Ingestão de baixa ou alta concentração de etanol durante a gestação e lactação: efeitos sobre o desenvolvimento pós-natal da prole e avaliação de susceptibilidade a transtornos mentais na idade adulta

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Data
2024-06-07
Autores
Freitas, Thalma Ariani [UNIFESP]
Orientadores
Silva, Regina Helena [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introdução: A dependência ao etanol é um transtorno que afeta o mundo, podendo atingir pessoas de ambos os sexos, diferentes idades e condições socioeconômicas. Seu uso abusivo leva a sérios efeitos deletérios sobre os diversos sistemas orgânicos e seu uso por gestantes pode provocar no feto problemas no desenvolvimento, metabolismo, além do risco da síndrome alcoólica fetal (SAF). A prevalência da SAF completa é em torno de 1-2 em cada 1000 nascimentos, e ocorre quando a gestante utiliza grande quantidade de etanol. No entanto, ainda não se sabe se existe uma dose segura de etanol que pode ser consumida durante a gestação e quais as consequências do uso de baixas doses no desenvolvimento. Além dos problemas na gestação, temos a fase de lactação, extremamente importante para os recém-nascidos, pois além de suas funções nutricionais e imunoprotetoras, também impacta o desenvolvimento adequado do sistema nervoso central. O etanol, consumido pela mãe durante a lactação passa para o recém-nascido, entretanto, poucos são os relatos das consequências de seu uso durante esse período. Os existentes são poucos, tanto para os efeitos sobre o recém-nascido, mas principalmente quando se trata de avaliar as consequências em períodos posteriores ao nascimento. Objetivos: Analisar as consequências do consumo de baixas e altas concentrações de etanol pelas mães durante a gestação e lactação sobre a prole de ratos. Para isto analisamos parâmetros nutricionais da mãe e filhotes, o comportamento maternal, desenvolvimento físico e neurocomportamental da prole e a susceptibilidade a transtornos psiquiátricos na idade adulta por meio de testes comportamentais. As ratas foram divididas em quatro grupo: Etanol (2% ou 12%), Controle Manipulado (filhotes submetidos aos testes) e Controle Não Manipulado (filhotes foram submetidos apenas aos testes da idade adulta). Resultados: As mães do grupo 12%EtOH apresentaram, principalmente durante a lactação, redução no consumo de líquido, ração e calorias ingeridas. Os filhotes dos grupos 2%EtOH e 12%EtOH apresentaram atrasos nos parâmetros de desenvolvimento físico, como aparecimento do lanugo e abertura do ouvido. Já na idade adulta, apresentaram redução na ansiedade e comportamento de risco, porém as diferenças mais expressivas foram encontradas em relação ao grupo que não sofreu manipulação, sendo semelhante ao grupo que sofreu a mesma manipulação e cujas mães não ingeriram etanol. Conclusão: Podemos concluir que o etanol causa prejuízo na prole no que diz respeito ao desenvolvimento, com impacto maior nas fêmeas. Entretanto, mas mais investigações são necessárias para saber se essas alterações se estendem até a idade adulta. De toda a forma, nossos resultados fornecem evidências para a recomendação de evitar o consumo de etanol, mesmo em baixa concentração, durante a gestação e lactação.
Introduction: Ethanol dependence is a disorder that affects people worldwide, impacting individuals of both sexes, various ages, and different socioeconomic conditions. Its abusive use leads to serious deleterious effects on various organic systems, and its use by pregnant women can cause developmental and metabolic issues in the fetus, as well as the risk of fetal alcohol syndrome (FAS). The prevalence of complete FAS is around 1-2 in every 1,000 births and occurs when the pregnant woman consumes a large amount of ethanol. However, it is still unclear whether there is a safe dose of ethanol that can be consumed during pregnancy and what the consequences of using low doses on development are. In addition to pregnancy issues, there is the lactation phase, which is extremely important for newborns, as it not only provides nutritional and immunoprotective functions but also impacts the proper development of the central nervous system. Ethanol consumed by the mother during lactation passes to the newborn; however, there are few reports on the consequences of its use during this period. The existing reports are few, both regarding the effects on the newborn and especially when it comes to evaluating the consequences in periods after birth. Objectives: To analyze the consequences of the consumption of low and high concentrations of ethanol by mothers during pregnancy and lactation on the offspring of rats. For this, we analyzed the nutritional parameters of the mother and offspring, maternal behavior, physical and neurobehavioral development of the offspring, and susceptibility to psychiatric disorders in adulthood through behavioral tests. The rats were divided into four groups: Ethanol (2% or 12%), Manipulated Control (offspring subjected to tests), and Non-Manipulated Control (offspring were only subjected to adulthood tests). Results: Mothers in the 12%EtOH group showed, especially during lactation, a reduction in liquid, food, and calorie intake. Offspring in the 2%EtOH and 12%EtOH groups showed delays in physical development parameters, such as the appearance of lanugo and ear opening. In adulthood, they showed a reduction in anxiety and risk-taking behavior; however, the most significant differences were found concerning the non-manipulated group, being similar to the group that underwent the same manipulation and whose mothers did not consume ethanol. Conclusion: We can conclude that ethanol causes impairment in the offspring concerning development, with a greater impact on females. However, further investigations are necessary to determine if these changes extend into adulthood. In any case, our results provide evidence for the recommendation to avoid ethanol consumption, even in low concentrations, during pregnancy and lactation.
Descrição
Citação
FREITAS, Thalma Ariani. Ingestão de baixa ou alta concentração de etanol durante a gestação e lactação: efeitos sobre o desenvolvimento pós-natal da prole e avaliação de susceptibilidade a transtornos mentais na idade adulta. 2024. 223 f. Tese (Doutorado em Farmacologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2024.