“Uso da maconha para promoção do bem-estar: repercussões do uso e da proibição no cotidiano”

Data
2022-02-11
Tipo
Trabalho de conclusão de curso
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Resumo
A maconha é uma planta milenar usada pela humanidade que sofreu ao longo da história um processo de criminalização. São crescentes as evidências sobre suas potencialidades terapêuticas e a revisão da proibição de seu uso, seja para fins medicinais, seja para uso recreativo. Esse estudo partiu do pressuposto que a proibição atravessa as concepções sobre a planta, tendo como hipótese que a maconha é amplamente usada para a promoção do bem-estar das pessoas, seja sob prescrição médica, ou não. A proposta é uma aproximação ao cotidiano das pessoas que fazem uso da substância, em seus diferentes usos e apresentações, identificando possíveis efeitos biopsicossociais do seu uso e da sua proibição, sob o olhar da Terapia Ocupacional. Trata-se de um estudo exploratório que contou com um Painel de Especialistas como procedimento de qualificação do instrumento de coleta de dados, composto por representantes de Associações Canábicas, do Movimento Social Marcha da Maconha, pesquisadores sobre o tema de drogas, pesquisadoras do campo da Terapia Ocupacional e da área estatística. Foi disponibilizado em meio virtual um questionário de preenchimento anônimo, destinado a pessoas adultas moradoras no Brasil que fazem uso de maconha para seu bem-estar, alcançando 2777 participantes. Numa caracterização sociodemográfica, os participantes foram em sua maioria pessoas brancas, com idade entre 18 e 45 anos, cursando ou tendo concluído o ensino superior e pós graduação, sem filiação religiosa ou ateus/agnósticos, com renda familiar entre 1 a 5 salários mínimos, residindo com familiares, na Região Sudeste do país. Trataram-se de pessoas que fazem uso regular e diário de maconha, com idade do primeiro uso entre 12 a 20 anos, e que usam entre 1 a 20 anos. Foi realizada análise estatística onde variáveis-resposta foram escolhidas de modo a identificar possíveis fatores que ajudam a melhor compreender a complexidade dos atravessamentos do uso de uma substância ilícita tão largamente utilizada e que podem indicar maior exposição e possibilidades proteção aos efeitos cotidianos do uso e da proibição. Com vistas a contribuir com os conhecimentos desenvolvidos na terapia ocupacional acerca do uso de maconha, identificamos dialeticamente: a) a faixa etária e tempo de uso como fatores de associação em todas as variáveis de escolha, perpassando as dimensões da diversão, de ficar chapado e não conseguir cumprir tarefas, de ter problemas com a polícia, de exposição a modos perigosos de obtenção, ao uso diário e a utilização de estratégias de redução de danos; b) gênero presentificando nas dimensões da diversão, problemas com a polícias, modo de obtenção perigosa e uso diário; c) escolaridade associando-se à diversão, ficar chapado, uso diário e escolaridade; d) religião presente nas dimensões de se divertir, ficar chapado, modo de obtenção perigosa, uso diário, e) renda, tão somente em se divertir, uso diário; f) cor presente nas associações referentes a ficar chapado, problemas com a polícia e modo de obtenção perigosa. Nos indicando uma relação complexa e em movimento, em que configuram como fatores de proteção e risco, de modo a reconhecer a necessidade da ampliação dos estudos que se pautem mais pela experiência humana do uso de drogas, do que tão somente por prejuízos oriundos do consumo, que podem carregar traços de uma desejável desobediência civil.
Descrição
Citação
DAINESI, Natalia Cavalcante. “Uso da maconha para promoção do bem-estar: repercussões do uso e da proibição no cotidiano”. 2022. 60 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Terapia Ocupacional) - Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2022.
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