Características clínicas, laboratoriais e histológicas de pacientes com glomerulopatia membranosa após o transplante renal
Data
2016-10-31
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Introduction: Membranous nephropathy (MN) is one of the most common causes of nephrotic syndrome in the adult population, accounting for about 20% of cases. MN may occur in the transplanted kidney, either as a recurrent or de novo disease. Objetives: This study has the purpose to describe clinical, laboratorial and immunological characteristics of patients submitted to kidney transplantation that developed MN, and evaluate graft and patient survival in patients with post-transplant MN, as well as survival associated factors. Methods: In a retrospective cohort study of patients who were transplanted between 1983 and 2015 and had the diagnosis of MN in the graft, clinical, laboratorial and histopathological kidney parameters were evaluated. Results: 41 patients with post-transplant MN were identified. Men were predominant (58.5%), in the fourth or fifth decade of life. The etiology of end-stage renal disease (ESRD) was MN in 36.6% of the cases, the median for onset of the first proteinuria was 40 months, for diagnosis of MN was 41.5 months and the average post-transplant follow-up was 108.2 ± 52.8 months. Complete remission was achieved in 31.3% patients and partial remission in 43.9%, recurrence was confirmed in 36.6% and the main cause of graft loss was chronic nephropathy (50%) followed by post transplant MN. A secondary cause of MN was identified in 24%, half of them from malignancies. In renal biopsy, there was a positive but non significant correlation between C3 deposits intensity and proteinuria levels. Death-censored graft survival (DCGV) at 10 years was 58.6%. Conclusion: Post-transplant MN has varied clinical presentation, as well as in the native kidney, but usually presented with subnephrotic proteinuria and progressive graft dysfunction, although it has observed complete remission of proteinuria in about ¼ of the cases in this population. Kidney and patient survivals at 10 years were 53.1% and 88.3%,, respectively, and they were not different of that of the general population transplanted at the same service. The remission of the post-transplant MN occurred either in patients undergoing additional immunosuppressive treatment as in those for whom only renoprotection was introduced or optimized. The remission, even if only partial, was associated with a better renal outcome. The 4 main cause of graft loss in this group was chronic graft nephropathy and not post transplant MN. It was not possible to assess the direct benefit or risk of therapeutic interventions (renoprotection and/or immunosuppression) in transplanted kidney, possibly because of the limitations of the present study design.
Introdução: A glomerulopatia membranosa (GNM) é uma das causas mais comuns de síndrome nefrótica na população adulta, representando cerca de 20% dos casos. GNM pode ocorrer no rim transplantado, como doença recorrente ou ?de novo?. Objetivos: Este estudo tem por fim descrever as características clínicas, laboratoriais e imunológicas de pacientes submetidos a transplante de rim que desenvolveram GNM, avaliar as sobrevidas do enxerto e do paciente com GNM pós-transplante, além de fatores a elas associados. Metodologia: Em uma coorte retrospectiva constituída por pacientes que foram transplantados entre 1983 e 2015 e tiveram diagnóstico de GNM no enxerto foram avaliados parâmetros clínicos, laboratoriais e histológicos renais. Resultados: Foram identificados 41 pacientes com GMN pós-transplante. Predominaram homens (58,5%), na quarta ou quinta décadas de vida. A etiologia da doença renal terminal foi GNM em 36,6%, a mediana para início da proteinúria foi de 40 meses, para o diagnóstico de GNM foi de 41,5 meses e o tempo médio de seguimento após transplante foi de 108,2 ± 52,8 meses. A remissão completa ao longo do seguimento foi alcançada em 31,3% e parcial em 43,9%, recorrência foi confirmada em 36,6% dos casos e a principal causa de perda de enxerto foi nefropatia crônica do enxerto (50%), seguindo-se a própria GNM. Na biópsia do enxerto renal, houve correlação positiva não significativa entre a intensidade dos depósitos de C3 e os níveis de proteinúria. Uma possível causa de GNM secundária foi identificada em 19,5% dos casos, sendo metade deles atribuída a neoplasias. Sobrevida do enxerto censorada pelo óbito em 10 anos foi 58,6%. Conclusões: GNM pós-transplante teve apresentação clínica variada, assim como no rim nativo, mas em geral cursou com proteinúria subnefrótica e disfunção progressiva do enxerto, embora tenha-se observado remissão completa da proteinúria em cerca de ¼ dos casos na população avaliada. As sobrevidas globais dos enxertos e dos pacientes em 10 anos foram de 53,1% e 88,3%, respectivamente, não sendo muito diferentes da população geral transplantada no mesmo serviço. A remissão da GNM pós-transplante ocorreu tanto em pacientes submetidos ao tratamento imunossupressor adicional quanto nos que tiveram introdução ou otimização da renoproteção. A remissão, mesmo que apenas parcial, associou-se a melhor desfecho renal. A principal causa de perda de enxerto foi nefropatia crônica do enxerto e não a GNM pós-transplante. Não foi possível avaliar o benefício direto ou o risco das intervenções terapêuticas (renoproteção e/ou imunossupressão) no rim transplantado, possivelmente em decorrência das limitações do desenho do presente estudo.
