Discursos e atitudes dos profissionais de saúde sobre o uso de álcool e outras drogas
Data
2010-05-26
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introduction and aims: To explore the association between primary care professionals’ (PCPs) attitudes towards unhealthy alcohol and other drug (AOD) use (from risky use through dependence) and readiness to implement AOD-related preventive care. Design and Methods: PCPs from 5 health centers in Sao Paulo were invited to complete a questionnaire about preventive care and attitudes about people with unhealthy AOD use. Logistic regression models tested the association between professional satisfaction and readiness. Multiple Correspondence Analysis (MCA) assessed associations between stigmatizing attitudes and readiness. Results: Of 160 PCPs surveyed, 96 (60%) completed the questionnaire. Only 25% reported implementing unhealthy AOD use clinical prevention practices; and 53% did not feel ready to implement such practices. Greater satisfaction when working with people with AOD problems was significantly associated with readiness to implement AOD-related preventive care. In MCA two groups emerged: 1. PCPs ready to work with people with unhealthy AOD use, who attributed to such patients lower levels of dangerousness, blame for their condition and need for segregation from the community (suggesting less stigmatizing attitudes); 2. PCPs not ready to work with people with unhealthy AOD use, who attributed to them higher levels of dangerousness, blame, perceived level of patient control over their condition, and segregation (suggesting more stigmatizing attitudes). Discussion and conclusions: More stigmatizing attitudes towards people with unhealthy AOD use are associated with less readiness to implement unhealthy AOD-related preventive care. Understanding these issues is likely essential to facilitating implementation of preventive care, such as screening and brief intervention, for unhealthy AOD use.
A estigmatização de pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas é uma das barreiras para a detecção precoce desses problemas, assim como para a realização de intervenções terapêuticas.Objetivos: Investigar quais são os discursos e atitudes dos profissionais de atenção primária à saúde sobre os usuários de álcool e outras drogas, e se a prática clínica desses profissionais é afetada por essas atitudes. Métodos: Lançou-se mão da triangulação de três métodos: revisão sistemática da literatura, entrevistas em profundidade, e levantamento através de questionários, que resultaram nos três artigos científicos apresentados na tese.Resultados: A revisão sistemática da literatura sugere que as atitudes dos profissionais de saúde sobre os usuários de álcool e outras drogas afetam sua prática clínica. Entretanto apenas nove artigos foram encontrados testando a associação investigada, evidenciando a limitação de estudos que demonstrem mais claramente as interações entre atitudes e práticas. Na análise dos discursos dos profissionais de atenção primária à saúde sobre seu trabalho com pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas, observou-se que os discursos eram permeados por visões negativas sobre o usuário de álcool e outras drogas, com foco em casos complexos e experiências frustradas dos profissionais com esses usuários, que eram construídos no discurso como agentes ativos de sua situação, responsáveis por causá-la. Em geral, o tema álcool e drogas foi considerado pelo profissional de saúde como difícil de ser debatido, co-existindo visões médicas, morais e sociais a respeito de sua etiologia e a respeito do usuário dessas substâncias. Os resultados do levantamento feito através de questionários reforçou os achados anteriores, indicando através de uma análise de correspondência que as atitudes estigmatizantes esses profissionais estavam associadas a menores índices de prontidão para implementar práticas preventivas na área de álcool e outras drogas. Aqueles profissionais que se sentiam mais satisfeitos ao trabalhar com usuários de álcool e outras drogas foram que os que relataram maiores índices de prontidão para implementar práticas preventivas na área. Quando expostos a vinhetas de casos clínicos, os profissionais avaliaram mais negativamente (em termos de estado de saúde, variando de muito mal a muito bem) pacientes com dependência de álcool e outras drogas quando comparados com outras condições (hipertensão, HIV-AIDS, depressão ou esquizofrenia).Conclusões: Esta tese demonstrou que as atitudes dos profissionais de atenção primária à saúde tem um papel importante em sua relação com usuários de álcool e outras drogas, influenciando a qualidade do cuidado oferecido. A compreensão das questões apresentadas pode gerar conhecimento essencial para a elaboração de propostas de saúde viáveis e aplicáveis na prática, além de contribuir diretamente para a gestão, assistência, formação do profissional de saúde e para a produção científica na área..
A estigmatização de pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas é uma das barreiras para a detecção precoce desses problemas, assim como para a realização de intervenções terapêuticas.Objetivos: Investigar quais são os discursos e atitudes dos profissionais de atenção primária à saúde sobre os usuários de álcool e outras drogas, e se a prática clínica desses profissionais é afetada por essas atitudes. Métodos: Lançou-se mão da triangulação de três métodos: revisão sistemática da literatura, entrevistas em profundidade, e levantamento através de questionários, que resultaram nos três artigos científicos apresentados na tese.Resultados: A revisão sistemática da literatura sugere que as atitudes dos profissionais de saúde sobre os usuários de álcool e outras drogas afetam sua prática clínica. Entretanto apenas nove artigos foram encontrados testando a associação investigada, evidenciando a limitação de estudos que demonstrem mais claramente as interações entre atitudes e práticas. Na análise dos discursos dos profissionais de atenção primária à saúde sobre seu trabalho com pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas, observou-se que os discursos eram permeados por visões negativas sobre o usuário de álcool e outras drogas, com foco em casos complexos e experiências frustradas dos profissionais com esses usuários, que eram construídos no discurso como agentes ativos de sua situação, responsáveis por causá-la. Em geral, o tema álcool e drogas foi considerado pelo profissional de saúde como difícil de ser debatido, co-existindo visões médicas, morais e sociais a respeito de sua etiologia e a respeito do usuário dessas substâncias. Os resultados do levantamento feito através de questionários reforçou os achados anteriores, indicando através de uma análise de correspondência que as atitudes estigmatizantes esses profissionais estavam associadas a menores índices de prontidão para implementar práticas preventivas na área de álcool e outras drogas. Aqueles profissionais que se sentiam mais satisfeitos ao trabalhar com usuários de álcool e outras drogas foram que os que relataram maiores índices de prontidão para implementar práticas preventivas na área. Quando expostos a vinhetas de casos clínicos, os profissionais avaliaram mais negativamente (em termos de estado de saúde, variando de muito mal a muito bem) pacientes com dependência de álcool e outras drogas quando comparados com outras condições (hipertensão, HIV-AIDS, depressão ou esquizofrenia).Conclusões: Esta tese demonstrou que as atitudes dos profissionais de atenção primária à saúde tem um papel importante em sua relação com usuários de álcool e outras drogas, influenciando a qualidade do cuidado oferecido. A compreensão das questões apresentadas pode gerar conhecimento essencial para a elaboração de propostas de saúde viáveis e aplicáveis na prática, além de contribuir diretamente para a gestão, assistência, formação do profissional de saúde e para a produção científica na área..
Descrição
Citação
SABADINI, Michaela Bitarello do Amaral. Discursos e atitudes dos profissionais de saúde sobre o uso de álcool e outras drogas. 2010. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2010.