Papel do hipocampo no comportamento de libertação de coespecífico, um modelo de comportamento pró social motivado por empatia em ratos
Data
2022-04-08
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introdução: Determinantes para o sucesso evolutivo de inúmeras espécies que
mantém uma estrutura social, os comportamentos pró-sociais podem ser definidos
como qualquer ação que resulte no benefício de outro indivíduo, como por exemplo
comportamentos de cooperação e consolo. Um dos possíveis motivadores para
sustentação desses comportamentos é a empatia, uma habilidade de compreender,
inferir e compartilhar o estado emocional de outro indivíduo. As bases biológicas
dessa habilidade e comportamentos ainda são pouco compreendidas, sendo a maior
parte dos resultados obtidos a partir de estudos com ressonância magnética funcional
em humanos. Em um desses trabalhos, foi visto que jovens que apresentavam
transtorno do espectro autista, uma condição em que o indivíduo possui prejuízo na
capacidade de socialização, apresentaram menor ativação bilateral da amígdala e
hipocampo (Klapwigk e cols,2016). Outros estudos mostraram que a degeneração do
hipocampo com o avançar da idade estaria relacionada com a dificuldade em
solucionar problemas sociais e a diminuição de habilidades empáticas (Davidson e
cols, 2012; Beadle e cols, 2013). Alguns modelos animais estão sendo propostos a
fim de compreender os mecanismos biológicos envolvidos na expressão de
comportamentos pró-sociais e empatia, sendo a maior parte concebida em roedores.
Recentemente, Bartal e colaboradores (2011) propuseram um protocolo para analisar
o comportamento de ajuda motivado possivelmente por empatia em ratos.
Adicionalmente, o trabalho realizado por Silva e colaboradores (2020) discute o papel
do aprendizado na facilitação do comportamento em questão. Objetivo: verificar a
expressão do comportamento prós-social de ajuda entre fêmeas, utilizando uma
adaptação do teste comportamental proposto originalmente por Bartal, e verificar a
participação do hipocampo na expressão do referido comportamento, por meio de um
modelo de lesão farmacológica. Métodos: Foram utilizadas ratas da linhagem Wistar
de 4 meses de idade, que passaram por dois processos experimentais: padronização
do teste comportamental e verificação dos efeitos da lesão farmacológica do
hipocampo. O teste é composto de dois paradigmas: o paradigma do rato preso, no
qual as ratas companheiras de gaiola-moradia são colocadas numa arena de campo
aberto contendo uma caixa restritora no centro com um coespecífico preso em seu
interior (que só pode ser aberta pelo lado de fora). Já no paradigma do rato de
vi
brinquedo, a rata livre é colocada na arena e um rato de brinquedo dentro da caixa
restritora. Foi analisada a taxa de abertura (porcentagem de animais que realiza a
abertura da caixa), a latência para abertura da caixa restritora (tempo discorrido do
início da sessão até o momento de abertura), exploração das zonas do aparato (tempo
de permanência do animal livre em cada zona do campo aberto) e taxa de interação
social entre o animal livre e animal preso após libertação. Resultados: Os resultados
evidenciaram uma maior taxa de abertura dos animais durante o paradigma do rato
preso, além de uma maior latência para os animais realizarem a abertura da caixa
restritora durante o paradigma do rato de brinquedo em comparação com o paradigma
do rato preso. Além disso, o segundo experimento mostrou que as ratas com lesão
bilateral do hipocampo apresentaram menor taxa de abertura quando comparadas ao
grupo controle, além de apresentarem maior tempo de latência para abertura da caixa
restritora nas duas últimas sessões de teste. Além disso, não foi observada nenhuma
diferença na taxa de interação social ao longo das sessões de teste em nenhum dos
experimentos, enfraquecendo a hipótese de que um possível desejo por contato social
fosse o principal motivador para os animais realizarem a abertura da caixa restritora.
Conclusões: Os resultados obtidos permitem concluir que as ratas expressaram o
comportamento pró-social de ajuda realizando a abertura da caixa a fim de libertar
sua coespecífica, podendo ser a presença de um coespecífico submetido à condição
potencialmente estressante em questão ser um facilitador do aprendizado da tarefa.
Adicionalmente, a expressão do comportamento de libertação de coespecífico é
comprometida em animais com lesão bilateral do hipocampo.
Descrição
Citação
MARINHO, Gabriela Ferreira. Papel do hipocampo no comportamento de libertação de coespecífico, um modelo de comportamento pró social motivado por empatia em ratos. São Paulo, 2022. 64 f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2022.