Política Nacional de Atenção Básica: o que pensam e como operam seus trabalhadores?
Data
2019
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introduction: The Primary Health Care (ABS) was constituted in Brazil under influence of preventivist movement, in a scenario of tension between individual attention and collective practices. The official formulations sought to broaden this concept, especially in the last two decades. In this context, and the workers, what conceptions of ABS bring, and how it influences your practice? Objectives: To characterize what workers consider to be the role of ABS and to identify if, and in what way, such conceptions influence their work. Methodology: The empirical material of the research-matrix was used: Primary Health Care as a strategy for (re)configuration of National Health Policies: the perspective of its professionals and users, with ethnographic clipping, which sought to capture the daily life of seven basic health care units (UBS) in the São Paulo state capital and metropolitan region, in which the researchers stayed from 8 to 12 hours a week, for 10 to 12 months, between 2014 and 2015. In the field journals of the researchers, scenes containing the concepts and practices of the workers about the guiding question of this investigation were selected. Results and Discussion: The scenes were organized from similarities and/or contiguity, composing "visibility plans", which made visible /tellable aspects of the daily life of the UBSs. It was verified that there are multiple tensions that cross the practice of the professionals, with heterogeneous adherence to the norms of the official formulations for the ABS, in particular the Brazil’s National Primary Health Care Policy and the National Health Humanization Policy: there are important limits to the tools that workers have to address social issues; the qualified listening and the accomplishment of an extended clinic sometimes happens, in contraposition to protocolic and biological practices; the moral judgments and user blame interfere with the care provided; teamwork shows itself with its potentialities and also weaknesses; a preventivist discourse persists on the part of the professionals, who expresses themselves in their speech and attitudes, prioritizing prevention and promotion actions, in detriment mainly to the attention to spontaneous demand; the reception, proposed to increase the listening capacity and resolution of demands that arrive at the units, emerges as a highlighted point of tension and conflict in the teams, either because of the conception they bring about the role of ABS, or because they see limited offers demand that seems to have no end. Final Thoughts: The senses that workers give to whatever the ABS have a strong power to guide their practices, and strongly interfere with the way health care is provided. However, this composition contains other elements, which need to be considered in the discussion spaces of ABS guidelines and in the different processes of workers' training, in order to enhance their role of caring for people.
Introdução: A Atenção Básica à Saúde (ABS) se constituiu no Brasil sob influência do movimento preventivista, em cenário de tensão entre atenção individual e praticas coletivas. As formulações oficiais buscaram alargar este conceito, em especial nas últimas duas décadas. Nesse contexto, e os trabalhadores, qual(is) concepção(ões) de ABS trazem, e como elas influenciam sua prática? Objetivos: Caracterizar o que os trabalhadores consideram ser o papel da ABS e identificar se, e de que modo, tais concepções influenciam seu trabalho. Metodologia: Foi utilizado o material empírico da pesquisa-matriz: A Atenção Primária à Saúde como estratégia para (re)configuração das Políticas Nacionais de Saúde: a perspectiva de seus profissionais e usuários, de recorte etnográfico, que buscou captar o dia a dia de sete unidades básicas de saúde (UBS) na capital paulista e região metropolitana, nas quais os pesquisadores permaneceram de 8 a 12 horas/semana, por 10 a 12 meses, entre 2014 e 2015. Foram selecionadas, nos diários de campo dos pesquisadores, cenas que traziam em seu conteúdo as concepções e práticas dos trabalhadores acerca da pergunta norteadora desta investigação. Resultados e Discussão: As cenas foram organizadas a partir de semelhanças e/ou contiguidade, compondo “planos de visibilidade”, o que tornou visível/dizível aspectos do cotidiano das UBSs. Verificou-se que são múltiplas as tensões que atravessam a prática dos profissionais, com adesão heterogênea às normativas das formulações oficiais para a ABS, em especial a Política Nacional de Atenção Básica e a Política Nacional de Humanização: há limites importantes quanto às ferramentas que os trabalhadores dispõem para abordar as questões sociais; a escuta qualificada e a realização de uma clínica ampliada por vezes acontece, em contraposição a práticas protocolares e biologizantes; os julgamentos morais e a culpabilização dos usuários interferem no cuidado prestado; o trabalho em equipe se mostra com suas potencialidades e também fragilidades; persiste um discurso preventivista por parte dos profissionais, que se expressa em sua fala e atitudes, de priorização de ações de prevenção e promoção em detrimento principalmente à atenção a demanda espontânea; o acolhimento, proposto para ampliar a capacidade de escuta e resolução de demandas que chegam às unidades, desponta como destacado ponto de tensão e conflito nas equipes, seja pela concepção que trazem quanto ao papel da ABS, seja por se verem com ofertas limitadas diante da demanda que parece não ter fim. Considerações Finais: Os sentidos que os trabalhadores dão para o que seja a ABS tem um forte poder de orientar suas práticas, e interfere intensamente no modo como o cuidado em saúde é prestado. No entanto, esta composição contém outros elementos, que precisam ser considerados nos espaços de discussão de diretrizes para a ABS e nos diferentes processos de formação dos trabalhadores, de forma a potencializar seu papel de cuidar das pessoas.
