Imagem corporal em deficientes físicos que praticam esporte
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Data
2016-12-06
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
Estudos sobre esquema corporal e imagem inconsciente do corpo tiveram importante desenvolvimento no século XX com a publicação de A Imagem do Corpo: As Energias Construtivas da Psique, pelo psicanalista Paul Schilder em 1950. O presente estudo toma como principais referenciais teóricos os trabalhos posteriores de Françoise Dolto e o contemporâneo de Gilberto Safra. Dolto relaciona esquema corporal com a experiência da realidade do organismo, e a imagem corporal à subjetividade e sua história, indicando a possibilidade desses referentes não coincidirem. Safra compreende o self como uma organização dinâmica que acontece no processo maturacional que pode ser visto em forma orgânica, nos diferentes sentidos de realidade; nelas, as vivências de um sujeito e seu estilo de ser constituem-se esteticamente. O objetivo deste estudo foi investigar se o sujeito com esquema corporal limitado por uma deficiência física em membros inferiores, que pratica esporte, apresenta uma imagem corporal inconsciente sem as mesmas limitações, uma vez que a participação de portadores de deficiência física em esportes é um meio de experimentarem movimentos e sensações que ultrapassam as limitações de seu esquema corporal. Para tal, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e um desenho de figura humana seguido de inquérito com dois grupos: um com deficientes físicos que praticam esporte e outro com deficientes físicos que não praticam esporte. Observou-se uma diferença na imagem corporal entre os dois grupos, estando mais bem preservada nos deficientes físicos que praticam esporte, o que poderia estar relacionado ao fato do sujeito estabelecer uma relação capacitante com o esporte. Isto teria sido possível por haverem vivido a deficiência nos termos de uma castração simbolizadora, conceito de Dolto que associamos à aceitação da deficiência, mas não da incapacidade. A saída encontrada parece ter sido potencializar a parte do corpo não afetada pela deficiência, uma função compensatória em que a parte representaria o todo, como a sinédoque na linguagem.
Sendo assim, o incentivo à prática de esporte de sujeitos com esquema corporal limitado parece importante na inclusão social, em intervenções terapêuticas e em ações de promoção de saúde, uma vez que, segundo os resultados do estudo, uma atividade, como a prática do esporte, é capaz de modificar a imagem corporal inconsciente. Assim, o esporte parece ser um meio de recolocar o sujeito no mundo, ajudar na superação de problemas, aumentar a autonomia, ser um instrumento de reabilitação, além de favorecer a ampliação do círculo de relações de seus participantes.
Descrição
Citação
PAP, Amanda Diogo. Imagem corporal em deficientes físicos que praticam esporte. 2011. 115 f. Trabalho de conclusão de curso de graduação (Psicologia) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2011.