Discussões de gênero e sexualidade no ensino de biologia sob a perspectiva dos estudantes
Data
2020-08-21
Autores
Amaral, Patricia Regina 
Orientadores
Testoni, Leonardo Andre
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
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Título de Volume
Resumo
The present study aimed of identify and reflect on conceptions of teachers and students from the public school system, about gender and sexuality issues beneath a sociocultural perspective, in order to analyze what are the challenges and possibilities of approaching the theme in science and biology teaching. These questions have been analyzed to highlight the multiple dimensions of sexuality and the breaking of heteronormative patterns that intensify prejudiced and discriminatory behaviors. This is a qualitative investigation, which consisted of two stages: (a) the first stage - conducting interviews with teachers and applying questionnaires to their students. With the appreciation of the obtained material were observed, mainly through the answers of the students, relevant information for research with great potential for analysis, justifying the next stage: second phase – conducting workshop and conversation with students who participated in the first stage. The methodological instruments used consisted of: conducting semi-structured interviews, application of questionnaires; conducting workshop, contemplating dynamic conversation and experience sharing. The results point to a teaching practice of science and biology, focused on the biological dimension of sexuality, emphasizing themes of prevention of sexually transmitted infections (STIs) and teenage pregnancy, gender issues, sexual diversity, discrimination and prejudice do not take up space in this approach. With the reports obtained by the students, approaches involving sexual abuse, violence against women, sexism, discrimination and prejudice, were identified as those who should have greater relevance in pedagogical practice. This assumption brought reflection about the school and teaching of science and biology’s role facing the gender and sexuality approach, which shows a concern to require knowledge only in the biological bias and may differ from the real demands and needs of students. Based on discursive analysis of the statements about gender and sexuality, it can be seen the strong influence of cultural markers in society, with normative practices and actions that perpetuate and naturalize the sexist ones, misogynistic and homophobic practices, even in the school environment. Among the findings of this study, emphasizes the need for introducing new pedagogical practices, capable of giving new significance to behaviors that contribute to the establishment of hegemonic and discriminatory relations, present not only in the biological determinism of science and biology teaching, but also rooted in nowadays’ society.
O presente estudo se propôs a identificar e refletir sobre as concepções de professores e estudantes da rede pública de ensino, acerca das questões de gênero e sexualidade sob uma perspectiva sociocultural, de modo a analisar quais os desafios e possibilidades na abordagem da temática no ensino de ciências e biologia. Essas questões foram analisadas a fim de evidenciar as múltiplas dimensões da sexualidade e do rompimento dos padrões heteronormativos que intensificam condutas preconceituosas e discriminatórias. Trata-se de uma investigação de natureza qualitativa, que se constituiu em duas etapas: (a) primeira etapa – realização de entrevistas com professores e aplicação de questionários aos estudantes destes professores. Com a apreciação do material obtido, observou-se, através das respostas especialmente dos estudantes, informações relevantes para a pesquisa, com um grande potencial para análise, justificando a próxima fase: (b) segunda fase – realização de oficina e roda de conversa com os estudantes participantes da primeira fase. Os instrumentos metodológicos utilizados consistiram em: realização de entrevista semi-estruturada; aplicação de questionários; realização de oficina contemplando dinâmica, roda de conversa e trocas de experiências. Os resultados apontam para uma prática docente de ciências e biologia, focada sob a dimensão biológica da sexualidade, enfatizando temas de prevenção à infecções sexualmente transmissíveis (IST) e de gravidez precoce, as questões de gênero, diversidade sexual, discriminação e preconceito não ocupam espaço nesta abordagem. Com os relatos obtidos pelos estudantes, abordagens envolvendo abuso sexual, violência contra as mulheres, machismo, discriminação e preconceito, foram apontados como os que devem possuir maior relevância na prática pedagógica. Este pressuposto, trouxe a reflexão sobre a função da escola e do ensino de ciências e biologia diante da abordagem de gênero e sexualidade, que demonstra uma preocupação em exigir conhecimentos apenas no viés biológico, podendo não corresponder às reais demandas e necessidades dos estudantes. A partir da análise discursiva dos enunciados sobre gênero e sexualidade, pode-se constatar a forte influência de marcadores culturais na sociedade, com práticas e ações normatizadoras, que perpetuam e naturalizam práticas sexistas, misóginas e homofóbicas, inclusive, no ambiente escolar. Entre as constatações deste trabalho, ressalta-se a necessidade de introduzir novas práticas pedagógicas capazes de ressignificar condutas que contribuem para o estabelecimento de relações hegemônicas e discriminatórias, presentes não apenas no determinismo biológico do ensino de ciências e biologia, mas também enraizada na sociedade atual.
O presente estudo se propôs a identificar e refletir sobre as concepções de professores e estudantes da rede pública de ensino, acerca das questões de gênero e sexualidade sob uma perspectiva sociocultural, de modo a analisar quais os desafios e possibilidades na abordagem da temática no ensino de ciências e biologia. Essas questões foram analisadas a fim de evidenciar as múltiplas dimensões da sexualidade e do rompimento dos padrões heteronormativos que intensificam condutas preconceituosas e discriminatórias. Trata-se de uma investigação de natureza qualitativa, que se constituiu em duas etapas: (a) primeira etapa – realização de entrevistas com professores e aplicação de questionários aos estudantes destes professores. Com a apreciação do material obtido, observou-se, através das respostas especialmente dos estudantes, informações relevantes para a pesquisa, com um grande potencial para análise, justificando a próxima fase: (b) segunda fase – realização de oficina e roda de conversa com os estudantes participantes da primeira fase. Os instrumentos metodológicos utilizados consistiram em: realização de entrevista semi-estruturada; aplicação de questionários; realização de oficina contemplando dinâmica, roda de conversa e trocas de experiências. Os resultados apontam para uma prática docente de ciências e biologia, focada sob a dimensão biológica da sexualidade, enfatizando temas de prevenção à infecções sexualmente transmissíveis (IST) e de gravidez precoce, as questões de gênero, diversidade sexual, discriminação e preconceito não ocupam espaço nesta abordagem. Com os relatos obtidos pelos estudantes, abordagens envolvendo abuso sexual, violência contra as mulheres, machismo, discriminação e preconceito, foram apontados como os que devem possuir maior relevância na prática pedagógica. Este pressuposto, trouxe a reflexão sobre a função da escola e do ensino de ciências e biologia diante da abordagem de gênero e sexualidade, que demonstra uma preocupação em exigir conhecimentos apenas no viés biológico, podendo não corresponder às reais demandas e necessidades dos estudantes. A partir da análise discursiva dos enunciados sobre gênero e sexualidade, pode-se constatar a forte influência de marcadores culturais na sociedade, com práticas e ações normatizadoras, que perpetuam e naturalizam práticas sexistas, misóginas e homofóbicas, inclusive, no ambiente escolar. Entre as constatações deste trabalho, ressalta-se a necessidade de introduzir novas práticas pedagógicas capazes de ressignificar condutas que contribuem para o estabelecimento de relações hegemônicas e discriminatórias, presentes não apenas no determinismo biológico do ensino de ciências e biologia, mas também enraizada na sociedade atual.