Desterritorialização da Carne: cartografias das emoções que efetuam corpos travestis no centro de São Paulo
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Data
2019
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
This dissertation describes the experience that began starting at the encounter with travestis and trans women in street situation. I was hired as a psychologist at “Casa Florescer”, an equipment dedicated to shelter this population. The main objective is to cartography the affections that are produced during these encounters and how they make the body escape from the rigid lines that conserve genders. The method of this cartography has allowed me to trace lines to create a map that followed the invented subjectivity movements in the encounters. As a way to give visibility to narratives, speeches, meanings and significances lived, I interviewed two contributors. How can the emotion move the body in order to create expression channels into matter? What other bodies are these? In which ways do they embody into matter? The body inhabits the unlocatable and whets its sensibility coming from a self-factor of a(ffe)ctivation. The potency of affecting and being affected produces repulse and attraction movements, in which these bodies experiment positions and sounds that give these affections channel to embody a material expression. Emotion has a strict bond with the group (motus) motion – mobility. E-movere means to put into motion, to expropriate itself. It comprehends, then, emotion, not as passiveness, but as differentiation movement, that connects with the planes of affective forces. Evellyn manifests this differentiation movement in the encounter of bodies, she didn’t hormone herself, nor did she have any silicone prosthesis and not even wear clothes that society describes as feminine. The encounters with Evellyn took me to another experimentation field, eyes didn’t matter much other than her qualities of irradiation and of forces that composed with mine, constructing a plane of immanence to embody new corporealities. At a certain evening at the “CineClube 7 Cores” I met Lívia. She would experiment herself with wigs and dresses, in which all that made her vibrate, her eyes sparkled at the same time her gender was embodying in her flesh. Thaís elaborates over a body that doesn’t enclose itself in the flesh, for it flows out with her gesture reflections, making her escape from the social intelligibilities. She comprehends from her emotions that she was always a woman, so she takes her body as screen to embody these motions. Samanta, with all her colors and rhythmic vibrations, created fluctuations in the density of the atmosphere, transporting me out of my own self. She was spread out everywhere at the shelter, I could feel her body slipping in between the paintings, leaving traces of what past through. Her woven produced other inaudible bodies. It’s the subtlety of deviations that produces new bodies in dialog. A channel of intelligibility for other genders is performed in the emotion that engenders a plane of immanence to be materialized, moves the proper body towards other corporealities, sensibilities and experimentations.
Esta dissertação acompanha as experiências que se iniciaram a partir dos meus encontros com travestis e mulheres transexuais em situação de rua. Em 2016 fui contratado como psicólogo para atuar na Casa Florescer, um Centro de Acolhida destinado ao acolhimento dessa população. O objetivo principal deste trabalho foi acompanhar os os afetos que nos encontros possibilitaram o engendramento de novas realidades, como o desejo forja novas corporalidades e movimenta o sócios para a criação de novas compreensões (melhorar) criaram planos de imanência para novas corporalidades. A metodologia empregada foi a cartografia, a qual me permitiu traçar as linhas que acompanha o processo de construção da Casa Florescer, descrevendo e analisando os efeitos dos encontros que potencializaram as criações, entre as travestis e mulheres transexuais. Como forma de visibilizar as narrativas, os discursos, os sentidos e significados vividos pelas pessoas, entrevistei duas colaboradoras. Como a emoção pode mover o corpo para criar canais de expressão na matéria? Que outros corpos são estes? Por quais caminhos eles se materializam? O corpo habita o ilocalizável e aguça sua sensibilidade a partir de um próprio fator de a(fe)tivação. A potência de afetar e ser afetado produz movimento de repulsa e atração, os corpos vão ensaiando posições e sons que deem canal para os afetos ganharem expressão material. Emoção tem estreita ligação com o grupo (motus) moção – mobilidade. E-movere significa pôr em movimento, colocar-se para fora de si. Compreende-se, então, emoção não como passividade, mas como movimento de diferenciação, que se conecta com o plano de forças afetivas. Uma das entrevistadas, Evellyn, manifesta esse movimento de diferenciação no encontro entre corpos. Ela não se hormonizava, não tinha silicone e tampouco se apresentava com roupas que a sociedade prescreve como femininas. Os encontros com ela me levaram a outro campo de experimentações, um no qual os olhos não importavam a não ser em suas qualidades de irradiação de forças que compunham com as minhas, construindo plano de imanência para incorporação de novas corporalidades. Em uma tarde do projeto cineclube 7 cores, conheci Lívia. Ela se experimentava perucas e vestidos e aquilo a fazia vibrar, seus olhos brilhavam ao tempo que seu gênero ia “pegando” na carne. Thaíz Azevedo elabora sobre um corpo que não se encerra na carne, pois escorre para fora com os reflexos dos “trejeitos”, a fazendo escapar das inteligibilidades. Ela compreende que sempre foi mulher a partir de suas emoções, toma seu corpo como uma tela para expressar suas emoções. Samanta, com suas cores e vibrações rítmicas, provocava flutuações na densidade atmosférica, me transportando para fora do meu eu. Ela estava espalhada por todo o centro de acolhida, podia sentir seu corpo escorregar entre as pinturas, deixando rastros do que passou. Os retalhos agenciavam outros corpos inaudíveis. São as sutilezas dos desvios que produzem novos corpos em diálogo. Um canal de inteligibilidade para gêneros outros é performado na emoção que engendra um plano de imanência para se materializar, move o próprio corpo para outras corporalidades, sensibilidades e experimentações.