Introdução: A glomerulopatia membranosa (GNM) é uma das causas mais comuns de síndrome nefrótica na população adulta, representando cerca de 20% dos casos. GNM pode ocorrer no rim transplantado, como doença recorrente ou ?de novo?. Objetivos: Este estudo tem por fim descrever as características clínicas, laboratoriais e imunológicas de pacientes submetidos a transplante de rim que desenvolveram GNM, avaliar as sobrevidas do enxerto e do paciente com GNM pós-transplante, além de fatores a elas associados. Metodologia: Em uma coorte retrospectiva constituída por pacientes que foram transplantados entre 1983 e 2015 e tiveram diagnóstico de GNM no enxerto foram avaliados parâmetros clínicos, laboratoriais e histológicos renais. Resultados: Foram identificados 41 pacientes com GMN pós-transplante. Predominaram homens (58,5%), na quarta ou quinta décadas de vida. A etiologia da doença renal terminal foi GNM em 36,6%, a mediana para início da proteinúria foi de 40 meses, para o diagnóstico de GNM foi de 41,5 meses e o tempo médio de seguimento após transplante foi de 108,2 ± 52,8 meses. A remissão completa ao longo do seguimento foi alcançada em 31,3% e parcial em 43,9%, recorrência foi confirmada em 36,6% dos casos e a principal causa de perda de enxerto foi nefropatia crônica do enxerto (50%), seguindo-se a própria GNM. Na biópsia do enxerto renal, houve correlação positiva não significativa entre a intensidade dos depósitos de C3 e os níveis de proteinúria. Uma possível causa de GNM secundária foi identificada em 19,5% dos casos, sendo metade deles atribuída a neoplasias. Sobrevida do enxerto censorada pelo óbito em 10 anos foi 58,6%. Conclusões: GNM pós-transplante teve apresentação clínica variada, assim como no rim nativo, mas em geral cursou com proteinúria subnefrótica e disfunção progressiva do enxerto, embora tenha-se observado remissão completa da proteinúria em cerca de ¼ dos casos na população avaliada. As sobrevidas globais dos enxertos e dos pacientes em 10 anos foram de 53,1% e 88,3%, respectivamente, não sendo muito diferentes da população geral transplantada no mesmo serviço. A remissão da GNM pós-transplante ocorreu tanto em pacientes submetidos ao tratamento imunossupressor adicional quanto nos que tiveram introdução ou otimização da renoproteção. A remissão, mesmo que apenas parcial, associou-se a melhor desfecho renal. A principal causa de perda de enxerto foi nefropatia crônica do enxerto e não a GNM pós-transplante. Não foi possível avaliar o benefício direto ou o risco das intervenções terapêuticas (renoproteção e/ou imunossupressão) no rim transplantado, possivelmente em decorrência das limitações do desenho do presente estudo.
Descrição
Citação
SILVA, Artur Quintiliano Bezerra da. Características clínicas, laboratoriais e histológicas de pacientes com glomerulopatia membranosa após o transplante renal. 2016. 62 f. Dissertação (Mestrado em Medicina: Nefrologia) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2016.