (1972) and Ramos (2016) — is an important structural element. More than a blank space to where the readers’ eyes run, however, the feature is considered by Tornes (2013) as a transport platform, a bridge that creates relations between the moments of a seemingly frozen narrative. This process of uniting the fragments of a story, carried out in the reader's mind, is called by authors like Ramos (2016) inference. The concept, coming from Textual Linguistics, is defined by Marcuschi (2011) as the cohesive hypotheses used to process a text, that is, the rules and strategies embedded in the comprehension process. Starting from theorizations on the subject conducted by names such as Dell'Isola (2001), Marcuschi (2008; 2011) and Koch (2015), and relating them to the studies of comic book researchers such as Eco (2015 [1964]), McCloud (2005), Tornes (2013), Groensteen (2015) and Ramos (2016), this research aims to demonstrate how the inferential process in comics’ gaps occurs and propose a systematization — based in the axes of time and space — that encompasses some of the main types of possible inferences in comic books’ hiatus. Although these gaps have already been explored and described by a number of scholars in the field, we understand that current approaches on the subject do not exhaust it, since they merely observe that transitions in comics predict spatial, temporal and space-temporal changes. As our intention is to cover as many categories as possible, this study does not have a closed corpus: instead of analyzing a single work, we will use examples of diverse comics, both national and foreign. From the analysis of the chosen examples, we can observe the existence of nine different categories of gaps, divided into two subgroups: the essential gaps — needed in order to achieve narrative progression — ant the accessories, that bring additional information. In addition to proving our hypothesis that a systematization is possible, we can note the diversity of narrative possibilities in the gaps between the frames of comic book stories.
Lacuna que separa os quadros de uma história em quadrinhos (HQ), o hiato — segundo a terminologia adotada por Eco (2015 [1964]), Fresnault-Deruelle (1972) e Ramos (2016) — é um importante elemento estrutural dessa forma de linguagem. Mais do que um espaço vazio para onde correm os olhos do leitor, o recurso é considerado por Tornes (2013) como uma plataforma de transporte, ponte que conecta os momentos de uma narrativa aparentemente congelada. Esse processo de junção dos fragmentos de uma história, realizado na mente do leitor, é chamado por autores como Ramos (2016) de inferência. O conceito, vindo da Linguística Textual, é definido por Marcuschi (2011) como as hipóteses coesivas usadas para processar o texto, as regras e as estratégias embutidas no processo de compreensão. Partindo das teorizações sobre o assunto conduzidas por autores como Dell’Isola (2001), Marcuschi (2008; 2011) e Koch (2015), e relacionando-as aos estudos de pesquisadores dos quadrinhos como Eco (2015 [1964]), McCloud (2005), Tornes (2013), Groensteen (2015) e Ramos (2016), esta pesquisa tem como objetivo demonstrar como se dá o processo inferencial nos hiatos dos quadrinhos e propor uma sistematização — baseada nos eixos tempo e espaço — que englobe alguns dos principais tipos de inferências possíveis nos hiatos das HQs. Apesar de essas lacunas já terem tido seu funcionamento explorado e descrito por uma série de estudiosos da área, entendemos que as abordagens atuais sobre o tema não esgotam o assunto, já que se limitam a observar que as transições nos hiatos preveem mudanças espaciais, temporais e espaço-temporais. Como nossa intenção é abarcar a maior quantidade de categorias possível, este estudo não tem um corpus fechado: ao invés de analisarmos uma única obra, utilizamos exemplos de histórias em quadrinhos diversas, tanto nacionais quanto estrangeiras. A partir da análise dos exemplos escolhidos, podemos observar a existência de nove diferentes categorias de hiatos, divididas em dois subgrupos: os hiatos essenciais, necessários para a progressão narrativa, e os acessórios, que agregam informações adicionais. Além de comprovar nossa hipótese de que é possível uma sistematização, pode-se constatar e observar a diversidade de possibilidades narrativas possíveis entre os quadros das histórias em quadrinhos.
Lacuna que separa os quadros de uma história em quadrinhos (HQ), o hiato — segundo a terminologia adotada por Eco (2015 [1964]), Fresnault-Deruelle (1972) e Ramos (2016) — é um importante elemento estrutural dessa forma de linguagem. Mais do que um espaço vazio para onde correm os olhos do leitor, o recurso é considerado por Tornes (2013) como uma plataforma de transporte, ponte que conecta os momentos de uma narrativa aparentemente congelada. Esse processo de junção dos fragmentos de uma história, realizado na mente do leitor, é chamado por autores como Ramos (2016) de inferência. O conceito, vindo da Linguística Textual, é definido por Marcuschi (2011) como as hipóteses coesivas usadas para processar o texto, as regras e as estratégias embutidas no processo de compreensão. Partindo das teorizações sobre o assunto conduzidas por autores como Dell’Isola (2001), Marcuschi (2008; 2011) e Koch (2015), e relacionando-as aos estudos de pesquisadores dos quadrinhos como Eco (2015 [1964]), McCloud (2005), Tornes (2013), Groensteen (2015) e Ramos (2016), esta pesquisa tem como objetivo demonstrar como se dá o processo inferencial nos hiatos dos quadrinhos e propor uma sistematização — baseada nos eixos tempo e espaço — que englobe alguns dos principais tipos de inferências possíveis nos hiatos das HQs. Apesar de essas lacunas já terem tido seu funcionamento explorado e descrito por uma série de estudiosos da área, entendemos que as abordagens atuais sobre o tema não esgotam o assunto, já que se limitam a observar que as transições nos hiatos preveem mudanças espaciais, temporais e espaço-temporais. Como nossa intenção é abarcar a maior quantidade de categorias possível, este estudo não tem um corpus fechado: ao invés de analisarmos uma única obra, utilizamos exemplos de histórias em quadrinhos diversas, tanto nacionais quanto estrangeiras. A partir da análise dos exemplos escolhidos, podemos observar a existência de nove diferentes categorias de hiatos, divididas em dois subgrupos: os hiatos essenciais, necessários para a progressão narrativa, e os acessórios, que agregam informações adicionais. Além de comprovar nossa hipótese de que é possível uma sistematização, pode-se constatar e observar a diversidade de possibilidades narrativas possíveis entre os quadros das histórias em quadrinhos.