Elementos narrativos corporificados em consultas clínicas de pessoas com Alzheimer

Data
2020-03-31
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Neste presente trabalho exploraremos a emergência de elementos narrativos durante interações clínicas das quais participam pessoas diagnosticadas com Doença de Alzheimer. Neste estudo, elementos narrativos foram concebidos como elementos corporificados que emergem junto com a fala e carregam histórias, memórias e experiências das pessoas com Alzheimer. As consultas clínicas, do ponto de vista dos estudos etnográficos e interacionais (CLARK e MISHLER, 2001; MOITA LOPES, 2001), representam um lugar institucional de trocas interativas que nos dizem, a partir da linguagem, muitas coisas sobre a organização social da vida cotidiana das pessoas. A linguagem e as práticas com linguagem, dentre as quais as práticas de narrar ou de trazer elementos narrativos em enunciação, são um dos lugares em que manifestamos e construímos, discursivamente, quem somos ou ainda compartilhamos uma certa versão pública de nós. Como metodologia, foi realizado um trabalho de campo no Ambulatório de Neurologia do Comportamento da Universidade Federal de São Paulo, onde foram registradas em vídeo 5 consultas clínicas que deram origem a um corpus de pesquisa denominado CENA – Corpus para o Estudo de Narrativas e Alzheimer. Dessas 5 consultas, foram selecionados 6 momentos de interação que foram então tratados como excertos e que foram transcritos com base na transcrição proposta por Mondada (2016). A análise do corpus é qualitativa, levando em conta os aspectos multimodais, sobretudo corporais, constitutivos dessas interações como uma das formas de investigar a subjetividade nos contextos de perda sociocognitiva através das ações de narrar ou esboçar narrar algo (HYDÉN, 2013a, 2013b). Com esta pesquisa, discutimos as várias formas de narrar em uma conversa, evocando o que podemos pensar sobre subjetividade e linguagem na forma como a pessoa com perda de memória progressiva constrói suas narrativas. Com a análise multimodal e a partir da noção de memória e elementos narrativos corporificados, procuramos contribuir para o estudo do corpo conjuntamente com a fala como central na construção das interações das quais participa uma pessoa diagnosticada com Doença de Alzheimer.
In this present work, we will explore the emergence of narrative elements during clinical interactions in which people diagnosed with Alzheimer’s desease participate. In this study, narrative elements were conceived as embodied elements that emerge along with speech and carry stories, memories and experiences of people with Alzheimer's. Clinical consultations, from the point of view of ethnographic and interactional studies (CLARK and MISHLER, 2001; MOITA LOPES, 2001), represent an institutional place for interactive exchanges that tell us, through language, many things about the social organization of people's daily lives. Language and practices with language, among which the practices of narrating or bringing narrative elements into enunciation, are one of the places where we manifest and construct, discursively, who we are or still share a certain public version of us. As a methodology, fieldwork was carried out at the Behavioral Neurology Outpatient Clinic of the Federal University of São Paulo, where 5 clinical consultations were recorded on video, which led to a research corpus called CENA - Corpus for the Study of Narratives and Alzheimer. From these 5 consultations, 6 moments of interaction were selected, which were then treated as excerpts and which were transcribed based on the transcription proposed by Mondada (2016). The analysis of the corpus is qualitative, taking into account the multimodal aspects, especially bodily ones, constituting these interactions as one of the ways to investigate subjectivity in the contexts of socio-cognitive loss through the actions of narrating or sketching narrating something (HYDÉN, 2013a, 2013b). With this research, we discuss the various ways of narrating in a conversation, evoking what we can think about subjectivity and language in the way the person with progressive memory loss constructs his narratives. With multimodal analysis and based on the notion of memory and embodied narrative elements, we seek to contribute to the study of the body together with speech as central to the construction of the interactions in which a person diagnosed with Alzheimer's Disease participates.
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