Consequências do estresse de isolamento social a partir da adolescência sobre o efeito estimulante locomotor do etanol: envolvimento dos glicocorticoides e do sistema endocanabinoide
Data
2023-12-11
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
A exposição crônica ao estresse é considerada um fator importante de risco para o desenvolvimento de transtornos neuropsiquiátricos, como o transtorno por uso de substâncias, incluindo o etanol. O isolamento social durante a adolescência é um modelo animal utilizado para o estudo das consequências do estresse social nessa fase de intenso desenvolvimento neuronal. A ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), que resulta na liberação de glicocorticoides na corrente sanguínea, representa uma das principais respostas fisiológicas ao estresse. No entanto, a exposição crônica a estressores pode levar à desregulação da atividade do eixo HPA, o que parece estar associado ao aumento da vulnerabilidade para transtornos psiquiátricos, como por exemplo, a dependência de etanol. Ainda, a exposição repetida ao estresse parece alterar os mecanismos de modulação negativa do eixo HPA, exercida por receptores glicocorticoides (GR), mineralocorticoides (MR) e canabinoides do tipo 1 (CB1R). Diante disso, o presente projeto teve como objetivo avaliar, em camundongos Swiss machos, as consequências do isolamento social a partir da adolescência sobre a atividade locomotora, a ativação neuronal hipotalâmica, a concentração de corticosterona plasmática e a expressão dos receptores GR, MR e CB1R no hipotálamo, em resposta ao tratamento agudo com etanol, após desafio com um estressor heterotípico (nado forçado). Para isso, no experimento 1, camundongos Swiss machos foram ou não expostos a um protocolo de isolamento social a partir da adolescência, do dia pós-natal (DPN) 28 ao 61. No DPN 62, metade dos animais foi exposto a um estressor heterotípico (nado forçado) e, por fim, no DPN 63, receberam injeção intraperitoneal (i.p.) de etanol (2,2g/kg) ou salina, e a atividade locomotora foi avaliada por 15 minutos. Setenta e cinco minutos após essa avaliação, os camundongos foram perfundidos e seus encéfalos coletados para posterior análise da ativação neuronal do hipotálamo lateral (LH). No experimento 2, o protocolo experimental foi semelhante, com acréscimo de uma coleta de sangue para análise dos níveis de corticosterona plasmática, após o teste de nado forçado e, imediatamente após a avaliação da atividade locomotora, os animais foram eutanasiados e seus encéfalos coletados para posterior análise da expressão de GR, MR e CB1R no hipotálamo. Nossos resultados demonstraram que o estresse de isolamento social a partir da adolescência promoveu aumento de comportamentos do tipo depressivo, porém não alterou a atividade locomotora e a ativação neuronal hipotalâmica em resposta a administração de etanol. Ainda, a exposição dos animais ao protocolo do nado forçado promoveu aumento das concentrações plasmáticas de corticosterona, independentemente da exposição prévia ao estresse de isolamento social. Finalmente, o estresse de isolamento social aumentou a expressão de GR no hipotálamo de animais que foram submetidos ao nado forçado. Assim, nossos resultados sugerem que a exposição ao estresse durante a adolescência desencadeia modificações moleculares capazes de influenciar significativamente o comportamento em fases subsequentes do desenvolvimento.