Esta dissertação acompanha as experiências que se iniciaram a partir dos meus encontros com travestis e mulheres transexuais em situação de rua. Em 2016 fui contratado como psicólogo para atuar na Casa Florescer, um Centro de Acolhida destinado ao acolhimento dessa população. O objetivo principal deste trabalho foi acompanhar os os afetos que nos encontros possibilitaram o engendramento de novas realidades, como o desejo forja novas corporalidades e movimenta o sócios para a criação de novas compreensões (melhorar) criaram planos de imanência para novas corporalidades. A metodologia empregada foi a cartografia, a qual me permitiu traçar as linhas que acompanha o processo de construção da Casa Florescer, descrevendo e analisando os efeitos dos encontros que potencializaram as criações, entre as travestis e mulheres transexuais. Como forma de visibilizar as narrativas, os discursos, os sentidos e significados vividos pelas pessoas, entrevistei duas colaboradoras. Como a emoção pode mover o corpo para criar canais de expressão na matéria? Que outros corpos são estes? Por quais caminhos eles se materializam? O corpo habita o ilocalizável e aguça sua sensibilidade a partir de um próprio fator de a(fe)tivação. A potência de afetar e ser afetado produz movimento de repulsa e atração, os corpos vão ensaiando posições e sons que deem canal para os afetos ganharem expressão material. Emoção tem estreita ligação com o grupo (motus) moção – mobilidade. E-movere significa pôr em movimento, colocar-se para fora de si. Compreende-se, então, emoção não como passividade, mas como movimento de diferenciação, que se conecta com o plano de forças afetivas. Uma das entrevistadas, Evellyn, manifesta esse movimento de diferenciação no encontro entre corpos. Ela não se hormonizava, não tinha silicone e tampouco se apresentava com roupas que a sociedade prescreve como femininas. Os encontros com ela me levaram a outro campo de experimentações, um no qual os olhos não importavam a não ser em suas qualidades de irradiação de forças que compunham com as minhas, construindo plano de imanência para incorporação de novas corporalidades. Em uma tarde do projeto cineclube 7 cores, conheci Lívia. Ela se experimentava perucas e vestidos e aquilo a fazia vibrar, seus olhos brilhavam ao tempo que seu gênero ia “pegando” na carne. Thaíz Azevedo elabora sobre um corpo que não se encerra na carne, pois escorre para fora com os reflexos dos “trejeitos”, a fazendo escapar das inteligibilidades. Ela compreende que sempre foi mulher a partir de suas emoções, toma seu corpo como uma tela para expressar suas emoções. Samanta, com suas cores e vibrações rítmicas, provocava flutuações na densidade atmosférica, me transportando para fora do meu eu. Ela estava espalhada por todo o centro de acolhida, podia sentir seu corpo escorregar entre as pinturas, deixando rastros do que passou. Os retalhos agenciavam outros corpos inaudíveis. São as sutilezas dos desvios que produzem novos corpos em diálogo. Um canal de inteligibilidade para gêneros outros é performado na emoção que engendra um plano de imanência para se materializar, move o próprio corpo para outras corporalidades, sensibilidades e experimentações.