O espaço como dimensão fundamental na produção do cuidado

Data
2015-06-03
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introdução: O TEMPO e o ESPAÇO são dimensões básicas da existência humana modificadas quando adoecemos. As novas espacialidades vividas pelas pessoas em situação de adoecimento são condicionadas, tanto pelas necessidades postas pela doença, como pela espacialidade proposta pelo sistema de saúde que, no Brasil, tem uma forte base territorial e é regionalizado. Questões da investigação: a maneira como o espaço é operado pelos gestores será suficiente para dar conta da mobilidade da vida urbana contemporânea, respondendo adequadamente às necessidades dos que buscam os serviços de saúde? As espacialidades condicionadas pela política de saúde podem resultar em barreiras e obstáculos àqueles que procuram ações e serviços de saúde? Metodologia: revisitei em profundidade as entrevistas com usuários realizadas na pesquisa ?As múltiplas lógicas de construção do cuidado: indo além da regulação governamental de acesso e utilização dos serviços de saúde?, realizada no Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, da qual participei como pesquisador. Esta pesquisa ocorreu em dois municípios da região do ABCD paulista, realizada em duas fases. Na primeira, foram realizadas entrevistas temáticas em profundidade com atores estratégicos e informantes-chave dos dois municípios. Na segunda, foram entrevistados 18 moradores das duas cidades, considerados grande utilizadores de serviços de saúde. No presente estudo, fiz uma leitura extensiva e em profundidade das entrevistas com objetivo de destacar as referências que os entrevistados faziam ao tema do ESPAÇO em sua busca pelo cuidado. O material empírico foi submetido à análise temática. Resultados: três categorias empíricas foram produzidas: a) O endereço: ?chave? para abrir os serviços e redes de atenção?; b) As táticas: os usuário e as regras de espacialização; c) Mobilidade e cuidado. Discussão: Os resultados apontaram que o ESPAÇO é uma dimensão fundamental do cuidado, e colocou em relevância dois elementos ?prosaicos?, prático-operacionais, relacionados à espacialização operada pelo o SUS: o endereço e os meios de transporte. O endereço, no atual modo de operacionalização do SUS, torna-se a ?chave? para o acesso às redes de atenção à saúde, com todas as consequências advindas de tal definição. O lugar de moradia resulta, assim, em marcador de caminhos obrigatórios, de abertura, mas, também, de fechamentos de possibilidades. Os meios de transporte adquirem a qualidade de elementos fundamentais na produção do cuidado, pois as pessoas com problemas de saúde mais complexos fazem parte do seu tratamento em serviços especializados distantes da sua residência. Conclusão: O acesso precisa sempre ser pensado imediatamente articulado ao ESPAÇO, que, no estudo, referiu-se a distâncias, meios de transporte, e o modo como as pessoas circulam pelos territórios, tentando articular seus vários interesses, compromissos, relações pessoais, entre outros, além dos temas da ?saúde?. O estudo conclui com a recomendação de se incorporar o tema da mobilidade como componente importante do projeto terapêutico de um número expressivo de usuários do SUS.
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Citação
BRAZ, Tarcisio de Oliveira Barros. O espaço como dimensão fundamental na produção do cuidado. 2015. 93 f. Dissertação (Mestrado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.
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