Lições da pandemia do Covid-19: papel da relação médico-paciente na adesão ao tratamento de crianças e adolescentes com doenças reumáticas crônicas imunomediadas com diagnóstico recente

Data
2021
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Introduction: Autoimmune rheumatic diseases (ARDs) have long-term treatments in common, leading to a great impact on the lives of patients, families and the health system. Studies on treatment adherence in the pediatric age group and on satisfaction with the health service are of great value. It is important to verify the risk of poor treatment adherence, especially during the COVID-19 pandemic. Objectives: To identify early on in pediatric patients recently diagnosed with ARDs the presence and risk of poor adherence to the recommended treatment approaches, through specific questionnaires and to associate them with a prospective assessment of patient adherence and their family’s satisfaction with health service during the COVID-19 pandemic. Methods: Prospective observational study with 50 parents and patients (26 children and 24 adolescents), with a recent diagnosis of ARDs, followed at a pediatric rheumatology clinic. The study was divided into two stages: in the first, patients and their guardians answered questions about demographic and disease data and the Pediatric Rheumatology Adherence Questionnaire (PRAQ). In the second stage (after 6 months), the questionnaires Test of Morisky-Green (TMG), Brief Medication Questionnaire (BMQ), Compliance Questionnaire for Rheumatology (CQR-19) and Pediatric Quality of Life Inventory version 3.0 PedsQl-SSS were applied and the adherence to treatment (global and to medications) was verified in the patients' records related to the last 12 weeks. Results: The mean age of patients was 10.2 ± 5.2 years and disease onset 9.6 ± 5.1 years. In the first assessment, the mean number of medications prescribed was 4.8 ± 2.5 and in the second assessment it was 5.0 ± 2.7. The mean score for global adherence was 94.3% ± 10.0 and for medication adherence, 97.3% ± 9.3. There were no associations between demographic characteristics, diagnosis, number of medications and compliance, neither no agreement between the TMG scores, BMQ, CQR-19, PRAQ, PedsQL-SSS and global adherence. On the other hand, there was agreement between these questionnaires and medication adherence. Although it was not observed a statistically significant correlation (via Spearman’s correlation) between the PRAQ score and the values of global and drug adherence to treatment (p= 0.111 and p=0.932 respectively), the levels of global adherence to treatment (90%) and adherence to drug treatment (94%) in our patients were high. In univariate logistic regression, no variable was found to be a predictor of good adherence. Conclusion: Our patients had very good global and medication adherence scores despite the COVID-19 pandemic. To our knowledge to date, there is no fully effective tool for predicting indicators of good treatment adherence.
Introdução: As doenças reumáticas imunomediadas (DRIMs) tem em comum tratamentos de longa duração levando a grande impacto na vida dos pacientes, familiares e para o sistema de saúde. Estudos sobre adesão ao tratamento na faixa etária pediátrica e sobre a satisfação com o serviço de saúde são de grande valor. É importante verificar o risco de má adesão ao tratamento especialmente durante a pandemia de COVID-19. Objetivos: Identificar precocemente em pacientes pediátricos diagnosticados recentemente com DRIMs o risco de má adesão às condutas indicadas para o tratamento, através de questionários específicos e associá-los com avaliação prospectiva de adesão dos pacientes e a satisfação deles e seus familiares com o serviço de saúde durante a pandemia de COVID-19. Métodos: Estudo observacional prospectivo com 50 pais e pacientes (26 crianças e 24 adolescentes), com diagnóstico recente de DRIMs, acompanhados em um ambulatório de reumatologia pediátrica. O projeto foi dividido em duas etapas: na primeira os pacientes e seus responsáveis responderam questões sobre dados demográficos, da doença e o Questionário de Adesão em Reumatologia Pediátrica (PRAQ). Na segunda etapa (após 6 meses), os instrumentos Teste de Morisky-Green (TMG), Brief Medication Questionnaire (BMQ), Compliance Questionnaire for Rheumatology (CQR-19) e Pediatric Quality of Life Inventory versão 3.0 (PedsQL-SSS) foram aplicados e verificou-se nos prontuários dos pacientes a adesão ao tratamento (global e às medicações) referente às últimas 12 semanas. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 10,2 ± 5,2 anos e de início da doença 9,6 ± 5,1 anos. Na primeira avaliação o número médio de medicações prescritas foi 4,8 ± 2,5 e na segunda avaliação foi de 5,0 ± 2,7. A média do escore de adesão global foi de 94,3% ± 10,0 e para adesão à medicação de 97,3% ± 9,3. Não se verificaram associações entre características demográficas, diagnóstico, quantidade de medicações e adesão, tampouco foi encontrada concordância entre os escores de TMG, BMQ, CQR-19, PedsQL-SSS e adesão global. Por outro lado observou-se concordância entre estes questionários e a adesão à medicação. Apesar de não observarmos correlação estatisticamente significante (via correlação de Spearman) entre os escores do PRAQ e os valores de adesão global e medicamentosa ao tratamento (p = 0,111 e p = 0,932 respectivamente), os níveis de adesão global ao tratamento (90%) e de adesão ao tratamento medicamentoso (94%), em nossa casuística foram elevados. Na regressão logística univariada nenhuma variável se mostrou preditora de boa adesão. Conclusão: Os nossos pacientes apresentaram escores de adesão global e às medicações muito bons apesar da pandemia de COVID-19. Familiares dos pacientes incluídos no estudo relataram alta satisfação com o serviço de saúde. Pelo nosso conhecimento até o presente momento, não há uma ferramenta totalmente eficaz na predição de indicadores de boa adesão ao tratamento.
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