Introdução: A Atenção Básica à Saúde (ABS) se constituiu no Brasil sob influência do movimento preventivista, em cenário de tensão entre atenção individual e praticas coletivas. As formulações oficiais buscaram alargar este conceito, em especial nas últimas duas décadas. Nesse contexto, e os trabalhadores, qual(is) concepção(ões) de ABS trazem, e como elas influenciam sua prática? Objetivos: Caracterizar o que os trabalhadores consideram ser o papel da ABS e identificar se, e de que modo, tais concepções influenciam seu trabalho. Metodologia: Foi utilizado o material empírico da pesquisa-matriz: A Atenção Primária à Saúde como estratégia para (re)configuração das Políticas Nacionais de Saúde: a perspectiva de seus profissionais e usuários, de recorte etnográfico, que buscou captar o dia a dia de sete unidades básicas de saúde (UBS) na capital paulista e região metropolitana, nas quais os pesquisadores permaneceram de 8 a 12 horas/semana, por 10 a 12 meses, entre 2014 e 2015. Foram selecionadas, nos diários de campo dos pesquisadores, cenas que traziam em seu conteúdo as concepções e práticas dos trabalhadores acerca da pergunta norteadora desta investigação. Resultados e Discussão: As cenas foram organizadas a partir de semelhanças e/ou contiguidade, compondo “planos de visibilidade”, o que tornou visível/dizível aspectos do cotidiano das UBSs. Verificou-se que são múltiplas as tensões que atravessam a prática dos profissionais, com adesão heterogênea às normativas das formulações oficiais para a ABS, em especial a Política Nacional de Atenção Básica e a Política Nacional de Humanização: há limites importantes quanto às ferramentas que os trabalhadores dispõem para abordar as questões sociais; a escuta qualificada e a realização de uma clínica ampliada por vezes acontece, em contraposição a práticas protocolares e biologizantes; os julgamentos morais e a culpabilização dos usuários interferem no cuidado prestado; o trabalho em equipe se mostra com suas potencialidades e também fragilidades; persiste um discurso preventivista por parte dos profissionais, que se expressa em sua fala e atitudes, de priorização de ações de prevenção e promoção em detrimento principalmente à atenção a demanda espontânea; o acolhimento, proposto para ampliar a capacidade de escuta e resolução de demandas que chegam às unidades, desponta como destacado ponto de tensão e conflito nas equipes, seja pela concepção que trazem quanto ao papel da ABS, seja por se verem com ofertas limitadas diante da demanda que parece não ter fim. Considerações Finais: Os sentidos que os trabalhadores dão para o que seja a ABS tem um forte poder de orientar suas práticas, e interfere intensamente no modo como o cuidado em saúde é prestado. No entanto, esta composição contém outros elementos, que precisam ser considerados nos espaços de discussão de diretrizes para a ABS e nos diferentes processos de formação dos trabalhadores, de forma a potencializar seu papel de cuidar das pessoas.
Descrição
Citação
BIZETTO, Olívia Félix. Política nacional de atenção básica: o que pensam E como operam seus trabalhadores?. 2019. 104 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2019.