Encaminhamentos escolares: ressonâncias e dissonâncias entre profissionais de educação e de saúde
Data
2015-09-23
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
In this work, we analyze the social representations of education and health professionals that focus on emerging issues in the schooling process culminating in the school referral of students with demands of learning and or behavioral. Focusing on a critical analysis of social devices connected to school referrals, the objective of this study focuses on those referrals to understand and analyze the social representations - systems of values, ideas and beliefs - that regulate the logic and the maintenance of school referrals, related to school complaints, by education and health professionals. We are interested, particularly, to understand the practices and analyze the conceptions present in the route through which passes the student identified with learning difficulties and or behavioral problem. Became relevant the inter-institutional and intra-institutional relationship between the surveyed professionals and, through the analysis of this relational plot, studied in the narratives of participants the points of intersection seeking to focus the resonances and dissonances related to school referrals. Thus, we investigated the route of referrals of a Municipal School, located on the periphery of the east zone of the São Paulo city to the Center of Training and Monitoring to Inclusion (Cefai), service of the Municipal Department of Municipal Education whose main objectives is to develop training activities, guide teachers and coordinators and monitor pupils with special educational needs. Specifically, our focus was centered on the experts from Multidiscilinary Team of the Project Program Network includes, since they are responsible for screening students with school complaints, referred by schools. We focus the study on semi-structured interviews in school with two teachers in the early years of primary school, also interviewed the director, an educational coordinator and assistant director. At the Center, we interviewed the coordinator of the service and a support teacher that accompaniment to inclusion, also the psychologist, the speech therapist and the social worker, professionals who make up the Multidisciplinary Team. Another focus of analysis and discussion were the institutional documents that underlying the actions to be taken in cases of school referrals, besides the own referrals reports produced by the school in 2013. In support the research we conducted field observations, whose analyzes made up the elements of this study. The data produced were analyzed with the support of Moscovici studies on Social Representations and of the literature concerning the matter. The representations show that the referrals performed by the School is, in its origin, a call for help when it is confronted by the a student who flees the standard of learning. However, the representations reveal frustrated expectations, cases without return, because the services does not support, since they are seen as inconclusive situations, both by the interviewed in school as by the Multidisciplinary Team. The network of ideas that supports the referrals brings a multitude of representations that are anchored in the biological pathologization, in the culpability of the student and their families and in the social determinism, and where the social is often the key to organic. Also present, conceptions focused on the culpability of the teachers and of the schools, especially when the speaker are further away from the classroom. The multiplicity of representations shows that none of them fulfil the complexity involved in learning in school and opens opportunity for other representations, which began to consider the possibility of acting in network and add skills.
Neste trabalho, analisamos as representações sociais de profissionais de educação e de saúde que se debruçam nas questões emergentes no processo de escolarização que culminam no encaminhamento escolar do aluno com demandas de aprendizagem e ou de comportamento. Com foco em uma análise crítica dos dispositivos sociais ligados aos encaminhamentos escolares, o objetivo deste estudo se centra nesses encaminhamentos para apreender e analisar as representações sociais - os sistemas de valores, ideias e crenças - que regulam a lógica e a manutenção dos encaminhamentos escolares, relacionados às queixas escolares, por parte de profissionais da educação e da saúde. Interessou-nos, particularmente, compreender as práticas e analisar as concepções presentes no percurso pelo qual passa o aluno identificado com dificuldade de aprendizagem e ou problema de comportamento. Tornou-se relevante a relação interinstitucional e intrainstitucional entre os profissionais pesquisados e, por meio da análise dessa trama relacional, estudamos nas narrativas dos participantes, pontos de intersecção, buscando focar as ressonâncias e as dissonâncias referentes aos encaminhamentos escolares. Com isso, investigamos o percurso dos encaminhamentos de uma Escola da Rede Municipal de Ensino, localizada na periferia da região leste da cidade de São Paulo para o Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), serviço da Secretaria Municipal de Educação que tem como principais objetivos desenvolver ações de formação, orientar professores e coordenadores e acompanhar alunos com necessidades educacionais especiais. Especificamente, nosso foco se centrou nas especialistas da Equipe Multidisciplinar do Projeto Rede do Programa Inclui, uma vez que são elas as responsáveis pela triagem dos alunos, com queixas escolares, encaminhados pelas escolas. Centramos o estudo em entrevistas semiestruturadas, na Escola, com duas professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental, entrevistamos também o diretor, uma coordenadora pedagógica e uma assistente de direção. No Centro, entrevistamos a coordenadora do serviço e uma professora de apoio e acompanhamento à inclusão, além da psicóloga, Fonoaudióloga e assistente social, profissionais que compõem a Equipe Multidisciplinar. Outro foco de análise e discussão foram os documentos institucionais, que embasam as condutas a serem tomadas nos casos de encaminhamentos escolares, além dos próprios relatórios de encaminhamentos produzidos pela escola no ano de 2013. Para alicerçar a pesquisa realizamos observações de campo, cujas análises compuseram os elementos deste estudo. Os dados produzidos foram analisados com apoio dos estudos de Moscovici sobre Representações Sociais e da literatura pertinente ao tema. As representações mostraram que o encaminhamento realizado pela Escola é, em sua origem, um pedido de ajuda quando essa se vê diante do aluno que foge da norma do aprender. Porém, as representações revelam expectativas frustradas, casos sem retorno, pois os serviços não dão conta, uma vez que são situações vistas como inconclusas, tanto por parte dos entrevistados na Escola, quanto por parte da Equipe Multidisciplinar. A rede de ideias que sustenta os encaminhamentos traz uma multiplicidade de representações que se ancoram na patologização do biológico, na culpabilização do aluno e de suas famílias e no determinismo social, sendo o social, muitas vezes, a chave para o orgânico. Apresentam ainda, concepções com foco na culpabilização dos professores e da escola, especialmente, quando os que falam estão mais distantes da sala de aula. A multiplicidade de representações mostra que nenhuma delas dá conta da complexidade que envolve o aprender na escola e abre oportunidade para outras representações, que passam a considerar a possibilidade de atuar em rede e somar competências.
