Investigação dos fatores contextuais da participação comunicativa do paciente com disartria
Data
2024-10-01
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
INTRODUÇÃO: A disartria é um termo utilizado para descrever as alterações de fala decorrentes de distúrbios no controle motor, causados por danos no sistema nervoso central e/ou periférico (Darley et al., 1969). Trata-se de um grupo de transtornos que se referem ao comprometimento nos planos da programação e da execução (Stipinovich & Van Der Merwe, 2007) e que envolve as bases motoras da produção da fala (Brady et al., 2011). Pessoas com distúrbios de comunicação correm o risco de ter uma participação comunicativa restrita. Mesmo um problema de comunicação leve pode ter consequências graves para o estilo de vida, atividades de lazer, para as relações sociais e empregatícias (Walshe & Miller, 2011). A adoção de uma abordagem de intervenção focada na participação, no entanto, exige que os fonoaudiólogos estejam equipados com as ferramentas de avaliação e intervenção necessárias para este fim (Baylor et al., 2014). Estudos sobre a participação comunicativa e o impacto na vida social da pessoa com disartria são escassos no Brasil. Apesar de haver estudos em outros países, sabe-se que a existência de um distúrbio de fala dentro da realidade social brasileira pode causar impactos distintos na comunicação. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi mapear os contextos comunicativos considerados mais difíceis nas situações cotidianas para pessoas com disartria, buscando hierarquizar os fatores contextuais que servem como facilitadores ou barreiras para a participação comunicativa destes indivíduos. MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional, descritivo, prospectivo, realizado no Ambulatório de Distúrbios Neurológicos Adquiridos do Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, que recebeu aprovação do CEP sob parecer número 211/23. Trinta pacientes com diagnóstico clínico de disartria responderam a um questionário de comunicação participativa da Bateria de Avaliação Integrada BAIF-BO (Barreto & Ortiz, no prelo), classificando a eficácia comunicativa em 10 contextos de comunicação e o paciente devia graduar as dificuldades de comunicação em cada um dos contextos previstos (de 0 a 3, sendo 0 = não é nada eficaz, 1 = pouco eficaz, 2 = eficaz e 3 = bastante eficaz). Os dados foram analisados com modelos lineares mistos, complementados por análises post hoc com correção de Bonferroni. RESULTADOS: As situações comunicativas que ocorrem em ambientes ruidosos e situações de estresse foram referidas como as mais problemáticas, com médias significativamente inferiores em eficácia comunicativa (M = 0,73; DP = 0,92; p < 0,001). Por outro lado, conversas com amigos e familiares em ambientes calmos, foram, de modo estatisticamente significante, referidas como mais eficazes (M = 2,23; DP = 0,81). A análise estatística evidenciou variabilidade significativa entre os participantes (pontuações totais variando de 0 a 30; M = 11,6; DP = 6,53), indicando a influência de fatores individuais e contextuais nos resultados obtidos. A análise revelou uma ampla variabilidade entre os pacientes, o que sugere a importância de estratégias individualizadas para lidar com os diferentes graus de comprometimento comunicativo que as pessoas com disartria podem enfrentar em situações cotidianas. CONCLUSÃO: Os resultados mostram que ambientes ruidosos, situações de estresse e interações com múltiplos interlocutores são os contextos mais desafiadores para pacientes com disartria, enquanto interações familiares e situações tranquilas favorecem a comunicação. Esses achados destacam a relevância de compreender os fatores contextuais que modulam a participação comunicativa de pessoas com disartria.
