A importância do efeito materno durante a ocupação de áreas com diferentes regimes térmicos em populações de lagartos Tropidurus imbituba
Data
2024-08-30
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
A temperatura é um fator preponderante para o desenvolvimento em espécies ovíparas de Squamata, que estão limitadas ao local de postura do ovo amniótico. Frente às variações térmicas ambientais, é de se esperar que indivíduos parentais possuam uma gama de mecanismos para garantir a eclosão e crescimento dos filhotes e, consequentemente, seu sucesso reprodutivo. Um desses mecanismos é o efeito materno, definido como a capacidade da fêmea de moldar o fenótipo da prole de acordo com as pistas que recebe do ambiente. O que determina as estratégias utilizadas e sua importância evolutiva ainda é pouco compreendido. Espera-se que o efeito materno seja favorecido em ambientes heterogêneos, onde as pistas maternas serão determinantes para sobrevivência da prole; enquanto em ambientes homogêneos, as condições de desenvolvimento da prole de diferentes fêmeas são similares e as características do filhote seriam determinadas principalmente pelo próprio genótipo. Lagartos tropiduríneos são um bom sistema de estudo para compreender melhor o papel do efeito materno na ocupação de novos ambientes, uma vez que ocupam ambientes que variam em sua complexidade térmica e estrutural. Nesse sentido, o presente trabalho teve por objetivo compreender de que forma populações de Tropidurus imbituba que ocupam ambientes heterogêneos, representados por áreas urbanas, e homogêneos, representados por áreas de restinga, se diferenciam nas estratégias maternas. A hipótese geral testada foi a de que haveria maior manipulação materna sobre a prole em áreas de maior heterogeneidade térmica. De forma específica, esperava-se que: 1) fêmeas de áreas urbanas investissem em ninhadas com maior número de ovos em comparação a fêmeas de restinga; 2) fêmeas grávidas de áreas urbanas apresentassem temperaturas preferenciais mais altas; 3) embriões provenientes de ambiente urbano apresentassem taxas de desenvolvimento mais aceleradas. Os resultados mostram que a ocupação de um ambiente heterogêneo não esteve associada a uma maior manipulação materna da prole. Em ambientes urbanos, fêmeas investiram em ovos maiores. Em ambientes de restinga, fêmeas grávidas apresentaram menores temperaturas preferenciais em relação a fêmeas não grávidas. Embriões provenientes de ambos os tipos de ambiente apresentaram as mesmas taxas de desenvolvimento. Investigar o sucesso da prole associado às características de cada ambiente pode ajudar a elucidar se essas diferentes estratégias são adaptativas.
Temperature is a key factor during development in oviparous Squamata species, that are limited to the nest site conditions. It is expected that, due to environmental thermal variations, parents have a range of mechanisms to guarantee that the eggs hatch and, consequently, improve their reproductive success. One example is maternal effects, defined as the female ability to manipulate offspring phenotype in response to environmental clues. What determines the strategies used and their evolutionary role is little understood. It is expected that, in heterogeneous environments, female clues will be imperative for offspring survival; meanwhile, homogenous environments will favor offspring genotype, since environmental conditions will be similar among developing embryos. Tropidurinae lizards were chosen as study model since they occupy a range of environments, that vary in thermal and structural complexity. Our goal then, was to understand how populations of Tropidurus imbituba occupying heterogeneous environments, represented by urban areas, and homogeneous environments, represented by restinga areas, differ in maternal strategies. The main hypothesis was that maternal manipulation would be greater in heterogenous environments. Specifically, we expected that: 1) in urban areas, females would favor large clutches, compared to restinga females; 2) pregnant females from urban areas would have higher thermal preferences; 3) embryos from urban areas would have higher developmental rates. Our results show that the occupation of a heterogeneous environment is not associated to a greater maternal manipulation. In urban environments, females invested in larger eggs; in restinga areas, pregnant females selected lower temperatures compared to non-pregnant ones. Investigate hatchling success associated to environmental conditions will help elucidate if different female strategies are adaptive in their own environment.
Temperature is a key factor during development in oviparous Squamata species, that are limited to the nest site conditions. It is expected that, due to environmental thermal variations, parents have a range of mechanisms to guarantee that the eggs hatch and, consequently, improve their reproductive success. One example is maternal effects, defined as the female ability to manipulate offspring phenotype in response to environmental clues. What determines the strategies used and their evolutionary role is little understood. It is expected that, in heterogeneous environments, female clues will be imperative for offspring survival; meanwhile, homogenous environments will favor offspring genotype, since environmental conditions will be similar among developing embryos. Tropidurinae lizards were chosen as study model since they occupy a range of environments, that vary in thermal and structural complexity. Our goal then, was to understand how populations of Tropidurus imbituba occupying heterogeneous environments, represented by urban areas, and homogeneous environments, represented by restinga areas, differ in maternal strategies. The main hypothesis was that maternal manipulation would be greater in heterogenous environments. Specifically, we expected that: 1) in urban areas, females would favor large clutches, compared to restinga females; 2) pregnant females from urban areas would have higher thermal preferences; 3) embryos from urban areas would have higher developmental rates. Our results show that the occupation of a heterogeneous environment is not associated to a greater maternal manipulation. In urban environments, females invested in larger eggs; in restinga areas, pregnant females selected lower temperatures compared to non-pregnant ones. Investigate hatchling success associated to environmental conditions will help elucidate if different female strategies are adaptive in their own environment.