Transplante renal com doadores falecidos com critérios expandidos: análise histológica pré-implantação e correlação com evolução clínica

Data
2010
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
O Transplante Renal constitui-se na melhor opção de tratamento para doença renal crônica terminal pois fornece melhor qualidade de vida e ganho em sobrevida, comparando-se ao tratamento dialítico. Como forma de aumentar a disponibilidade de órgãos de doadores falecidos para transplante, na última década têm-se usado, de maneira crescente, rins provenientes de doadores falecidos com critérios expandidos, ou seja, rins provenientes de doadores falecidos acima de 60 anos de idade ou com 50 a 59 anos e possuidores de pelo menos 2 dos 3 fatores de risco estatisticamente significantes através de uma análise prévia da SRTR (Registro Científico de Receptores de Transplantes, do inglês Scientific Registry of Transplants Recipients): história de Hipertensão Arterial Sistêmica, creatinina sérica maior que 1,5mg/dl ou doença cerebrovascular como causa de óbito. Nosso estudo avaliou, por coorte retrospectivo, a sobrevida atuarial em 5 anos do receptor e seu enxerto renal proveniente de doador falecido com critérios expandidos, em pacientes submetidos a transplante renal no Hospital do Rim e Hipertensão e no Hospital São Paulo – UNIFESP, de 1º de janeiro de 2000 a 31 de julho de 2005, e que mantiveram acompanhamento ambulatorial pelo SUS em nosso serviço. Dentre os 146 pacientes acompanhados, encontramos uma sobrevida atuarial em 5 anos de 73,3% para o enxerto e de 82,2% para o receptor, dados comparáveis à literatura nacional e internacional. Também avaliamos dados histomorfológicos obtidos das biópsias pré-implantação do rim doado e os correlacionamos com a função do enxerto renal ao longo de 5 anos pós-transplante. Observamos que enxertos renais que apresentavam menores Taxas de Filtração Glomerular ao final de 1 ano pós-transplante, tinham maiores volumes glomerulares na biópsia pré-implantação porém, tal padrão não se repetiu em 5 anos pós-transplante, nos levando a aventar a hipótese de que o volume glomerular influencia na função do enxerto apenas em um período curto pós-transplante e/ou que pode existir uma adaptação fisiológica do glomérulo em um período médio pós-transplante. Além disso, avaliamos o impacto da presença de lesões arteroscleróticas, na biópsia pré-implantação, na função do enxerto renal pós-transplante. Encontramos que rins com arterosclerose severa apresentavam menores Taxas de Filtração Glomerular no 1º e 6º meses pós-transplante e tais resultados não se repetiam no 5º ano de acompanhamento, provavelmente porque neste período já não mais existiam números comparáveis estatisticamente de receptores com arterosclerose severa e rins funcionantes. Pudemos observar também que a Nefropatia Crônica do Enxerto foi a principal causa de falência do enxerto renal após o 1º ano de transplante e que a Hipertensão Arterial Sistêmica e o Diabetes Mellitus, quando diagnosticados precocemente pós-transplante, diminuem a sobrevida do enxerto renal em 5 anos. Além disso, o Diabetes Mellitus também é fator para diminuição da sobrevida do receptor quando diagnosticada até 6 meses pós-transplante. A maioria dos rins provenientes de doadores falecidos com critérios expandidos apresentaram Tempo de Isquemia Fria menor que 24h e, quando comparados aos transplantes com mais de 24h, não houve diferença na sobrevida do enxerto renal nem na Taxa de Filtração Glomerular ao longo dos 5 anos de acompanhamento. Outros parâmetros que influenciaram na menor sobrevida do enxerto renal ao longo dos 5 anos pós-transplante foram: Rejeição Aguda Celular diagnosticada até a 2ª semana e infecções potencialmente graves diagnosticadas até o 3º mês. O tempo de Terapia Renal Substitutiva prévio ao transplante também impactou negativamente naTaxa de Filtração Glomerular porém, apenas até as 4 primeiras semanas pós-transplante, e não influenciou na sobrevida do enxerto renal em 5 anos. Entre receptores de rins de doadores falecidos com critérios expandidos, observamos que não houve diferença na sobrevida do enxerto em 5 anos entre pacientes menores e maiores de 60 anos de idade..
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Citação
São Paulo: [s.n.], 2010. xiii, 68 p.