Neste trabalho, analisamos as representações sociais de profissionais de educação e de saúde que se debruçam nas questões emergentes no processo de escolarização que culminam no encaminhamento escolar do aluno com demandas de aprendizagem e ou de comportamento. Com foco em uma análise crítica dos dispositivos sociais ligados aos encaminhamentos escolares, o objetivo deste estudo se centra nesses encaminhamentos para apreender e analisar as representações sociais - os sistemas de valores, ideias e crenças - que regulam a lógica e a manutenção dos encaminhamentos escolares, relacionados às queixas escolares, por parte de profissionais da educação e da saúde. Interessou-nos, particularmente, compreender as práticas e analisar as concepções presentes no percurso pelo qual passa o aluno identificado com dificuldade de aprendizagem e ou problema de comportamento. Tornou-se relevante a relação interinstitucional e intrainstitucional entre os profissionais pesquisados e, por meio da análise dessa trama relacional, estudamos nas narrativas dos participantes, pontos de intersecção, buscando focar as ressonâncias e as dissonâncias referentes aos encaminhamentos escolares. Com isso, investigamos o percurso dos encaminhamentos de uma Escola da Rede Municipal de Ensino, localizada na periferia da região leste da cidade de São Paulo para o Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (Cefai), serviço da Secretaria Municipal de Educação que tem como principais objetivos desenvolver ações de formação, orientar professores e coordenadores e acompanhar alunos com necessidades educacionais especiais. Especificamente, nosso foco se centrou nas especialistas da Equipe Multidisciplinar do Projeto Rede do Programa Inclui, uma vez que são elas as responsáveis pela triagem dos alunos, com queixas escolares, encaminhados pelas escolas. Centramos o estudo em entrevistas semiestruturadas, na Escola, com duas professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental, entrevistamos também o diretor, uma coordenadora pedagógica e uma assistente de direção. No Centro, entrevistamos a coordenadora do serviço e uma professora de apoio e acompanhamento à inclusão, além da psicóloga, Fonoaudióloga e assistente social, profissionais que compõem a Equipe Multidisciplinar. Outro foco de análise e discussão foram os documentos institucionais, que embasam as condutas a serem tomadas nos casos de encaminhamentos escolares, além dos próprios relatórios de encaminhamentos produzidos pela escola no ano de 2013. Para alicerçar a pesquisa realizamos observações de campo, cujas análises compuseram os elementos deste estudo. Os dados produzidos foram analisados com apoio dos estudos de Moscovici sobre Representações Sociais e da literatura pertinente ao tema. As representações mostraram que o encaminhamento realizado pela Escola é, em sua origem, um pedido de ajuda quando essa se vê diante do aluno que foge da norma do aprender. Porém, as representações revelam expectativas frustradas, casos sem retorno, pois os serviços não dão conta, uma vez que são situações vistas como inconclusas, tanto por parte dos entrevistados na Escola, quanto por parte da Equipe Multidisciplinar. A rede de ideias que sustenta os encaminhamentos traz uma multiplicidade de representações que se ancoram na patologização do biológico, na culpabilização do aluno e de suas famílias e no determinismo social, sendo o social, muitas vezes, a chave para o orgânico. Apresentam ainda, concepções com foco na culpabilização dos professores e da escola, especialmente, quando os que falam estão mais distantes da sala de aula. A multiplicidade de representações mostra que nenhuma delas dá conta da complexidade que envolve o aprender na escola e abre oportunidade para outras representações, que passam a considerar a possibilidade de atuar em rede e somar competências.
Descrição
Citação
GONCALVES, Maria Rozineti. Encaminhamentos escolares: ressonâncias e dissonâncias entre profissionais de educação e de saúde. 2015. 216 f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, 2015.