Quando A Boca Fala Mais Que A Boca: A Construção De Uma Ação Educativa Em Saúde Bucal Em Um Ambulatório De Ist/Aids Na Baixada Santista - São Paulo

Data
2017-08-03
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
People living with HIV/Aids (PVHA) have an oral health vulnerable due to characteristics of the infection. Most patients live with poor oral health, which is particularly harmful to PVHA. The professional training of dentistry, which is traditionally objective, technical and procedure-centered – can result in numbness/indifference subjective demands of patients, especially those who live with a infectious and contagious disease with complex interfaces of psychological, social, emotional, economic, legal, among others. With this, the proposal of Permanent Education showed up as a coherent frame of reference that can bring contributions to positive changes in how those involved in the process of oral health care of PVHA understand the notion of care and health care. Objectives: To investigate the perception of adults living with HIV/Aids, users of an outpatient service in IST/Aids the Baixada Santista area, about your oral health, as well as your perception about the role and expectations established with the dental professional and the relationship of care established with this health care professional. From the survey, propose a educational action with the dental professionals in general, especially addressed to professionals who serve patients living with HIV/Aids, in order to allow for a reflection on their daily practices, difficulties and limitations of your work and, in addition, allow theconstruction of welfare practices that comprise the unique needs of these subject, beyond the perspective traditionally adopted in this field to know. Methods: We used the qualitative method with the use of various strategies, research and desk research, focus groups, semi-structured interviews and diaries of field. Were selected in a convenience sample of 12 (twelve) PVHA of a dentistry service IST/Aids clinic of the Baixada Santista, in two groups: PSBP (PVHA with poor oral health) and PSBA (PVHA with proper oral health). The research data were categorised from the thematic analysis of content of Bardin (1977). Results and discussion: The PSBA presented greater recognition of the importance of oral health with more complete and complex concepts. However the PSBP, although present simpler notions, reported basic knowledge and the consequences of carelessness. Therefore the PSBP had access to information, but not necessarily adopted practical measures of oral care. This requires a reflection about the actual effects of information when it is offered to purely technical, objective manner or context. In addition, both as reported their PSBA and PSBP experiences with HIV, being that the PSBP were unanimous in feeling that the oral health worsened after diagnosis of HIV/Aids, while PSBA were divided. There was a subtle distinction in speeches about self- care because PSBP have a higher tendency to clear accountability for own oral health, with highest expression of passivity, fear and shame of being judged, while the PSBA have less tendency toward passivity and more commitment to self-care, as well as a more critical about the rights of PVHA. Final considerations: The purpose of this work is a process of idealization technical disruption of the care and the ability to look beyond the mouth organ, recognising that it is necessary to allow the mouth can also "speak" and, thus, from the speech of the subject, take a real position of oral health care. It is a quest to meet those people – care targets – in what they actually need and it makes sense for them, considering their experiences and views.
Pessoas Vivendo com HIV/Aids (PVHA) possuem uma saúde bucal vulnerável devido às características próprias da infecção. A maior parte dos pacientes convive com a saúde bucal precária, o que é particularmente prejudicial para PVHA. A formação do profissional de odontologia, que é tradicionalmente objetiva, tecnicista e procedimento-centrada – pode ter como consequência insensibilidade/indiferença às demandas subjetivas dos pacientes, especialmente aos que vivem com uma doença infectocontagiosa com complexas interfaces de ordem psicológica, social, emocional, econômica, jurídica, entre outras. Com isto, a proposta da Educação Permanente mostrou-se como um referencial coerente que pode trazer contribuições para mudanças positivas na forma como os envolvidos no processo de cuidado em saúde bucal de PVHA entendem a noção de cuidado e atenção em saúde. Objetivos: Investigar a percepção de adultos vivendo com HIV/Aids, usuários de um serviço ambulatorial em IST/Aids da região da Baixada Santista, sobre a sua saúde bucal, bem como sua percepção quanto ao papel e expectativas estabelecidas com o profissional de odontologia e o tipo de relação de cuidado estabelecido com esse profissional de saúde. A partir da pesquisa realizada, propor uma ação educativa junto aos profissionais de odontologia em geral, especialmente dirigida aos profissionais que atendem pacientes vivendo com HIV/Aids, com o intuito de permitir uma reflexão sobre suas práticas cotidianas, dificuldades e limitações de seu trabalho e, além disso, permitir a construção de práticas assistenciais que contemplem as necessidades singulares desses sujeitos, para além da perspectiva tradicionalmente adotada nesse campo de saber. Metodologia: Utilizou-se do método qualitativo com o uso de várias estratégias de investigação, como a realização de pesquisa documental, grupos focais, entrevistas semiestruturadas e diários de campo. Foram selecionados, em uma amostra de conveniência, de 12 (doze) PVHA do serviço de odontologia de um ambulatório de IST/Aids da Baixada Santista, em dois grupos: PSBP (PVHA com saúde bucal precária) e PSBA (PVHA com saúde bucal adequada). Os dados da pesquisa foram categorizados a partir da análise de conteúdo temática de Bardin (1977). Resultados e discussão: As PSBA apresentaram maior reconhecimento da importância da saúde bucal com noções mais completas e complexas. Entretanto as PSBP, embora apresentem noções mais simples, relataram conhecimento básico e as consequências da falta de cuidado. Portanto as PSBP tinham acesso às informações, mas não necessariamente adotavam medidas práticas de cuidado bucal. Isso exige uma reflexão quanto aos efeitos efetivos da informação quando a mesma é oferecida de forma puramente técnica, objetiva ou descontextualizada. Além disso, tanto PSBP quanto PSBA relataram suas vivências com o HIV, sendo que as PSBP foram unânimes na percepção de que a saúde bucal piorou após o diagnóstico de HIV/Aids, enquanto PSBA ficaram divididos. Observou-se uma distinção sutil nos discursos quanto ao autocuidado, pois PSBP apresentam maior tendência a se desmarcarem da responsabilização pela própria saúde bucal, com maior expressão de passividade, medo e vergonha de serem julgados, enquanto as PSBA têm menor tendência à passividade e mais empenho no autocuidado, bem como uma concepção mais crítica sobre os direitos das PVHA. Considerações Finais: A proposta deste trabalho é um rompimento do processo de idealização técnica do cuidado e a possibilidade de olhar para além do órgão-boca, reconhecendo que é preciso permitir que a boca possa também “falar” e, assim, a partir do discurso do sujeito, assumir uma verdadeira posição de cuidado em saúde bucal. Trata-se de uma busca para atender esses sujeitos – alvos do cuidado – naquilo que eles, de fato, precisam e que faz sentido para eles, considerando suas vivências e pontos de vista singulares.
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