Efetividade de um protocolo restrito para reduzir as indicações de transfusões de plaquetas em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso
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Data
2010-11-24
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Background: Thrombocytopenia is frequent among preterm infants, but, in the absence of scientific evidence, platelet transfusions guidelines are currently based on expert opinions. Objective: To verify the effectiveness of a strict guideline to reduce platelet transfusions in very low birthweight preterm infants. Methods: Retrospective cohort of neonates with gestational age <37 weeks and birth weight <1500g born at Hospital São Paulo – Federal University of São Paulo. Infants were excluded if died within 24 hours of birth or no platelet count was performed during hospitalization. In Period 1 (Jan/02 to Apr/04) platelets transfusions were indicated in clinically stable neonates if platelets <50,000/mL and in bleeding or clinically unstable neonates if platelets count <100,000/mL. In Period 2 (May/04 to Dec/06) a strict guideline was developed and platelets transfusions were indicated for clinically stable preterm infants if the number of platelets was <25,000/mL; for neonates in mechanical ventilation with PWA >8cmH2O, on need of vasopressor drugs, before and within 5 days of any mayor surgery, before any invasive procedure, within 72 hours of a previous convulsive episode and in neonates with birth weight <1000g in the first week of life if platelets <50,000/mL; in bleeding neonates or before mayor surgeries if platelets <100,000/mL; Very low birth weight infants included in both periods were compared regarding demographic and clinical characteristics and need for platelets transfusions by t test, Mann-Whitney or c 2 test. Factors associated with platelets transfusions were compared by univariate and multiple logistic regression analysis, considering significant p<0.05. Results: During the studied period, 252 very low birth weight preterm infants were included, being 119 in Group 1 and 133 in Group 2. The two groups were similar regarding demographic and clinical characteristics, except by the frequency of sepsis and thrombocytopenia that were more frequent in Group 1. The frequency of periintraventricular hemorrhage, bleeding and intra-hospital death were similar between the two groups. Platelets transfusions were performed in 47 (30.5%) neonates of Group 1 and in 32 (24.1%) neonates of Group 2, p<0.001.The number of platelet transfusions per studied neonates was higher before the adoption of the strict guideline (Group 1: 2.4+5.1; Group 2: 1.6+4.3, p=0.021) and the number of platelet transfusions per infant transfused was similar in both periods (Group 1: 5.9+6.6, Group 2: 6.5+6.7, p=0.215). The mean number of platelets before transfusions was higher in Group 1 (35,234+30,000 vs. 26,999+14,184, p<0.001). The logistic regression analysis showed that the chance of receiving platelet transfusion was two times higher in neonates who were born before the implantation of the strict guideline, compared to those born after the adoption of this protocol. Conclusion: The strict guideline for platelet transfusions reduced the need for platelet transfusions without threatening the clinical course of very low birthweight preterm infants.
Introdução: A trombocitopenia é frequente em prematuros e as transfusões de plaquetas são, muitas vezes, indicadas com base na experiência clínica, e não em evidências científicas. Objetivos: Verificar se um protocolo restrito reduz as indicações de transfusões de plaquetas em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso. Métodos: Coorte retrospectiva de recém-nascidos com idade gestacional <37 semanas e peso ao nascer <1500g nascidos no Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo. Foram excluídos os prematuros que apresentaram óbito antes de 24 horas de vida ou não possuía nenhuma contagem de plaquetas durante a internação. Os recém-nascidos do Grupo 1, nascidos de jan/02 a abril/04, receberam transfusões de plaquetas se apresentavam: plaquetas <50.000/mL mesmo que clinicamente estáveis; plaquetas <100.000/mL na presença de sangramento ou clinicamente instáveis. Os prematuros do Grupo 2, nascidos de maio/04 a dez/06, depois da adoção de um protocolo restrito, foram transfundidos se plaquetas <25.000/mL mesmo se clinicamente estáveis; plaquetas < 50.000/mL se criança em ventilação mecânica com pressão média de vias aéreas >8cmH2O, em uso de drogas vasoativas, antes de cirurgias ou procedimentos invasivos, até 72h após episódio convulsivo, ou tinha menos de sete dias de vida e peso ao nascer <1000g; plaquetas < 100.000/mL na presença de sangramento ou cirurgia de grande porte. Os grupos foram comparados quanto às características demográficas e clínicas e necessidade de transfusão de plaquetas usandose teste t, Mann-Whitney ou c 2. Os fatores associados às transfusões de plaquetas foram analisados por regressão logística univariada e múltipla, considerando-se significante p<0,05. Resultados: Foram incluídos no estudo 252 prematuros de muito baixo peso, sendo 119 neonatos no Grupo 1 e 133 no Grupo 2. Os dois grupos eram semelhantes em relação às características demográficas e evolução clínica, com exceção de ocorrência de sepse e trombocitopenia que foram mais frequentes no Grupo 1. A frequência de hemorragia peri-intraventricular, episódios de sangramentos e óbitos intra-hospitalar foi semelhante nos dois grupos. As transfusões de plaquetas foram realizadas em 47 (39,5%) prematuros do Grupo 1 e em 32 (24,1%) do Grupo 2, p<0,001. O número de transfusões de plaquetas/paciente incluído foi maior antes da adoção do protocolo restrito (Grupo 1: 2,4+5,1, Grupo 2: 1,6+4,3, p=0,021) e o número de transfusões de plaquetas/neonato transfundido foi semelhante nos dois grupos (Grupo 1: 5,9+6,6, Grupo 2: 6,5+6,7, p=0,215). A média do número de plaquetas antes das transfusões foi maior no Grupo 1 (35.234+30.000 vs. 26.999+14.184, p<0,001). À análise de regressão logística múltipla, observou-se que nascer antes da adoção do protocolo restrito duplicou a chance de receber transfusões de plaquetas, comparado aos nascidos após a sua implantação. Conclusão: O uso do protocolo restrito reduziu as indicações de transfusões de plaquetas sem alterar a evolução clínica de prematuros de muito baixo peso.
