Parâmetros bioelétricos e laboratoriais em adultos com doença falciforme

Data
2022-10-18
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
A doença falciforme (DF) é um grave problema de saúde pública mundial, caracterizada como uma síndrome clínica desencadeada pela presença de hemoglobina mutante, denominada hemoglobina S. O evento fundamental que causa as múltiplas consequências é a polimerização da HbS em condições de hipóxia. Quando isso ocorre, os eritrócitos assumem uma forma disforme e rígida promovendo processos patológicos que levam à inflamação intravascular, oclusão dos vasos e hemólise. Como fatores contribuintes do perfil inflamatório observa-se aumento da liberação de citocinas pró-inflamatórias. De modo geral, os processos patológicos afetam o estado nutricional desses indivíduos devido ao aumento da demanda metabólica. As alterações referentes ao metabolismo de energia e nutrientes em indivíduos falcêmicos irão interferir diretamente na composição corporal destes indivíduos. O objetivo desse trabalho foi avaliar o estado nutricional bem como avaliar os níveis plasmáticos de citocinas inflamatórias. Foram selecionados adultos com DF acompanhados no ambulatório de Anemias Hereditárias da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Para avaliação nutricional utilizou-se medidas antropométricas e dados bioelétricos incluindo a análise vetorial de impedância bioelétrica (BIVA). As dosagens bioquímicas foram realizadas pelo Laboratório Central do Hospital Escola da Universidade Federal de São Paulo. Os níveis plasmáticos de citocinas foram determinados por ELISA e realizados no Departamento de Bioquímica e Farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os indivíduos foram divididos em dois grupos: grupo 1 ou G1 (genótipo HbSS) e grupo 2 ou G2 (genótipo HbSC). O G2 apresentou média de peso (p=0,04) e medida de ângulo de fase (AF°) significativamente superior ao G1 (p=0,01). As análises da BIVA confiança demonstraram que havia diferenças entre adultos com DF (p=0,04) e a população de referência (p<0,001). As elipses de tolerância apresentaram uma tendência de maior densidade de pontos no quadrante superior indicando "menor hidratação" em comparação com a população de referência. Esses indivíduos com menor integridade na membrana celular apresentam pior prognóstico clínico, comprovado mediante parâmetros laboratoriais e avaliação de citocinas, consequentemente, pior prognóstico nutricional, com maior chance de mortalidade. Essas evidências apontam que os parâmetros de bioimpedância são ferramentas úteis, não invasivas, que podem auxiliar na avaliação nutricional e manejo clínico em indivíduos com DF.
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