Desfechos clínicos de longo prazo de crianças e adolescentes submetidos à intervenção percutânea da artéria do rim transplantado

Data
2023-06-07
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introdução: A estenose da artéria do rim transplantado (EART) é uma das principais complicações do transplante renal, prejudica a função do enxerto renal e pode requerer a correção da obstrução. Em crianças e adolescentes, ainda não é consenso o tratamento percutâneo. Objetivos: analisar os desfechos morte e perda do enxerto e os aspectos clínicos de longo prazo de uma coorte de crianças e adolescentes submetidos a transplante renal e ao tratamento percutâneo da estenose da artéria do rim transplantado. Métodos: Estudo retrospectivo, longitudinal e unicêntrico. Foram incluídos crianças e adolescentes com suspeita clínica de estenose da artéria do rim transplantado. Após angiografia da artéria do rim transplantado os pacientes com redução de mais de 50% da luz do vaso foram submetidos a angioplastia com ou sem implante de stent (grupo ATP). Os demais pacientes permaneceram em tratamento conservador (grupo controle). Foram analisados em ambos os grupos os desfechos primários isolados ou combinados de morte ou falência de enxerto e os secundários como parâmetros clínicos, incluindo pressão arterial e laboratoriais de função renal com um mês e um ano após a arteriografia. Os grupos foram comparados com testes estatísticos conforme a distribuição das variáveis e realizadas análise univariada e multivariadas para encontrar parâmetros relacionados com os desfechos; significante se p < 0,05. Resultados: entre janeiro de 2007 a dezembro de 2014, 36 pacientes com até 18 anos de idade e suspeita de EART realizaram angiografia renal; dois pacientes foram excluídos por estenose complexa nos quais não era possível a angioplastia. Destes, 20 eram do grupo ATP e 14 do grupo controle. O período médio de seguimento desta coorte foi de 91 meses (60-144), ou seja, 8,5 anos. Não houve diferença significativa da média da idade entre os grupos ATP e controle, respectivamente de 14,7 ± 3,29; 15,5 ± 1,96 anos (p= 0,23) e parâmetros 11 antropométricos; o grupo controle teve mais meninos 15 (93,7%) do que o grupo ATP 11 (55%); p=0,01. O tempo de diálise pré-transplante foi maior no grupo ATP (14,85 ± 6,25, meses) do que no grupo controle (9,93 ± 5,53, meses), p=0,01. A causa primária da doença renal, o tempo médio de transplante até o diagnóstico de EART, tipo de doador, tempo de preservação de órgão, tempo de isquemia fria e imunossupressão não foram significativamente diferentes entre os grupos. Antes do procedimento, a creatinina e a pressão arterial sistólica e a diastólica não eram significativamente diferentes entre os grupos. O tratamento percutâneo resultou em ampliação adequada da luz do vaso e não teve complicações agudas ou reestenose tardia. Na evolução, ocorreu um óbito (não cardiovascular) no grupo ATP e nenhum no grupo controle (p= 0,495) e perda do enxerto em 4 do grupo ATP e em 2 do grupo controle (p= 0,49), sem diferença estatística significativa. Entre os desfechos secundários, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos quanto a creatinina sérica e pressões arteriais com um mês ou um ano de seguimento. Na análise multivariada o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica, a localização da estenose no óstio e nos ramos da artéria renal do rim transplantado, necessidade de pré-dilatação e de stents calibrosos (seleção stepwise) foram as variáveis preditoras de desfecho combinado. Conclusão: Os desfechos primários isolados ou compostos foram semelhantes entre os grupos ATP e controle. O tratamento percutâneo não apresentou complicações e permitiu ao grupo ATP ter curso clínico (desfechos secundários) semelhante ao grupo controle.
Background: This study evaluated the long-term effects of percutaneous intervention in children and adolescents with transplant renal artery stenosis (TRAS). Methods: Twenty patients had significant stenosis (>50%) and underwent percutaneous transluminal angioplasty (PTA/stenting) (TRAS group); 14 patients did not have significant stenosis (≤50%) and were treated clinically [TRAS non-significant (TNS) group]. The combined primary endpoints were death from all causes and late graft failure. The secondary endpoints were serum creatinine (SCr), systolic blood pressure (SBP), and diastolic blood pressure (DBP). Results: No statistically significant difference was found between the TRAS (N = 20) and TNS groups (N = 14) for these clinical parameters: deaths, 1 (5.0%) vs. 0 (0.0%) (p = 1.000) and graft loss, 4 (20.0%) vs. 2 (14.3%) (p = 1.000). For the secondary endpoints, after 1 month and 1 year the values of SCr, SBP, and DBP were similar between the two groups but not statistically significant. Discussion: In the TRAS group, the stent implantation was beneficial for treating refractory hypertension and reducing blood pressure (BP) in children and adolescents. Despite the outcomes being similar in the two groups, it can be inferred that the patients in the TRAS group would have had a worse outcome without the percutaneous intervention. Conclusion: TRAS treatment with stenting can be considered for children and adolescents. Because the sample in the present study comprised of only a specific population, further studies are needed for generalization. The trial was registered at clinictrials.gov with trial registration number NCT04225338.
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