Cuidado decolonial. Covid-19 em territórios vulnerabilizados com organizações de mulheres empobrecidas, racializadas, potentes e as relações êmicas, éticas e políticas com a Atenção Básica do SUS: Revisão de escopo e metassíntese qualitativa

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Data
2024-04-30
Autores
Camilo, Claudia [UNIFESP]
Oliveira, Claudia Camilo de [UNIFESP]
Orientadores
Castro-Silva, Carlos Roberto de [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
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Resumo
Introdução: O Cuidado é a forma mais antiga da manutenção da vida. Observamos uma sobrecarga no cuidado em territórios vulnerabilizados ou em exclusão social com a chegada da pandemia da covid-19. Como se dá o cuidado em territórios marcados por desigualdades sociais? Objetivo: compreender o cuidado em territórios vulnerabilizados antes da e durante a pandemia da covid-19 e verificar a possibilidade de se forjar a categoria cuidado decolonial. Método: o materialismo histórico-dialético guia a organização metodológica desta tese. A primeira etapa foi o mapeamento do cuidado em diferentes territórios, levantamento das lacunas e das práxis do cuidado, mediante revisão de escopo. A segunda etapa foi o aprofundamento nos estudos primários qualitativos realizados pelo Laboratório de Estudos de Desigualdade Social, entre 2010 e 2024, cobrindo as lacunas levantadas, nos territórios da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS), por intermédio de uma metassíntese qualitativa. Utilizamos o software atlas t.i. 2024 para sistematizar os dados dos estudos primários. Análises: a análise sócio-histórica levanta dados históricos sobre o Brasil e sobre os territórios dos municípios da RMBS. A análise formal traz a organização dos estudos primários através dos princípios da revisão de escopo e da metassíntese. Resultados: são estruturados nos métodos de revisão de escopo e metassíntese. O escopo traz o mapeamento dos estudos e a descrição das práxis de cuidado. A metassíntese traz zonas de sentido a partir dos estudos primários. Discussão: a interpretação e a reinterpretação são feitas à luz de abordagens feministas da Decolonialidade, da Ética do Cuidado e da Psicologia Social, de onde nasce a nova categoria Cuidado Decolonial. Devido à forma Estado, ao sistema capitalista e neoliberal, aguçam-se desigualdades sociais. O constante sucateamento do SUS, do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), especialmente entre 2016 e 2022, trouxe o aumento da fome, de violências, mortes precoces, de poderes paralelos, entre outros, sobrecarregando as mulheres, com ênfase nas racializadas, que são as lideranças comunitárias e profissionais da APS nos territórios estudados. A potencialidade do cuidado se dá na práxis delas, a criatividade na busca de soluções em meio à necropolítica e à sindemia, a organização de ações comunitárias em prol do cuidado decolonial, êmico-ético-político, perpassado pela saúde coletiva, pelos vínculos, pelos afetos, pela subjetividade, por práticas ancestrais e pela conscientização da necessidade de ser comunitário e inclusivo. Considerações finais: O Cuidado Decolonial traz diversas formas cuidadosas, desvinculando o capital colonizador da posição de prioridade e elevando o cuidado da reprodução da vida ao topo na importância, de forma êmica, ética e política, mediante protagonismos de mulheres empobrecidas e racializadas para com, contra e para além da forma Estado. Investir no SUS e efetivar seus princípios nos territórios mostra ser um balizador do cuidado, podendo a aplicação de seus princípios ser uma forma revolucionária de cuidar. A covid-19 nos territórios estudados causou sofrimentos, mas ensinou que a saúde tem de ser pública e coletiva. Que o cuidado extrapole o modelo biomédico, medicamentoso, manicomialista e seja enraizado em sua essência histórica para além da eurocêntrica burguesa, que seja mais valorizado pela polis, com direitos ampliados, universais, de qualidade, acessível à população e que esteja explícito nas políticas, programas e códigos civis, considerando sempre o êmico nas relações. Que ele seja moldado continuamente pelas práxis das mulheres racializadas dos diversos territórios, para que as fraturas sociais sejam sanadas e para que um dia possamos superar relações, formas de sociedades e sistemas deletérios.
Introduction: Care is the oldest form of life maintenance. We are seeing an overload of care in vulnerable or socially excluded territories with the arrival of the COVID-19 pandemic. How does care take place in territories marked by social inequalities? Objective: To understand care in vulnerable territories before and during the COVID-19 pandemic and to verify the possibility of forging the category of decolonial care. Method: Historical-dialectical materialism guides the methodological organization of this thesis. The first stage was the mapping of care in different territories, surveying the gaps and praxis of care, through a scoping review. The second stage was to delve deeper into the primary qualitative studies carried out by the Social Inequality Studies Laboratory between 2010 and 2024, covering the gaps identified in the territories of the Baixada Santista Metropolitan Region (RMBS), by means of a qualitative meta-synthesis. We used atlas t.i. 2024 software to systematize the data from the primary studies. Analysis: the socio-historical analysis compiles historical data on Brazil and the territories of the RMBS municipalities. The formal analysis organizes the primary studies through the principles of scoping and meta-synthesis. Results: are structured using the methods of scoping and meta-synthesis. The scoping provides a mapping of the studies and a description of the care practices. The meta-synthesis brings together areas of meaning from the primary studies. Discussion: the interpretation and reinterpretation are made in the light of feminist approaches to Decoloniality, the Ethics of Care and Social Psychology, from which the new category Decolonial Care is born. Due to the state form, the capitalist and neoliberal system, social inequalities are exacerbated.The constant scrapping of the SUS and the Rights Guarantee System (SGD), especially between 2016 and 2022, has led to an increase in hunger, violence, early deaths, parallel powers, among other things, overburdening women, with an emphasis on racialized women, who are the community leaders and PHC professionals in the territories studied.The potential for care lies in their praxis, their creativity in finding solutions in the midst of necropolitics and syndemics, the organization of community actions in favor of decolonial, ethical-political care, permeated by collective health, bonds, affections, subjectivity, ancestral practices and awareness of the need to be community-based and inclusive. Final considerations: Decolonial Care brings different forms of care, disengaging colonizing capital from the position of priority and elevating care for the reproduction of life to the top in importance, in an emic, ethical, and political way, through the protagonism of impoverished and racialized women towards, against and beyond the State form. Investing in the SUS and putting its principles into practice in the territories is proving to be a beacon of care, and the application of its principles can be a revolutionary form of care. Covid-19 in the territories studied has caused suffering, but it has taught us that health must be public and collective.That care goes beyond the biomedical, medicinal, asylum model and is rooted in its historical essence beyond the Eurocentric bourgeoisie, that it is more valued by the polis, with expanded, universal, quality rights, accessible to the population and that it is explicit in policies, programs and civil codes, always considering the emic in relationships. May it be continuously shaped by the praxis of racialized women from different territories, so that social fractures can be healed and so that one day we can overcome deleterious relationships, forms of society and systems.
