Mathesis Universalis: um estudo sobre a operacionalização de redes sociais por populistas de direita, com ênfase em Jair Bolsonaro
Data
2022-08-10
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
O presente trabalho se dedica a refletir sobre o conceito de populismo, suas variações
históricas e sua aplicação prática em casos recentes. No que foi identificado como um
movimento de retomada desse conceito como categoria analítica, depois de algumas décadas
escanteado, as variações enfatizadas foram: populismo de direita e populismo digital. Sendo
assim, para examinar a ideia, além da revisão da literatura brasileira e também de traços de
análises do Norte Global, empreendeu-se uma breve análise sobre a operacionalização das
redes sociais pelos chamados populistas de direita e como as linguagens próprias desse perfil
político ganham aderência e escala no ciberespaço. Além da revisão bibliográfica, buscou-se
indicadores da eleição presidencial de 2018 no Brasil, com a intenção de entender o
fenômeno sui generis que foi Jair Bolsonaro. Do ponto de vista conceitual, a revisão da
literatura aponta para o populismo como um conceito fundamentalmente histórico e que passa
por um período de “ressurreição analítica”, ou seja, o termo voltou a ser utilizado como chave
para explicar os fenômenos de novos líderes emergentes que tensionam os pilares
democráticos. A análise das eleições de 2018 resultou na percepção de perfis mais frequentes
de adesão ao discurso bolsonarista que se mostrou um voto policlassista, ainda que
proporcionalmente com maior predomínio no gênero masculino, com maior nível
educacional e maior idade. Em complemento à reflexão do caso brasileiro, as últimas seções
tratam também dos principais antídotos que vêm sendo adotados no combate às estratégias de
desinformação e das estatísticas relacionadas ao perfil eleitoral e aos indicadores de
campanha em redes sociais. No sentido dos traços mais comuns da variante brasileira de
populismo (em teor ou em escala) identificou-se: a eleição de um inimigo comum (nas
instituições, na imprensa ou na oposição política); a mobilização digital com exemplo na
aplicação de bots e com a operação do “gabinete do ódio”; o uso de técnicas de comunicação
que evocam traços emotivos, isto é, buscam estabelecer algum tipo de sensibilidade moral; e
por fim, mas não menos importante, a pluralidade de cenários distribuídos em território
nacional, seja por um debate posicionado na chave do acesso aos espaços digitais (inexistente
para uma camada representativa da população) e também como as redes e/ou a política
operam em cada perfil social. Informado desse conjunto de elementos, a pesquisa sugere
ainda uma agenda com tópicos de continuidade da pesquisa e potenciais lacunas a preencher.