O lugar do suicídio na sociedade: trajetórias de vidas anônimas
Data
2019-06-28
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
The present research deals with suicide as a social phenomenon as opposed to the hegemony of medical discourse. The semantic dispute over the suicide discourse has been going on since the nineteenth century. The aim of the present study is to analyze the trajectories of individuals who sought or thought about their own death, and their experiences with the phenomenon of suicide. The bibliographic review led us to adopt the concept of liquid modernity of the sociologist Zygmunt Bauman as a basis for the understanding of suicide as a social phenomenon. Our starting hypothesis was to reflect whether there would be an interference of liquid times in people's daily life to the point of influencing the thought of death. The current time, described as liquid, was strongly influenced by the failure of the illuminist modernity project, by individualism, by the dissolution of utopias, and also by the strong impact of industrial and technological revolutions. The process of globalization, at the end of the last century, culminated in the fragmentation of institutions, the melting of social structures, and also the disengagement of individuals - living their identity crises. The research is qualitative in which the design is formed by interviews with people older than eighteen years. We use the instruments of the timeline to trace the trajectory and memories of the subjects as well as to work with their narratives whose analyzes occurred at the interface between liquid modernity and its displacements. The main finding of the research was the refugee status of the subjects; the semantics of the word, here discussed, is related to the state of drift, invisibility and nonbelonging. The person who thinks about suicide has no place in society and lives a constant crisis of identity. The unfoldings of the research, in terms of preventive action, indicate the need to invest in social relations, represented by micropolitics as opposed to oppressive macropolitics; and therefore a reconstruction of social structures.
Esta pesquisa estuda o suicídio como fenômeno social em contraposição à hegemonia do discurso médico. A disputa semântica acerca do discurso do suicídio acontece desde o século XIX. O estudo objetiva analisar as trajetórias dos indivíduos, que pensaram ou buscaram a própria morte, e suas experiências com o fenômeno do suicídio. A revisão bibliográfica nos levou a adotar o conceito de modernidade líquida do sociólogo Zygmunt Bauman como base para o entendimento do suicídio como fenômeno social. A nossa hipótese de partida foi refletir se haveria uma interferência dos tempos líquidos na vida cotidiana das pessoas a ponto de influenciar no pensamento de morte. A época atual, descrita como líquida, foi fortemente influenciada pelo fracasso do projeto de modernidade iluminista, pelo individualismo, pela dissolução das utopias e, ainda, recebeu forte impacto das revoluções industriais e tecnológicas. O processo de globalização ao final do século passado culminou para a fragmentação das instituições, derretimento das estruturas sociais e, também, para o desencaixe dos sujeitos – vivendo suas crises identitárias. A pesquisa é qualitativa na qual o desenho é formado por entrevistas com pessoas maiores de dezoito anos. Usamos o instrumental da linha do tempo para traçarmos a trajetória e lembranças dos sujeitos bem como trabalhamos com as suas narrativas cujas análises ocorreram na interface entre a modernidade líquida e seus deslocamentos. A principal constatação da pesquisa foi a condição de refugiado por parte dos sujeitos; a semântica da palavra, aqui abordada, é relacionada ao estado de deriva, invisibilidade e não pertencimento. A pessoa que pensa no suicídio não tem lugar na sociedade e vive uma crise constante de identidade. Os desdobramentos da pesquisa, no sentido de prevenção ao suicídio, indicam a necessidade de investirmos nas relações sociais, representadas pela micropolítica em oposição à macropolítica opressora; e, portanto, uma reconstrução das estruturas sociais.
Esta pesquisa estuda o suicídio como fenômeno social em contraposição à hegemonia do discurso médico. A disputa semântica acerca do discurso do suicídio acontece desde o século XIX. O estudo objetiva analisar as trajetórias dos indivíduos, que pensaram ou buscaram a própria morte, e suas experiências com o fenômeno do suicídio. A revisão bibliográfica nos levou a adotar o conceito de modernidade líquida do sociólogo Zygmunt Bauman como base para o entendimento do suicídio como fenômeno social. A nossa hipótese de partida foi refletir se haveria uma interferência dos tempos líquidos na vida cotidiana das pessoas a ponto de influenciar no pensamento de morte. A época atual, descrita como líquida, foi fortemente influenciada pelo fracasso do projeto de modernidade iluminista, pelo individualismo, pela dissolução das utopias e, ainda, recebeu forte impacto das revoluções industriais e tecnológicas. O processo de globalização ao final do século passado culminou para a fragmentação das instituições, derretimento das estruturas sociais e, também, para o desencaixe dos sujeitos – vivendo suas crises identitárias. A pesquisa é qualitativa na qual o desenho é formado por entrevistas com pessoas maiores de dezoito anos. Usamos o instrumental da linha do tempo para traçarmos a trajetória e lembranças dos sujeitos bem como trabalhamos com as suas narrativas cujas análises ocorreram na interface entre a modernidade líquida e seus deslocamentos. A principal constatação da pesquisa foi a condição de refugiado por parte dos sujeitos; a semântica da palavra, aqui abordada, é relacionada ao estado de deriva, invisibilidade e não pertencimento. A pessoa que pensa no suicídio não tem lugar na sociedade e vive uma crise constante de identidade. Os desdobramentos da pesquisa, no sentido de prevenção ao suicídio, indicam a necessidade de investirmos nas relações sociais, representadas pela micropolítica em oposição à macropolítica opressora; e, portanto, uma reconstrução das estruturas sociais.