Interação do ácido úrico e da massa corporal como moderadores da pressão arterial em crianças e adolescentes após transplante renal
Data
2021
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
The association between elevated serum uric acid concentration and hypertension in adults in children and adolescents is controversial in the literature. Hyperuricemia has already been identified as a risk factor for chronic kidney disease (CKD). It is often found in these patients and is considered an important cardiovascular risk factor. Currently there is a discussion if hyperuricemia acts as a marker or as an independent risk factor for CKD. In a previous study, we evaluated post-pubertal, obese and eutrophic adolescents without chronic kidney disease and the results showed that a high serum uric acid concentration was associated with higher values of systolic blood pressure in obese children. These data led us to formulate the hypothesis that uric acid concentration may modulate the effect of increased body mass on blood pressure in pediatric patients. However, our previous study was cross-sectional and therefore did not allow us to correctly assess this hypothesis. Kidney transplantation seemed an interesting condition to test our hypothesis due to the frequency of rapid gain in body mass that characterizes the first months of follow-up of children undergoing this treatment. Objectives: To test whether the serum concentration of uric acid increases the hypertensive effect of body mass gain in pediatric kidney transplant recipients, as well as to verify the impact of post-transplant changes in uric acid levels on the estimated glomerular filtration rate. Patients and methods: An observational and longitudinal study of children and adolescents who received kidney transplants was performed, with analysis of clinical, anthropometric and laboratory data at the following times: pre-transplant and 1, 3, and 6 months after kidney transplantation. The sample consisted of children and adolescents treated and transplanted at Hospital do Rim, from March 2017 to May 2019. During the study period data was collected on the following parameters: weight, height, blood pressure, drug prescriptions, serum uric acid and creatinine levels. We developed repeated measures models to test the study hypotheses, using the “generalized estimating equations” (GEE) method for the outcomes of hypertension and the evolution of eGFR. Results: 103 transplant patients were included and regarding the occurrence of hypertension, the significant associations at the end of the analysis were kidney and urinary tract malformation as the etiology of chronic kidney disese (Odds Ratio: 0.45, 95% CI: 0.24-0.84, p = 0.01) and age (Odds Ratio: 0.84, 95% CI: 0.77 - 0.92 p = 0.00). In the analysis of the glomerular filtration rate, we observed an inverse relationship with uric acid (β= -11.14, IC95%: -1.79- -5.50), p<0.01). Conclusion: Although we observed a high prevalence of hypertension, elevated weigh gain and high uric acid, we found no association between the three variables. Nevertheless, the metabolic situation of children after kidney transplantation deserves attention, as the period is characterized by significant gain in body mass, high frequency of hyperuricemia and hypertension.
A associação entre a concentração sérica elevada de ácido úrico e o aumento da pressão arterial em adultos e em crianças e adolescentes é assunto controverso na literatura. A hiperuricemia já foi apontada como fator de risco para doença renal crônica, é frequentemente encontrada nestes pacientes e é considerada relevante fator de risco cardiovascular. Atualmente também é discutido se a hiperuricemia atua como marcador ou como fator de risco independente para doença renal crônica. Em estudo prévio avaliamos adolescentes pós púberes, obesos e eutróficos, sem doença renal crônica e os resultados mostraram que concentração sérica elevada de ácido úrico se associou a maiores valores de pressão arterial sistólica nos obesos. Esses dados nos fizeram formular a hipótese que a concentração sérica de AU pode modular o efeito do aumento da massa corporal na pressão arterial em pacientes pediátricos. O transplante renal nos pareceu uma condição interessante para estudar tal hipótese pela frequência do elevado ganho de massa corporal em curto espaço de tempo, que caracteriza os primeiros meses de seguimento das crianças submetidas a esse tratamento. Objetivos: Testar se a concentração sérica de ácido úrico incrementa efeito hipertensor do ganho de massa corporal em receptores pediátricos de transplante renal e também verificar o possível impacto da concentração sérica do ácido úrico elevada na taxa de filtração