Assédio moral na formação médica: uma análise de cluster

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Data
2020-12-08
Autores
Tokeshi, Ana Bresser Pereira [UNIFESP]
Orientadores
Fidalgo, Thiago Marques [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Medical students and residents’ victims of moral harassment suffer from unnecessary and avoidable mental illness. This study aims to identify those who have suffered moral harassment and those who were disturbed by this violence. Methods: We conducted a retrospective cross-sectional survey to assess experiences of moral harassment during medical school and the disturbance caused. Using categorical data grouping Two Step Cluster analysis, we identified factors associated to each type of harassment (isolation, humiliation, academical, physical, verbal and sexual harassment). For that, we used as measures being victim of harassment and being disturbed by harassment. Results: The sample comprised 180 interns and 97.8% reported to have suffered some type of harassment during medical school. Among those, 6.8% did not report disturbance by the harassment suffered. Three clusters were identified: Group 1, 62.7% male, reported the lowest rates of being victims of aggression of all types during medical school, except for physical harassment, and the lowest rates of being disturbed by the harassment, except for verbal harassment; Group 2, 37.5% male, had the highest rates of all types of harassment, except for physical harassment, and were always disturbed by this violence, except regarding verbal harassment; Group 3, 28.1% male, had the highest rate of physical harassment, and individuals were all disturbed by isolation, physical, verbal and sexual harassment. Conclusions: Our findings suggest that harassment in Brazilian medical school has an extremely high prevalence and it is similar to some countries. Moral harassment causes disturbance in medical students, but not equally distributed among them. The groups that suffer more harassment and perceive it as more disturbing were mostly composed by females. To the best of our knowledge, this is the first study that used cluster analysis to evaluate harassment among medical students. Future studies, especially qualitative studies (interviews, focal groups, participative observation), may provide answers that allow us to better understand the perpetuation of these aggressions.
Estudantes de medicina e médicos residentes vítimas de assédio moral apresentam sofrimento mental desnecessário e evitável. Este estudo tem como objetivo identificar aqueles que foram vítimas de assédio moral e aqueles que se incomodaram com esse tipo de violência. Método: Conduziu-se um estudo retrospectivo transversal para analisar experiências de assédio moral durante o curso de medicina e o incômodo causado por elas. Por meio da análise de agrupamentos para dados categóricos — Two Step Cluster —, foram identificados fatores associados a cada tipo de assédio (recusa à comunicação, humilhação, assédio acadêmico, físico, verbal e sexual). Para tal, utilizou-se como métricas ter sido vítima de assédio e ter se incomodado com o assédio sofrido. Resultados: A amostra foi de 180 residentes de primeiro ano, dos quais 97,8% reportaram ter sofrido algum tipo de assédio durante a graduação em medicina. Dentre esse percentual, 6,8% não relataram incômodo com o assédio sofrido. Três clusters foram identificados: o Grupo 1, com 62,7% dos membros sendo do sexo masculino, reportou as taxas mais baixas de ter sofrido assédio de todos os tipos, exceto assédio físico, e as taxas mais baixas de incômodo pelo assédio sofrido, exceto assédio verbal; o Grupo 2, com 37,5% dos integrantes do sexo masculino, teve as taxas mais altas de todos os tipos de assédio (exceto físico) e sempre apresentou incômodo com o assédio sofrido, exceto no caso de assédio verbal; o Grupo 3, com 28,1% dos integrantes do sexo masculino, teve as taxas mais altas de assédio físico e os indivíduos se sentiram incomodados por assédio por recusa de comunicação, físico, verbal e sexual. Conclusão: Os achados sugerem que o assédio moral na graduação médica tem uma prevalência extremamente alta, semelhante à de outros países. O assédio moral causa incômodo em estudantes de medicina, porém não em todos os estudantes. Os grupos que sofrem mais assédio e se incomodam mais com o assédio sofrido são compostos em sua maioria por mulheres. Até onde se sabe, este é o primeiro estudo que utiliza análise de cluster para avaliar o assédio moral sofrido por estudantes de medicina. Estudos futuros, principalmente utilizando métodos qualitativos (entrevistas, grupos focais, observação participante etc.), podem oferecer subsídios sobre as razões que contribuem para a perpetuação dessas formas de agressão nas escolas médicas.
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