Ilhas de floresta nas alturas: inferindo processos históricos associados às distribuições de aves montanas da Mata Atlântica
Data
2015-07-31
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
The mountains of the Brazilian Atlantic Forest have a high degree of endemism and its biogeographical history is poorly explored. One hypothesis for the diversification of montane organisms, related to the refuge theory, relies on the change of their altitudinal range in response to historical climate fluctuations. Under this hypothesis, montane species would expand their population to lower altitude areas during the glacial periods, whereas the isolation in high altitude areas during interglacial periods (as the present) could lead to differentiation and speciation. In this work we used Ecological Niche Modeling (ENM) to test this hypothesis. We selected 13 montane species from the Atlantic Forest as models: Asthenes moreirae, Carpornis cucullata, Drymophila genei, Dysithamnus xanthopterus, Hemitriccus obsoletus, Phylloscartes difficilis, Poospiza cabanisi, Poospiza lateralis, Poospiza thoracica, Stephanophorus diadematus, Stephanoxis lalandi, Stephanoxis loddigesii e Tijuca atra. For all species, the projections of ENMs for the Last Glacial Maximum (LGM; about 21,000 years ago) indicated broader distributions compared to the present, supporting the hypothesis of interglacial refuges for montane species. In addition, for the species/populations with alopatric distribution in distinct mountain ranges in southern and southeastern Brazil, the models indicated a potential connection during the LGM. However, the models presented variation on the location and geographic coverage, according to each species. The results suggest that climatic fluctuations may have affected in a predictably way part of the montane avifauna of southern and southeastern Brazil. Species-specific ecological features are possibly related to differences in the responses to the same historical events.
As montanhas da Mata Atlântica brasileira possuem alto grau de endemismo e sua história biogeográfica é pouco explorada. Uma hipótese para a diversificação de organismos montanos, relacionada à teoria dos refúgios, seria a mudança da distribuição altitudinal destes organismos de acordo com flutuações climáticas históricas. De acordo com esta hipótese, essas espécies sofreriam expansão populacional para regiões mais baixas que as atuais durante períodos glaciais e, em contrapartida, sofreriam isolamento em áreas altas durante períodos interglaciais (e.g. como o atual), proporcionando oportunidades para diferenciação e especiação. Neste trabalho utilizamos modelagem de nicho ecológico para testar esta hipótese a partir da seleção de 13 espécies das montanhas da Mata Atlântica como modelos: Asthenes moreirae, Carpornis cucullata, Drymophila genei, Dysithamnus xanthopterus, Hemitriccus obsoletus, Phylloscartes difficilis, Poospiza cabanisi, Poospiza lateralis, Poospiza thoracica, Stephanophorus diadematus, Stephanoxis lalandi, Stephanoxis loddigesii e Tijuca atra. Para todas as espécies, as projeções dos modelos de nicho para o Último Máximo Glacial (LGM, Last Glacial Maximum; c. 21 mil anos atrás) indicaram distribuições mais amplas em relação ao período atual, suportando a hipótese de refúgios interglaciais para espécies montanas. Além disso, para as espécies/populações com distribuições disjuntas em blocos de montanhas do sul e sudeste do Brasil, os modelos indicaram um potencial de conexão no LGM. Entretanto, foram notadas variações na localização e abrangência geográfica dos modelos das diferentes espécies. Os resultados sugerem que flutuações climáticas podem ter afetado de forma previsível parte da avifauna montana do sul e sudeste do Brasil. Características ecológicas espécie-específicas possivelmente estão relacionadas às diferenças nas respostas aos mesmos eventos históricos.
As montanhas da Mata Atlântica brasileira possuem alto grau de endemismo e sua história biogeográfica é pouco explorada. Uma hipótese para a diversificação de organismos montanos, relacionada à teoria dos refúgios, seria a mudança da distribuição altitudinal destes organismos de acordo com flutuações climáticas históricas. De acordo com esta hipótese, essas espécies sofreriam expansão populacional para regiões mais baixas que as atuais durante períodos glaciais e, em contrapartida, sofreriam isolamento em áreas altas durante períodos interglaciais (e.g. como o atual), proporcionando oportunidades para diferenciação e especiação. Neste trabalho utilizamos modelagem de nicho ecológico para testar esta hipótese a partir da seleção de 13 espécies das montanhas da Mata Atlântica como modelos: Asthenes moreirae, Carpornis cucullata, Drymophila genei, Dysithamnus xanthopterus, Hemitriccus obsoletus, Phylloscartes difficilis, Poospiza cabanisi, Poospiza lateralis, Poospiza thoracica, Stephanophorus diadematus, Stephanoxis lalandi, Stephanoxis loddigesii e Tijuca atra. Para todas as espécies, as projeções dos modelos de nicho para o Último Máximo Glacial (LGM, Last Glacial Maximum; c. 21 mil anos atrás) indicaram distribuições mais amplas em relação ao período atual, suportando a hipótese de refúgios interglaciais para espécies montanas. Além disso, para as espécies/populações com distribuições disjuntas em blocos de montanhas do sul e sudeste do Brasil, os modelos indicaram um potencial de conexão no LGM. Entretanto, foram notadas variações na localização e abrangência geográfica dos modelos das diferentes espécies. Os resultados sugerem que flutuações climáticas podem ter afetado de forma previsível parte da avifauna montana do sul e sudeste do Brasil. Características ecológicas espécie-específicas possivelmente estão relacionadas às diferenças nas respostas aos mesmos eventos históricos.
Descrição
Citação
MONTESANTI, Julia de Almeida Costa. Ilhas de floresta nas alturas: inferindo processos históricos associados às distribuições de aves montanas da Mata Atlântica. 2015. 226 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Evolulção) - Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Diadema, 2015.