Dysarthria refers to speech alterations resulting from disturbances in the control of speech mechanisms caused by damage to the central and/or peripheral nervous system. This disorder impacts motor planning and execution involved in speech production. Individuals with communication disorders can experience restricted communicative participation, which can negatively affect their lifestyle, leisure activities, social relationships, and employment opportunities. A participation-focused intervention approach requires speech-language pathologists to be equipped with appropriate assessment and intervention tools. However, studies on communicative participation and its impact on the social life of dysarthric patients are scarce in Brazil. Although research exists in other countries, the unique social context in Brazil may lead to different communication outcomes. The study aims to identify and prioritize the most challenging communicative contexts in daily situations for dysarthric patients, highlighting contextual factors that either facilitate or hinder communicative participation. This observational, descriptive, and prospective study were conducted at the Outpatient Clinic for Acquired Neurological Disorders at the Department of Speech-Language Pathology of the Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), under ethics approval number 211/23. Thirty patients with a clinical diagnosis of dysarthria completed the participative communication questionnaire from the Integrated Assessment Battery (BAIF-BO). The questionnaire assesses communication difficulties across ten contexts, with ratings ranging from 0 (not effective) to 3 (very effective), and allows patients to describe additional challenging contexts. Communicative situations in noisy environments and stressful situations were the most problematic, with significantly lower mean communicative effectiveness scores (M = 0.73; SD = 0.92; p < 0.001). In contrast, conversations with friends and family in calm settings showed higher levels of effectiveness (M = 2.23; SD = 0.81). Statistical analysis revealed significant variability among participants (total scores ranging from 0 to 30; M = 11.6; SD = 6.53), indicating the influence of individual and contextual factors. The analysis highlighted a broad variability among patients, emphasizing the importance of individualized strategies to address varying degrees of communicative impairment. The results show that noisy environments, stressful situations, and interactions with multiple interlocutors are the most challenging contexts for patients with dysarthria, while family interactions and calm settings promote better communication. These findings underline the importance of understanding the contextual factors that modulate the communicative participation of this population.
Dysarthria refers to speech alterations resulting from disturbances in the control of speech mechanisms caused by damage to the central and/or peripheral nervous system. This disorder impacts motor planning and execution involved in speech production. Individuals with communication disorders can experience restricted communicative participation, which can negatively affect their lifestyle, leisure activities, social relationships, and employment opportunities. A participation-focused intervention approach requires speech-language pathologists to be equipped with appropriate assessment and intervention tools. However, studies on communicative participation and its impact on the social life of dysarthric patients are scarce in Brazil. Although research exists in other countries, the unique social context in Brazil may lead to different communication outcomes. The study aims to identify and prioritize the most challenging communicative contexts in daily situations for dysarthric patients, highlighting contextual factors that either facilitate or hinder communicative participation. This observational, descriptive, and prospective study were conducted at the Outpatient Clinic for Acquired Neurological Disorders at the Department of Speech-Language Pathology of the Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), under ethics approval number 211/23. Thirty patients with a clinical diagnosis of dysarthria completed the participative communication questionnaire from the Integrated Assessment Battery (BAIF-BO). The questionnaire assesses communication difficulties across ten contexts, with ratings ranging from 0 (not effective) to 3 (very effective), and allows patients to describe additional challenging contexts. Communicative situations in noisy environments and stressful situations were the most problematic, with significantly lower mean communicative effectiveness scores (M = 0.73; SD = 0.92; p < 0.001). In contrast, conversations with friends and family in calm settings showed higher levels of effectiveness (M = 2.23; SD = 0.81). Statistical analysis revealed significant variability among participants (total scores ranging from 0 to 30; M = 11.6; SD = 6.53), indicating the influence of individual and contextual factors. The analysis highlighted a broad variability among patients, emphasizing the importance of individualized strategies to address varying degrees of communicative impairment. The results show that noisy environments, stressful situations, and interactions with multiple interlocutors are the most challenging contexts for patients with dysarthria, while family interactions and calm settings promote better communication. These findings underline the importance of understanding the contextual factors that modulate the communicative participation of this population.
Descrição
Citação
FERREIRA, Fernanda Cordero de Carvalho. Investigação dos fatores contextuais da participação comunicativa do paciente com disartria. 2024. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fonoaudiologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2024.