Respostas celulares do complexo cumulus-oócito ao envelhecimento pós-ovulatório
Data
2024-10-11
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Entre os diversos fatores que afetam negativamente a fertilidade podemos destacar o envelhecimento do gameta feminino. O envelhecimento pós-ovulatório é caracterizado pela ausência da fertilização na janela de tempo ideal, associado à perda de integridade e qualidade do oócito ovulado. Já foi demonstrado que o estresse oxidativo é um dos principais responsáveis pelas complicações desencadeadas pelo envelhecimento. Dessa forma, este trabalho utilizou o modelo bovino para investigar as respostas celulares do envelhecimento pós-ovulatório em complexos cumulus-oócito (CCOs) e em oócitos desnudos. Para tanto, os ovários bovinos oriundos de abatedouro foram coletados e processados. O modelo de envelhecimento pós ovulatório foi estabelecido com CCOs bovinos coletados nos seguintes estágios: Imaturos [CCOs obtidos imediatamente após a coleta dos ovários - 0 h de maturação in vitro (MIV)], Maturos (CCOs submetidos à MIV padrão por 22 horas) e Envelhecidos (CCOs submetidos à MIV prolongada por 40 horas). Nos experimentos 1 a 3, a atividade mitocondrial, produção de ROS e indução de apoptose foram determinadas nos CCOs íntegros e nos oócitos desnudos após a remoção das células do cumulus. No experimento 1, os CCOs envelhecidos sofreram uma redução na atividade mitocondrial em comparação aos demais grupos (P<0,0001). Entretanto, não houve diferença na atividade mitocondrial entre os oócitos maturos e envelhecidos. Como esperado, a atividade mitocondrial dos oócitos imaturos foi menor (P<0,0001) do que os demais grupos. No experimento 2, a produção de ROS foi maior (P<0,0001) em CCOs maturos e envelhecidos quando comparados aos imaturos. Entretanto, a análise dos oócitos desnudos revelou que o envelhecimento pós-ovulatório aumentou a concentração intracelular de ROS quando comparado aos oócitos imaturos (P<0,0001) e maturos (P=0,0002). O experimento 3 demonstrou que as taxas de apoptose foram maiores nas células do cumulus dos CCOs envelhecidos comparativamente aos tratamentos Imaturo (P=0.0024) e Maturo (P=0.0154). Todavia, a avaliação da apoptose em oócitos não demonstrou diferenças entre os grupos. A análise da progressão meiótica do experimento 4 não revelou diferença estatística entre os oócitos maturos e envelhecidos. O experimento 5 investigou o efeito do envelhecimento pós-ovulatório nos seguintes aspectos morfológicos: dispersão das células do cumulus em CCOs, tamanho do espaço perivitelino, espessura da zona pelúcida e tamanho do citoplasma em oócitos desnudos. Os CCOs envelhecidos demonstraram um aumento da dispersão das células do cumulus comparativamente aos CCOs maturos (P=0.0008). Os oócitos maturos e envelhecidos, em relação aos oócitos imaturos, revelaram o aumento da espessura da zona pelúcida (P=0.0112), um aumento do espaço perivitelino (P<.0001) e uma redução do tamanho do citoplasma (P<.0001), não evidenciando alterações dos oócitos envelhecidos quanto aos oócitos maturos. O experimento 6 demonstrou um aumento da ligação dos espermatozoides à zona pelúcida de oócitos envelhecidos em contraponto aos oócitos maturos (P<.0001). Em conclusão, a exposição dos CCOs ao envelhecimento pós-ovulatório originou uma resposta diferencial em CCOs intactos e oócitos desnudos. Os CCOs foram negativamente afetados pelo envelhecimento pós-ovulatório, evidenciado pela disfunção mitocondrial, indução da apoptose e dispersão das células do cumulus. Os oócitos envelhecidos revelaram um aumento do estresse oxidativo e maior ligação de espermatozoides à zona pelúcida.