Poliformismos do gene do receptor da vitamina D no diabetes melito do tipo 1

Data
2008
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
A presença de receptores para a 1 25-dihidroxivitaminaD3 nas células do sistema imune e células beta pancreáticas, entre outros tecidos, tem ampliado os estudos sobre as ações desse hormônio. Esta é a única forma metabolicamente ativa da vitamina D e age através da ativação dos receptores nucleares da vitamina D. Polimorfismos do gene do receptor da vitamina D (RVD) vêm sendo estudados como marcadores de suscetibilidade genética para o Diabetes Melito tipo 1 (DM1) e para Doença Auto-imune da tiróide. Neste estudo, no primeiro artigo, avaliamos a frequência dos polimorfismos do RVD BsmI (rs154410) e FokI (rs10735810) e sua relação com a função residual das células beta pancreáticas em um grupo de indivíduos com DM1 brasileiros. Não observamos diferenças nas frequências do polimorfismo FokI entre os indivíduos com DM1 e grupo controle (C). No entanto, nos indivíduos com DM1 e homozigose ou heterozigose para esse polimorfismo observamos uma tendência à menor função residual da célula beta (5,8% vs. 14,3%, genótipos ff e Ff vs. FF, p=0,07), sem diferenças nas características clínicas e laboratoriais avaliadas. Em relação ao polimorfismo BsmI observamos maior frequência de homozigose e heterozigose no grupo C em relação ao DM1 (79,1% vs 66,1%, p= 0,006) e, os indivíduos com DM1 e esse polimorfismo apresentavam idade maior ao diagnóstico (bb e Bb 10,7±4,9 vs. BB 9,3±4,5 anos, p=0,061), sem diferenças na função residual da célula beta. No segundo artigo, analisamos o polimorfismo do RVD FokI nos indivíduos com DM1 e concomitância de Disfunção Tiroidiana (DT). Consideramos como DT hipotiroidismo ou hipertiroidismo. Observamos maior frequência desse polimorfismo nos indivíduos com DM1 e DT (ff e Ff 73,9% com DT vs. 52,7 % sem DT, p= 0,05). Nesses indivíduos observamos também maior frequência de DT no sexo feminino (72% com DT vs. 48,4% sem DT, p =0,02), maior positividade para o ATPO (80% com DT vs. 25% sem DT, p < 0,001) e para o anti-GAD (56% com DT vs. 30,3% sem DT, p= 0,01). Em resumo, nos indivíduos com DM1 na presença do polimorfismo do RVD FokI observamos uma tendência à menor função residual da célula beta pancreática e, na presença do polimorfismo BsmI observamos maior idade ao diagnóstico. Essas associações devem contribuir para a heterogeneidade dos resultados encontrada nos estudos que avaliam as relações da vitamina D com o DM1. Com respeito à associação do DM1 e DT, os dados clínicos e laboratoriais nos indivíduos desta amostra foram semelhantes aos já descritos na literatura. Entretanto, a maior frequência do polimorfismo do RVD FokI nos indivíduos com DM1 e DT colabora para a existência de uma possível sobreposição de mecanismos que envolvem a imunidade celular e que assim relacionam a vitamina D com a auto-imunidade presente nessas duas doenças.
The discovery of receptors for 1 ,25 dihydroxivitamin D3, the activated form of vitamin D, in pancreatic beta cells and cells of the immune system, has broadened the view of the role of this hormone. It acts through activation of the vitamin D receptor (VDR) that is encoded by a gene located in chromosome 12q-12. Several polymorphisms have been described for VDR gene but studies using these polymorphisms as genetic markers of type 1 diabetes mellitus (T1DM) and autoimmune thyroid disease showed controversial results. We studied the frequency of VDR FokI (rs10735810) and BsmI (rs154410) in T1DM individuals and their relationship to residual beta cell function. The frequency of VDR FokI polymorphism was similar between T1DM and control group (C), however, we found lower residual beta cell function in T1DM with homozygosis or heterozygosis for this polymorphism (5.8% vs. 14.3%, genotypes ff plus Ff vs. FF, p=0.07), with similar clinical and laboratory characteristics. The BsmI was more frequent in the C (bb plus Bb genotypes 79.1% C vs. 66.1% T1DM, p=0.006) but T1DM with this polymorphism were older at clinical diagnosis (10.7 ± 4.9 vs 9.3 ± 4.5 y.o, genotypes bb plus Bb vs. BB, p=0.061). In addition, we analyzed the VDR Polymorphism FokI (rs10735810) in Brazilian T1DM with Thyroid Dysfunction (TD), considered as both hypothyroidism and hyperthyroidism. We observed higher prevalence of this polymorphism in individuals with associated T1DM and TD (ff and Ff genotypes 73.9% with TD vs. 52.7 % without TD, p=0.05). TD was more prevalent in female T1DM patients (72 % vs. 48.4 %, p=0.02), and we also observed higher frequency of positivity to TPOAb (80% with TD vs. 25% without TD, p < 0.001) and to GADAb (56% with TD vs. 30.3% without TD, p=0.01). In conclusion, Brazilian T1DM patients with VDR FokI polymorphism had lower residual beta cell function and those with BsmI were older at clinical diagnosis. These associations may contribute to heterogeneity of results found in relationships studies of vitamin D and T1DM. Moreover, clinical characteristics and laboratory data of T1DM associated with thyroid dysfunction were similar with known data from literature. However, we observed in those patients a higher frequency of VDR FokI polymorphism, suggesting that this VDR polymorphism could be responsible by a part of the common mechanisms present in these two frequent endocrine autoimmune diseases and its relation with vitamin D.
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Citação
MORY, Denise Barretto. Polimorfismos do gene do receptor da vitamina D no diabetes melito do tipo 1: relação com a função residual da célula beta pancreática e com a doença auto-imune da tiróide. 2008. 102 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2008.