glomerular estimada após o transplante. Pacientes e métodos: Foi realizado estudo observacional e longitudinal de crianças e adolescentes receptores de transplante renal, com análise de dados clínicos, antropométricos e laboratoriais nos tempos: pré transplante e 1, 3 e 6 meses pós-transplante renal. A amostra foi composta por crianças e adolescentes atendidos e transplantados no Hospital do Rim/UNIFESP, no período de março de 2017 a maio de 2019. Foram colhidas as seguintes informações nos tempos de estudo: peso, altura, pressão arterial e prescrições medicamentosas, concentração de ácido úrico sérico e creatinina. Para testar as hipóteses do estudo, desenvolvemos modelo de análise de medidas repetidas, usando a técnica “generalized etimating equations” (GEE) para os desfechos hipertensão e evolução da TFGe. Resultados: Foram incluídos 103 pacientes e associações significantes com hipertensão no final da análise foram malformação dos rins e trato urinário como etiologia da doença renal (Odds Ratio: 0,45, IC95%: 0,24-0,84, p=0,01) e idade (Odds Ratio: 0,84, IC95%: 0,77- 0,92 p=0,00). Na análise da taxa de filtração glomerular, observamos relação inversa com o ácido úrico (β= -11,14, IC95%: -16,79- -5,50), p<0,01). Conclusão: Apesar de termos encontrado alta prevalência de hipertensão, significativo ganho de massa corporal e ácido úrico elevado, não observamos associação entre as três variáveis. De qualquer forma, diagnosticamos que a situação metabólica de crianças após o transplante renal merece atenção, pois o período caracteriza-se por ganho significante de massa corporal, elevada frequência de hiperuricemia e hipertensão.
A associação entre a concentração sérica elevada de ácido úrico e o aumento da pressão arterial em adultos e em crianças e adolescentes é assunto controverso na literatura. A hiperuricemia já foi apontada como fator de risco para doença renal crônica, é frequentemente encontrada nestes pacientes e é considerada relevante fator de risco cardiovascular. Atualmente também é discutido se a hiperuricemia atua como marcador ou como fator de risco independente para doença renal crônica. Em estudo prévio avaliamos adolescentes pós púberes, obesos e eutróficos, sem doença renal crônica e os resultados mostraram que concentração sérica elevada de ácido úrico se associou a maiores valores de pressão arterial sistólica nos obesos. Esses dados nos fizeram formular a hipótese que a concentração sérica de AU pode modular o efeito do aumento da massa corporal na pressão arterial em pacientes pediátricos. O transplante renal nos pareceu uma condição interessante para estudar tal hipótese pela frequência do elevado ganho de massa corporal em curto espaço de tempo, que caracteriza os primeiros meses de seguimento das crianças submetidas a esse tratamento. Objetivos: Testar se a concentração sérica de ácido úrico incrementa efeito hipertensor do ganho de massa corporal em receptores pediátricos de transplante renal e também verificar o possível impacto da concentração sérica do ácido úrico elevada na taxa de filtração glomerular estimada após o transplante. Pacientes e métodos: Foi realizado estudo observacional e longitudinal de crianças e adolescentes receptores de transplante renal, com análise de dados clínicos, antropométricos e laboratoriais nos tempos: pré transplante e 1, 3 e 6 meses pós-transplante renal. A amostra foi composta por crianças e adolescentes atendidos e transplantados no Hospital do Rim/UNIFESP, no período de março de 2017 a maio de 2019. Foram colhidas as seguintes informações nos tempos de estudo: peso, altura, pressão arterial e prescrições medicamentosas, concentração de ácido úrico sérico e creatinina. Para testar as hipóteses do estudo, desenvolvemos modelo de análise de medidas repetidas, usando a técnica “generalized etimating equations” (GEE) para os desfechos hipertensão e evolução da TFGe. Resultados: Foram incluídos 103 pacientes e associações significantes com hipertensão no final da análise foram malformação dos rins e trato urinário como etiologia da doença renal (Odds Ratio: 0,45, IC95%: 0,24-0,84, p=0,01) e idade (Odds Ratio: 0,84, IC95%: 0,77- 0,92 p=0,00). Na análise da taxa de filtração glomerular, observamos relação inversa com o ácido úrico (β= -11,14, IC95%: -16,79- -5,50), p<0,01). Conclusão: Apesar de termos encontrado alta prevalência de hipertensão, significativo ganho de massa corporal e ácido úrico elevado, não observamos associação entre as três variáveis. De qualquer forma, diagnosticamos que a situação metabólica de crianças após o transplante renal merece atenção, pois o período caracteriza-se por ganho significante de massa corporal, elevada frequência de hiperuricemia e hipertensão.