Intolerância ao exercício em pacientes pós-hospitalização por Covid-19

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Data
2023-09-29
Autores
Lima, Mariana Lafetá [UNIFESP]
Orientadores
Campos, Eloara Vieira Machado Ferreira Alvares da Silva [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Sobreviventes após hospitalização por lesão pulmonar por Covid-19 podem persistir com dispneia e intolerância ao exercício com menor qualidade de vida. Apesar de recentes avanços, os possíveis preditores de intolerância ao exercício nos pacientes pós-Covid-19 permanecem complexos e não totalmente caracterizados. Objetivos: Avaliar a persistência da intolerância avaliada pelo consumo do oxigênio no pico do exercício (V’O2PICO) em sobreviventes pós-hospitalização por Covid-19 e a correlação com gravidade da internação e alteração em exames funcionais e imagéticos. Materiais e Métodos: Estudo prospectivo e observacional que avaliou consecutivamente pacientes previamente hospitalizados por Covid-19 moderada a grave/crítica. A avaliação foi realizada após 90 ± 10 dias do início dos sintomas agudos da Covid-19 e os pacientes foram submetidos à avaliação cardiopulmonar ampla, incluindo função pulmonar, ecocardiograma, tomografia de tórax e teste de exercício cardiopulmonar com gasometria capilar de sangue arterializado do lóbulo de orelha. Resultados: Dos 87 pacientes avaliados, o V’O2PICO foi de 19,5 ± 5,0 ml/kg/min dividido em três grupos por tercis: ≤ 17,0, 17,1-22,2 e ≥ 22,3 ml/kg/min. A gravidade da hospitalização foi semelhante nos três grupos. No entanto, na consulta de seguimento, pacientes com V’O2PICO ≤ 17,0 ml/kg/min relataram maior sensação de dispneia e apresentaram índices de função pulmonar reduzidos e respostas ventilatórias, gasosas e metabólicas anormais durante o exercício em comparação com pacientes com V’O2PICO > 17,0 ml/kg/min. Por meio da análise de regressão logística multivariada ajustada para idade, sexo e embolia pulmonar, com pontos de corte definidos pela análise da curva ROC, a relação espaço morto por volume corrente ≥ 29 e a capacidade vital forçada em repouso ≤ 80% previsto foram preditores independentes da redução do V’O2PICO. Conclusão: A intolerância ao exercício nos sobreviventes após hospitalização por Covid-19 esteve relacionada à alta relação espaço morto como fração do volume corrente no pico do exercício e redução da capacidade vital forçada em repouso, sugerindo que tanto o possível comprometimento da microcirculação pulmonar quanto o ventilatório podem influenciar a capacidade aeróbia nessa população de pacientes.
Post-Covid-19 survivors frequently have dyspnea that can lead to exercise intolerance and lower quality of life. Despite recent advances, possible predictors of exercise intolerance in the post-Covid-19 patients remain complex and not fully characterized. Objectives: To evaluate the persistence of exercise intolerance analyzed by peak oxygen consumption (PEAKV’O2) in post-Covid-19 survivors after hospitalization and its correlation with the severity of hospitalization and the changes in functional and imaging tests. Materials and Methods: Prospective study evaluated consecutive patients previously hospitalized due to moderate-to-severe/critical Covid-19. Within 90±10 days of Covid-19 acute symptoms onset, patients underwent a comprehensive cardiopulmonary assessment, including a cardiopulmonary exercise testing with earlobe arterialized capillary blood gas analysis. Measurements and Main Results: Eighty-seven patients were evaluated, their peak oxygen consumption was 19.5 ± 5.0 ml/kg/min, and the tertiles were: ≤ 17.0, 17.1-22.2 and ≥ 22.3 ml/kg/min. Hospitalization severity was similar among the three groups. However, at the follow-up visit, patients with PEAKV’O2 ≤ 17.0 ml/kg/min reported a greater sensation of dyspnea, along with indices of impaired pulmonary function, and abnormal ventilatory, gas-exchange and metabolic responses during exercise compared to patients with PEAKV’O2 > 17 ml/kg/min. By multivariate logistic regression analysis (ROC curve analysis) adjusted for age, sex and pulmonary embolism, a peak dead space fraction of tidal volume ≥ 29 and a resting forced vital capacity ≤ 80% predicted were independent predictors of reduced peak oxygen consumption. Conclusions: Exercise intolerance in the post-Covid-19 survivors was related to a high dead space fraction of tidal volume at peak exercise and a decreased resting forced vital capacity, suggesting that both pulmonary microcirculation injury and ventilatory impairment could influence aerobic capacity in this patient population.
Descrição
Citação
LAFETA, Mariana Lima. Intolerância ao exercício em pacientes pós-hospitalização por Covid-19. 2023. 131 f. Tese (Doutorado em Pneumologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2023.