Características clínicas e demográficas de 193 pacientes com febre reumática
Data
2006-12-01
Tipo
Artigo
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Resumo
OBJECTIVE: the aim of this study was to analyze the demographic and clinical characteristics of patients with acute rheumatic fever (ARF), followed between 1995 and 2005. METHODS: we retrospectively reviewed the medical records of 193 patients with ARF diagnosed according to the revised Jones criteria (1992). Only the patients that initiated the follow-up in the first two months of onset were included, in order to reduce the diagnostic mistake. Demographic, clinical and laboratorial data and echocardiographic abnormalities were considered. RESULTS: four out of 193 (2.1%) were younger than 5 years old. The most frequent clinical manifestation was arthritis (70.5%) followed by carditis (50.8%) and chorea (35.2%). Atypical arthritis occurred in 64 (33.2%) patients characterized by monoarthritis (10.9%), or involvement of unusual joints (59.4%), or duration longer than 6 weeks (18.8%), or poor response to salicylates (10.9%). Regarding the cardiac involvement we observed subclinical carditis in 19% of the patients. Clinical carditis presented most frequently as mitral involvement (regurgitation) (96.9%). Chorea was present in 35% of the patients. Regarding lab work, anemia (p=0.01), erythrocyte sedimentation rate > 100 mm (p= 0.04) and elevation of alpha1 acid glycoprotein (p=0.04) were statistically more frequent in patients with carditis compared to patients without this involvement. Fifteen percent of patients experienced recurrences. CONCLUSION: 1) rheumatic fever is still prevalent in our environment; 2) atypical arthritis is a common finding and must be taken into account in the ARF diagnosis; 3) subclinical carditis must be considered in our patients; 4) the frequency of Sydenham's chorea is higher than that described in the literature; 5) recurrences are frequent in our patients.
OBJETIVO: avaliar as características clínicas e demográficas de pacientes com febre reumática aguda (FRA), acompanhados no período de 1995 a 2005. MÉTODOS: foram avaliados, retrospectivamente, os prontuários de 193 pacientes com FRA diagnosticada de acordo com os critérios de Jones revisados (1992). Foram incluídos apenas os pacientes que iniciaram o acompanhamento nos primeiros dois meses de doença para que os erros diagnósticos fossem diminuídos. Foram analisados dados demográficos, características clínicas e laboratoriais, bem como anormalidades ecocardiográficas dos pacientes. RESULTADOS: 4 dos 193 (2,1%) pacientes eram menores de 5 anos de idade. Dentre as manifestações clínicas, a artrite foi a mais freqüente (70,5%) seguida da cardite (50,8%) e coréia (35,2%). Em 64 pacientes (33,2%), a artrite foi atípica, ou seja, foi mon oarticular (10,9%) ou comprometeu articulações não-usuais (59,4%), ou teve duração maior do que seis semanas (18,8%), ou não respondeu ao ácido acetilsalicílico (10,9%). Em relação ao comprometimento cardíaco, observamos cardite subclínica em 19% dos pacientes. A cardite clínica teve como alteração valvar mais encontrada a regurgitação mitral (96,9% dos pacientes com cardite). A coréia esteve presente em 35% dos casos. Quanto ao laboratório, anemia (p=0,01), VHS (velocidade de hemossedimentação) > 100 mm (p=0,04) e elevação de alfa1 glicoproteína ácida (p=0,04) foram estatisticamente mais freqüentes nos pacientes com cardite do que naqueles sem este comprometimento. Em 15% dos pacientes houve recorrências. CONCLUSÃO: 1) a febre reumática ainda é prevalente em nosso meio; 2) a presença da artrite atípica é um achado freqüente, devendo ser devidamente valorizada para o diagnóstico da FRA; 3) a cardite subclínica pode ocorrer e deve ser considerada; 4) a nossa freqüência de coréia de Sydenham continua superior à descrita na literatura; 5) recorrências são freqüentes em nossos pacientes.
OBJETIVO: avaliar as características clínicas e demográficas de pacientes com febre reumática aguda (FRA), acompanhados no período de 1995 a 2005. MÉTODOS: foram avaliados, retrospectivamente, os prontuários de 193 pacientes com FRA diagnosticada de acordo com os critérios de Jones revisados (1992). Foram incluídos apenas os pacientes que iniciaram o acompanhamento nos primeiros dois meses de doença para que os erros diagnósticos fossem diminuídos. Foram analisados dados demográficos, características clínicas e laboratoriais, bem como anormalidades ecocardiográficas dos pacientes. RESULTADOS: 4 dos 193 (2,1%) pacientes eram menores de 5 anos de idade. Dentre as manifestações clínicas, a artrite foi a mais freqüente (70,5%) seguida da cardite (50,8%) e coréia (35,2%). Em 64 pacientes (33,2%), a artrite foi atípica, ou seja, foi mon oarticular (10,9%) ou comprometeu articulações não-usuais (59,4%), ou teve duração maior do que seis semanas (18,8%), ou não respondeu ao ácido acetilsalicílico (10,9%). Em relação ao comprometimento cardíaco, observamos cardite subclínica em 19% dos pacientes. A cardite clínica teve como alteração valvar mais encontrada a regurgitação mitral (96,9% dos pacientes com cardite). A coréia esteve presente em 35% dos casos. Quanto ao laboratório, anemia (p=0,01), VHS (velocidade de hemossedimentação) > 100 mm (p=0,04) e elevação de alfa1 glicoproteína ácida (p=0,04) foram estatisticamente mais freqüentes nos pacientes com cardite do que naqueles sem este comprometimento. Em 15% dos pacientes houve recorrências. CONCLUSÃO: 1) a febre reumática ainda é prevalente em nosso meio; 2) a presença da artrite atípica é um achado freqüente, devendo ser devidamente valorizada para o diagnóstico da FRA; 3) a cardite subclínica pode ocorrer e deve ser considerada; 4) a nossa freqüência de coréia de Sydenham continua superior à descrita na literatura; 5) recorrências são freqüentes em nossos pacientes.
Descrição
Citação
Revista Brasileira de Reumatologia. Sociedade Brasileira de Reumatologia, v. 46, n. 6, p. 385-390, 2006.