Avaliação da saúde feminina em pacientes com hepatite autoimune acompanhadas em ambulatório de referência em hepatologia

Carregando...
Imagem de Miniatura
Data
0024-01-31
Autores
Mascarenhas, Marjorie Desirèe Medrado [UNIFESP]
Orientadores
Ferraz, Maria Lúcia Cardoso Gomes [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introdução: A hepatite autoimune (HAI) é uma doença hepática pouco comum, com etiologia complexa, que envolve interações entre fatores genéticos e ambientais. A incidência é de 1,37/100.000 habitantes, com variações nas diversas regiões do mundo. HAI caracteriza-se por acometer com maior frequência o sexo feminino, especialmente em idade reprodutiva, com proporção de mulheres para homens de 3:1. Com isso, a saúde da mulher torna-se um campo de estudo importante nesta doença, visando o aperfeiçoamento do aconselhamento pré-concepção, manejo durante gestação, assim como orientações quanto à menarca, vida sexual, climatério e menopausa. Objetivo: Descrever os aspectos da saúde feminina em pacientes com HAI, identificando aspectos próprios das diferentes faixas etárias e aqueles relacionados às gestações e suas eventuais complicações; e comparar os achados com os dados disponíveis para população geral feminina no Brasil. Materiais e Métodos: Pacientes do sexo feminino com diagnóstico de hepatite autoimune acompanhadas no Centro de Tratamento de Doenças do Fígado e Intestino da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP/EPM, durante o ano de 2022, foram convidadas a responder a um questionário sobre a saúde feminina, abordando questões sobre antecedentes médicos, histórico menstrual, atividade sexual, métodos contraceptivos, histórico gestacional, planejamento familiar e antecedentes ginecológicos. Foram coletados de prontuário dados sorológicos, histopatológicos e desfechos clínicos das pacientes incluídas no estudo. Resultados: Foram incluídas no estudo 94 pacientes, para as quais foi aplicado o questionário padronizado sobre saúde feminina. A mediana de idade à apresentação foi de 41±17,8 anos (18% com diagnóstico antes dos 18 anos). A HAI tipo I correspondeu a 84% da população do estudo e cirrose estava presente na abertura do quadro em 32% dos casos. Doença autoimune extra-hepática ocorreu em 20% e a comorbidade mais prevalente foi orteoporose/osteopenia (em 51,2%). Quanto aos aspectos da saúde feminina, o fluxo menstrual foi considerado regular em 67% da casuística e não houve relato de amenorreia primária. Dos pacientes com relato de doença sexualmente transmissível (N=14) a mais prevalente foi HPV, referida por 50% das pacientes. O método contraceptivo mais utilizado foi o método de barreira, em 35% da população. Em relação ao histórico gestacional, considerando um total de 70 pacientes, houve complicações obstétricas em 30% das pacientes, em maior número do que na população geral, estimada em 4,25%. Aborto espontâneo ocorreu em 31% das pacientes (cerca de 14% em dados da população brasileira) e parto prematuro em 11,4% (10% na população geral no Brasil). Apenas cerca de metade das pacientes relataram ter tido gravidez planejada e 96% realizaram de pré-natal. O parto foi cesárea em 45% dos casos. Complicações gestacionais não se associaram à presença de cirrose ao diagnóstico. Aproximadamente 70% das pacientes amamentaram e 47% o fizeram por mais de 6 meses. Câncer de mama foi diagnosticado em 2% das pacientes e não houve relato de outros tipos de câncer ginecológico. Sintomas de climatério foram descritos em 53% da população que relataram ter entrado na menopausa (N=57). 67,3% da população da nossa casuística tiveram diagnóstico de HAI após a menopausa. Por outro lado, insuficiência ovariana precoce (antes de 40 anos) ocorreu em 17% das pacientes (1% na população geral). Conclusões: Houve maior ocorrência de aborto espontâneo, parto prematuro e natimorto na população com HAI, quando comparado a dados da população geral. Por outro lado, a cirrose hepática não se relacionou a uma maior taxa de complicações gestacionais. A insuficiência ovariana precoce (antes de 40 anos) foi mais frequente do que na população geral (17%x1%). Como achado relevante, cerca de 50% das gestações foram não planejadas, reforçando a necessidade de orientação educacional mais intensa para pacientes com HAI sobre os diversos aspectos da saúde feminina, o que poderia evitar complicações e desfechos desfavoráveis.
Descrição
Citação
MASCARENHAS, Marjorie Desirèe Medrado. Avaliação da saúde feminina em pacientes com hepatite autoimune acompanhadas em ambulatório de referência em hepatologia. 2024. 80 f. Dissertação (Mestrado em Gastroenterologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, 2024.