Comportamento sexual e reprodutivo de mulheres indígenas no Alto Xingu, Mato Grosso, Brasil
Data
2015-05-26
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Historically, due to contact with colonizing fronts and economic expansion, indigenous peoples have experienced significant population loss, feeding pessimistic forecasts that pointed their disappearance. However, many indigenous peoples in Brazil are in the process of demographic recovery, growing more than the average of the population in recent decades due to high fertility rates among women of the group. This scheme is the result of cultural norms that regulate the size of families according to strategic needs of power and occupation of territories, aiming the operation of their complex systems of social organization. For this, they resort to deliberate practices to encourage and/or limitation of births - depending on the historical, cultural, political and economic context - such as age at marriage, postpartum sexual abstinence, abortions and late practices of birth control. However, the presence and the performance of health teams subsidized by the government or by the Academy within the Alto Xingu communities - where is the target population of this study - appear to inhibit the reporting of certain traditional practices that are doomed from the perspective of brazilian society. Researchers are faced with ethical limits by displaying knowledge of the continuity of these practices, since informants refuse to accept the maintenance of certain customs, such as abortion and late practices of birth control. This apparent inconsistency between theory and practice makes us reflect on the ethical limits of researchers and health professionals in dealing with traditional peoples, in view of the embarrassment and the limitation of sexual and reproductive rights of women of these communities and also reflect on the anthropologist?s place during fieldwork.
Historicamente, devido ao contato com frentes de colonização e expansão econômica, os povos indígenas sofreram uma significativa perda populacional, alimentando previsões pessimistas que apontavam seu desaparecimento. Entretanto, muitos povos indígenas no Brasil estão em processo de recuperação demográfica, crescendo mais que a média da população brasileira nas últimas décadas devido às altas taxas de fecundidade entre as mulheres do grupo. Este regime é fruto de padrões culturais que regulam o tamanho das famílias segundo necessidades estratégicas de poder e ocupação de territórios, visando o funcionamento de seus complexos sistemas de organização social. Para isso, recorrem a práticas deliberadas de incentivo e/ou limitação dos nascimentos - a depender do contexto histórico, cultural, político e econômico -, como idade ao casar, abstinência sexual pós-parto, abortos provocados e práticas tardias de controle da natalidade. Contudo, a presença e a atuação de equipes de saúde subsidiadas pelo governo ou pela Academia no interior das comunidades do Alto Xingu - onde se localiza a população alvo do presente estudo ? parecem inibir o relato de certas práticas ancestrais que são condenadas sob a ótica da sociedade brasileira. Pesquisadores deparam-se com limites éticos ao expor o conhecimento da continuidade destas práticas, uma vez que as informantes se negam a admitir a manutenção de certos costumes, como aborto e práticas tardias de controle da natalidade. Esta aparente incoerência entre o discurso e a prática nos leva a refletir acerca dos limites éticos de pesquisadores e profissionais de saúde ao lidarem com povos tradicionais, tendo em vista o constrangimento e a limitação dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres das comunidades atendidas e, ainda, refletir sobre o questionamento do lugar do antropólogo nos trabalhos de campo.
Historicamente, devido ao contato com frentes de colonização e expansão econômica, os povos indígenas sofreram uma significativa perda populacional, alimentando previsões pessimistas que apontavam seu desaparecimento. Entretanto, muitos povos indígenas no Brasil estão em processo de recuperação demográfica, crescendo mais que a média da população brasileira nas últimas décadas devido às altas taxas de fecundidade entre as mulheres do grupo. Este regime é fruto de padrões culturais que regulam o tamanho das famílias segundo necessidades estratégicas de poder e ocupação de territórios, visando o funcionamento de seus complexos sistemas de organização social. Para isso, recorrem a práticas deliberadas de incentivo e/ou limitação dos nascimentos - a depender do contexto histórico, cultural, político e econômico -, como idade ao casar, abstinência sexual pós-parto, abortos provocados e práticas tardias de controle da natalidade. Contudo, a presença e a atuação de equipes de saúde subsidiadas pelo governo ou pela Academia no interior das comunidades do Alto Xingu - onde se localiza a população alvo do presente estudo ? parecem inibir o relato de certas práticas ancestrais que são condenadas sob a ótica da sociedade brasileira. Pesquisadores deparam-se com limites éticos ao expor o conhecimento da continuidade destas práticas, uma vez que as informantes se negam a admitir a manutenção de certos costumes, como aborto e práticas tardias de controle da natalidade. Esta aparente incoerência entre o discurso e a prática nos leva a refletir acerca dos limites éticos de pesquisadores e profissionais de saúde ao lidarem com povos tradicionais, tendo em vista o constrangimento e a limitação dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres das comunidades atendidas e, ainda, refletir sobre o questionamento do lugar do antropólogo nos trabalhos de campo.
Descrição
Citação
MADEIRA, Sofia Pereira. Comportamento sexual e reprodutivo de mulheres indígenas no Alto Xingu, Mato Grosso, Brasil. São Paulo, 2015. 51 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2015.