Avaliação do potencial leishmanicida do extrato das folhas de Eugenia pyriformis Cambess. (Myrtaceae) e de metabólitos secundários de fungos de diferentes biomas brasileiros

Data
2024-07-05
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
No Brasil, Leishmania (Leishmania) amazonensis é uma das espécies responsáveis pela forma mais comum da doença, a leishmaniose cutânea. Atualmente, existem poucas opções terapêuticas disponíveis para o tratamento da leishmaniose cutânea. O tratamento preconizado pelo Ministério da Saúde é realizado com fármacos tóxicos, de alto custo e de longa duração. Nesse sentido, a busca por novas alternativas terapêuticas para o tratamento da leishmaniose é de grande relevância. A biodiversidade da flora e de microrganismos no Brasil é bastante grande e há a necessidade de maior exploração desse potencial para o tratamento de doenças infecciosas e parasitárias. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial anti-Leishmania de 6 extratos de folhas da Eugenia pyriformis Cambess. e de 108 extratos de fungos endofíticos coletados nos diferentes biomas brasileiros. Extrato bruto das folhas de E. pyriformis Cambess. coletadas no verão e quatro extratos de fungos endofíticos de diferentes biomas brasileiros (CG2-4, CG2-12, LHR-446 e BRA-05) apresentaram o maior índice de seletividade para a cepa de parasita testada. Com o uso da ferramenta citometria de fluxo, os parasitas tratados com os extratos selecionados demonstraram parada na fase inicial da replicação do ciclo celular e morte por necrose e/ou apoptose. Os fungos isolados dos biomas Caatinga e Cerrado são da espécie Aspergillus fumigatus, identificados por espectrometria de massas (Maldi Tof) e os extratos do bioma Amazônia foram provenientes do fungo Diaporthe cerradensis. E. pyriformis Cambess. não apresentou efeito no potencial de membrana mitocondrial de promastigotas, não utilizando essa via no mecanismo de ação. Já os extratos fúngicos reduziram o potencial de membrana mitocondrial em até 86%. A produção de NO foi aumentada após tratamento in vitro com os extratos fúngicos CG2-4, LHR-446 e BRA-05. Na leishmaniose cutânea experimental em camundongos BALB/c, BRA-05 foi bastante efetivo, sem causar progressão da doença e com redução significativa da carga parasitária. Neste estudo, alguns compostos majoritários foram identificados nos extratos da E. pyriformis Cambess., os quais são pertencentes ao grupo dos terpenóides e flavonóides, compostos comuns encontrados nessa família de plantas. Porém, o composto loliolide, pouco descrito nessa família, foi anotado nas frações mais eficazes contra essa cepa de Leishmania (L.) amazonensis. Os compostos majoritários anotados dos extratos do Cerrado (BRA-05) e Caatinga (LHR-446) são do grupo dos alcalóides e meroterpenóides. Três compostos anotados no extrato BRA-05 são inéditos para A. fumigatus. Em conclusão, neste trabalho foi realizado um amplo screening utilizando extratos de uma planta da biodiversidade brasileira e extratos de fungos endofíticos isolados de diferentes biomas do Brasil. O extrato com melhor atividade leishmanicida in vitro foi o BRA-05 e os testes com infecção experimental também evidenciaram essa atividade anti-Leishmania.
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