Introdução: A trombocitopenia é frequente em prematuros e as transfusões de plaquetas são, muitas vezes, indicadas com base na experiência clínica, e não em evidências científicas. Objetivos: Verificar se um protocolo restrito reduz as indicações de transfusões de plaquetas em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso. Métodos: Coorte retrospectiva de recém-nascidos com idade gestacional <37 semanas e peso ao nascer <1500g nascidos no Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo. Foram excluídos os prematuros que apresentaram óbito antes de 24 horas de vida ou não possuía nenhuma contagem de plaquetas durante a internação. Os recém-nascidos do Grupo 1, nascidos de jan/02 a abril/04, receberam transfusões de plaquetas se apresentavam: plaquetas <50.000/mL mesmo que clinicamente estáveis; plaquetas <100.000/mL na presença de sangramento ou clinicamente instáveis. Os prematuros do Grupo 2, nascidos de maio/04 a dez/06, depois da adoção de um protocolo restrito, foram transfundidos se plaquetas <25.000/mL mesmo se clinicamente estáveis; plaquetas < 50.000/mL se criança em ventilação mecânica com pressão média de vias aéreas >8cmH2O, em uso de drogas vasoativas, antes de cirurgias ou procedimentos invasivos, até 72h após episódio convulsivo, ou tinha menos de sete dias de vida e peso ao nascer <1000g; plaquetas < 100.000/mL na presença de sangramento ou cirurgia de grande porte. Os grupos foram comparados quanto às características demográficas e clínicas e necessidade de transfusão de plaquetas usandose teste t, Mann-Whitney ou c 2. Os fatores associados às transfusões de plaquetas foram analisados por regressão logística univariada e múltipla, considerando-se significante p<0,05. Resultados: Foram incluídos no estudo 252 prematuros de muito baixo peso, sendo 119 neonatos no Grupo 1 e 133 no Grupo 2. Os dois grupos eram semelhantes em relação às características demográficas e evolução clínica, com exceção de ocorrência de sepse e trombocitopenia que foram mais frequentes no Grupo 1. A frequência de hemorragia peri-intraventricular, episódios de sangramentos e óbitos intra-hospitalar foi semelhante nos dois grupos. As transfusões de plaquetas foram realizadas em 47 (39,5%) prematuros do Grupo 1 e em 32 (24,1%) do Grupo 2, p<0,001. O número de transfusões de plaquetas/paciente incluído foi maior antes da adoção do protocolo restrito (Grupo 1: 2,4+5,1, Grupo 2: 1,6+4,3, p=0,021) e o número de transfusões de plaquetas/neonato transfundido foi semelhante nos dois grupos (Grupo 1: 5,9+6,6, Grupo 2: 6,5+6,7, p=0,215). A média do número de plaquetas antes das transfusões foi maior no Grupo 1 (35.234+30.000 vs. 26.999+14.184, p<0,001). À análise de regressão logística múltipla, observou-se que nascer antes da adoção do protocolo restrito duplicou a chance de receber transfusões de plaquetas, comparado aos nascidos após a sua implantação. Conclusão: O uso do protocolo restrito reduziu as indicações de transfusões de plaquetas sem alterar a evolução clínica de prematuros de muito baixo peso.
Descrição
Citação
BORGES, Juliana Policastro Grassano. Efetividade de um protocolo restrito para reduzir as indicações de transfusões de plaquetas em recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso. 2010. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2010.