Saúde mental e moradia: as relações que permeiam os espaços sob a ótica dos usuários dos CAPS de Santos/SP
Data
2020-06-26
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
On the basis of the transformations occurred in the way of caring in mental health and psychosocial rehabilitation, this research aims to illustrate the housing situation as one of the permeable dimensions of individuals’ lives, which refers to the legitimacy of social relations, within the perspective of the individuals with intense mental suffering (CAPS III) in the municipality of Santos/SP. The research aims to perceive the significance of housing from the point of view of these population and to show awareness of how they appropriate their homes, as well, considering the relations which permeate the space in which they live. The present study favours the qualitative research in order to explore the social reality and the dynamism of individuals, drawing on the technique of Thematic Content Analysis for analysis on the evidence gathered trhough semi-structured interviews. The present research has been developed with 10 users, 2 users from each of the five branches of CAPS situated in Santos/Sao Paulo. Besides the characterization of the territory, the profile of these participants has been also pointed out. The analysis of the data collected was divided into three categories: Conception of Housing, Ways of Inhabiting, Appropriation of Space, and relations with the environment. This study identified how the conception of housing is related to protection, individuality, and affective memories, which contribute to one’s self construction. Although the ways of inhabiting might be varied, they are alike in several important aspects. The modes of space appropriation and relations reveal that life in freedom allows people under deep psychic suffering to rearrange and construct themselves according to the daily experiences (which demand some skill levels) essential to one’s expression of autonomy and citizenship in a perspective of life self management. However, these relations are marked by a strong ambivalence. As they provide exchanges, affection and encounters, they also highlight fragilities when people are limited to only some spaces, services, and specific individuals, not feeling they are part of a whole that flows around the city in its vast dynamics. Therefore it is concluded that even when care in freedom is available, it seems there are still some gaps that make an effective participation in the social field difficult.
Com base nas transformações ocorridas nos modos de cuidar em saúde mental e na reabilitação psicossocial, esta pesquisa busca compreender o cenário da moradia como uma das dimensões permeáveis da vida dos sujeitos, que remete à legitimidade das relações sociais, dentro da perspectiva das pessoas com sofrimento psíquico intenso que fazem acompanhamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS III) do município de Santos-SP. O objetivo da pesquisa é apreender os significados da moradia a partir da ótica desta população e conhecer a forma como se apropriam de suas casas, considerando também as relações que permeiam o espaço que vivem. Este estudo privilegia a pesquisa qualitativa no intuito de explorar a realidade social e o dinamismo da vida individual e coletiva dos sujeitos, utilizando-se da técnica da Análise de Conteúdo (Temática) para análise dos materiais obtidos através de entrevistas semiestruturadas. A pesquisa foi desenvolvida com dez usuários dos cinco CAPS de Santos/SP, sendo dois participantes de cada unidade. Além da caracterização do território, também foi evidenciado o perfil dos participantes da pesquisa. A análise dos dados foi dividida em três categorias: Concepção de moradia; Formas de morar; Apropriação do espaço e Relações com o Meio. O estudo identificou o quanto a noção de casa está atrelada à proteção, individualidade e memórias afetivas que corroboram para a construção do sujeito. As formas de morar, embora sejam plurais, se assemelham em diversos aspectos importantes. As formas de apropriação dos espaços e das relações demonstram que a vida em liberdade permite que as pessoas com sofrimento psíquico intenso se rearranjem e se construam de acordo com as vivências cotidianas (que demandam mais ou menos níveis de habilidade) fundamentais para o exercício de autonomia e cidadania dentro de uma perspectiva de auto gestão da vida. Contudo, estas relações são marcadas por uma forte ambivalência, à medida que estas relações proporcionam trocas, afetos e encontros, elas também evidenciam suas fragilidades, quando estas pessoas são limitadas à alguns espaços, serviços e pessoas específicas, não se sentindo parte de um todo que circula pela cidade em seu vasto dinamismo. Conclui-se que mesmo tendo acesso a um cuidado em liberdade, existem algumas lacunas que ainda dificultam uma efetiva participação no campo social.
Com base nas transformações ocorridas nos modos de cuidar em saúde mental e na reabilitação psicossocial, esta pesquisa busca compreender o cenário da moradia como uma das dimensões permeáveis da vida dos sujeitos, que remete à legitimidade das relações sociais, dentro da perspectiva das pessoas com sofrimento psíquico intenso que fazem acompanhamento nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS III) do município de Santos-SP. O objetivo da pesquisa é apreender os significados da moradia a partir da ótica desta população e conhecer a forma como se apropriam de suas casas, considerando também as relações que permeiam o espaço que vivem. Este estudo privilegia a pesquisa qualitativa no intuito de explorar a realidade social e o dinamismo da vida individual e coletiva dos sujeitos, utilizando-se da técnica da Análise de Conteúdo (Temática) para análise dos materiais obtidos através de entrevistas semiestruturadas. A pesquisa foi desenvolvida com dez usuários dos cinco CAPS de Santos/SP, sendo dois participantes de cada unidade. Além da caracterização do território, também foi evidenciado o perfil dos participantes da pesquisa. A análise dos dados foi dividida em três categorias: Concepção de moradia; Formas de morar; Apropriação do espaço e Relações com o Meio. O estudo identificou o quanto a noção de casa está atrelada à proteção, individualidade e memórias afetivas que corroboram para a construção do sujeito. As formas de morar, embora sejam plurais, se assemelham em diversos aspectos importantes. As formas de apropriação dos espaços e das relações demonstram que a vida em liberdade permite que as pessoas com sofrimento psíquico intenso se rearranjem e se construam de acordo com as vivências cotidianas (que demandam mais ou menos níveis de habilidade) fundamentais para o exercício de autonomia e cidadania dentro de uma perspectiva de auto gestão da vida. Contudo, estas relações são marcadas por uma forte ambivalência, à medida que estas relações proporcionam trocas, afetos e encontros, elas também evidenciam suas fragilidades, quando estas pessoas são limitadas à alguns espaços, serviços e pessoas específicas, não se sentindo parte de um todo que circula pela cidade em seu vasto dinamismo. Conclui-se que mesmo tendo acesso a um cuidado em liberdade, existem algumas lacunas que ainda dificultam uma efetiva participação no campo social.