Introducción: Los cuidados son la forma más antigua de mantenimiento de la vida. Con la llegada de la pandemia COVID-19 estamos asistiendo a una sobrecarga de cuidados en zonas vulnerablizadas o socialmente excluidas. ¿Cómo se producen los cuidados en territorios marcados por las desigualdades sociales? Objetivo: Comprender los cuidados en territorios vulnerabilizados antes y durante la pandemia del COVID-19 y verificar la posibilidad de forjar la categoría de cuidados decoloniales. Método: El materialismo histórico-dialéctico orienta la organización metodológica de esta tesis. La primera etapa consistió en mapear el cuidado en diferentes territorios, relevando las lagunas y praxis del cuidado a través de una revisión de alcance. La segunda etapa fue profundizar en los estudios primarios cualitativos realizados por el Laboratorio de Estudios de Desigualdad Social entre 2010 y 2024, abarcando las brechas identificadas en los territorios de la Región Metropolitana de la Baixada Santista (RMBS), a través de una metasíntesis cualitativa. Utilizamos el software atlas t.i. 2024 para sistematizar los datos de los estudios primarios. Análisis: el análisis socio-histórico recopila datos históricos sobre Brasil y los territorios de los municipios de la RMBS. El análisis formal proporciona la organización de los estudios primarios a través de los principios de alcance y metasíntesis. Resultados: se estructuran utilizando los métodos de alcance y metasíntesis. El alcance mapea los estudios y describe las prácticas asistenciales. La metasíntesis proporciona áreas de significado basadas en los estudios primarios. Discusión: la interpretación y reinterpretación se realizan a la luz de los enfoques feministas de la Decolonialidad, la Ética de los Cuidados y la Psicología Social, de los que nace la nueva categoría Cuidados Decoloniales. Las desigualdades sociales son exacerbadas por el Estado, el sistema capitalista y neoliberal. El desguace constante del SUS y del Sistema de Garantía de Derechos (SGD), especialmente entre 2016 y 2022, ha provocado el aumento del hambre, la violencia, las muertes prematuras, los poderes paralelos, entre otras cosas, sobrecargando a las mujeres, con énfasis en las mujeres racializadas, que son las líderes comunitarias y profesionales de la APS en los territorios estudiados. El potencial del cuidado está en su praxis, en su creatividad para encontrar soluciones en medio de la necropolítica y la sindemia, en la organización de acciones comunitarias a favor de un cuidado decolonial, émico-ético-político, permeado por la salud colectiva, los vínculos, los afectos, la subjetividad, las prácticas ancestrales y la conciencia de la necesidad de ser comunitario e incluyente. Consideraciones finales: el Cuidado Decolonial trae diferentes formas de cuidado, desligando el capital colonizador de la posición de prioridad y elevando el cuidado para la reproducción de la vida a la cima de la importancia, de forma émica, ética y política, a través del protagonismo de las mujeres empobrecidas y racializadas hacia, contra y más allá de la forma Estado. Invertir en el SUS y poner en práctica sus principios en los territorios se revela como un faro de cuidado, y la aplicación de sus principios puede ser una forma revolucionaria de cuidado. El COVID-19 en los territorios estudiados ha causado sufrimiento, pero nos ha enseñado que la salud debe ser pública y colectiva. Que el cuidado supere el modelo biomédico, medicamentoso, manicomialista y se enraíce en su esencia histórica más allá de la burguesía eurocéntrica, que sea más valorado por la polis, con derechos ampliados, universales, de calidad, accesibles a la población y que se explicite en políticas, programas y códigos civiles, considerando siempre lo emic en las relaciones. Que sea continuamente modelada por la praxis de las mujeres racializadas en los diversos territorios, para que las fracturas sociales puedan ser sanadas y para que un día podamos superar relaciones, formas de sociedad y sistemas deletéreos.
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Citação
CAMILO, Claudia. Cuidado decolonial. Covid-19 em territórios vulnerabilizados com organizações de mulheres empobrecidas, racializadas, potentes e as relações êmicas, éticas e políticas com a Atenção Básica do SUS: Revisão de escopo e metassíntese qualitativa. 2024. 320 f. Tese (Doutorado Interdisciplinar em Ciências da Saúde) - Universidade Federal de São Paulo, Instituto de Saúde e Sociedade, Santos, 2024.