Transtorno mental comum e sintoma depressivo perinatal no estudo Mina-Brasil: ocorrência e fatores associados

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Data
2020-01-30
Autores
Silva, Bruno Pereira Da [UNIFESP]
Orientadores
Gabrielloni, Maria Cristina [UNIFESP]
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Objective – This study aims to investigate the factors associated with the occurrence of common mental disorder (CMD) during pregnancy and perinatal depressive symptoms in women assisted by primary health care in Cruzeiro do Sul, Acre. Method - This is a prospective cohort study, nested with MINA-Brazil Study (Maternal Health and Infant Nutrition in Acre), conducted in 5 moments, two clinical evaluations during pregnancy, between the 16th-20th and 24th-28th. gestational week, and three evaluations at 3, 6 and 12 months postpartum, respectively. The first gestational assessment as the baseline (n=588) and the last postnatal assessment as the last observation (n=345). Pregnancy CMD was evaluated using the Self-Reported Questionnaire (SRQ-20), with a score ≥8 for positive cases, and postnatal depressive symptoms evaluated with the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS) assuming ≥10 score for positivity. Ordinal logistic regression was used to estimate the association between exposure and outcome and results with p<0.05 were considered significant. Results - The prevalence of CMD was 36.2% (95% CI 32.1-40.4) in the first evaluation and 24.5% (95% CI 20.6-28.6) in the second. When considering the pregnant women who participated in the two evaluations, a cumulative incidence of 9.2% (95% CI 6.1-13.1) and a persistence of CMD of 50.3% (95% CI 42.5-58.1) were observed. The frequencies of persistent CMD were expressive among pregnant women who received family allowance program (52.9%), with education between 0-9 years (60.9%), who do not live with a partner (56.1%), had ≤2 children (57.4%) and smoked during pregnancy (72.7%). Factors associated with the occurrence of CMD in the first and second gestational assessments, were low maternal education (OR 1.74; 95% CI 1.05-2.89) (OR 1.87; 95% CI 1.00-3,48) and alcohol consumption during pregnancy (OR 2.17; 95% CI 1.10-4.27) (OR 2.90; 95% CI 1.02-8.26) respectively, The occurrence of CMD was associated with unplanned pregnancy (OR 1.52; 95% CI 1.04-2.23) only at the first assessment and head of the family (OR 1.96; 95% CI 1.05-3.65) ) and have ≤2 children (OR 1.82; 95% CI 0.97-3.44) only in the second. The prevalence of postnatal depressive symptoms was 22.6% (95% CI 18.6-27.1) at 3 months, 20.9% (95% CI 16.7-25.7) at 6 months and 20, 6% (95% CI 16.4-25.2) at 12 months postnatal. An association was found between the occurrence of CMD eventually during pregnancy and the postnatal depressive symptom (OR 5.6; 95 % CI 5.50-12-60). Conclusion - High prevalence and persistence of CMD were found during pregnancy. The factors associated with the occurrence of CMD, in the first evaluation and in the second clinical evaluation, were low maternal education and unplanned pregnancy. Alcohol consumption in the first evaluation, being the head of the family at some point. The prevalence of postpartum depressive symptoms is within the values estimated in the literature and remains an important alert for women in low- and middle- income countries. The risk factors for the postpartum depressive symptom were belonging to the first quintile of goods index and alcohol consumption in the first assessment. And, a strong association between the postpartum depressive symptom and the occurrence of CMD at some point during pregnancy (OR 5.6; 95% CI 5.50-12.60). Final considerations - These results highlight the importance of knowing maternal perinatal mental health, with an emphasis on the necessity for screening for such disorders since the first prenatal consultation. They demand special attention from researchers and health professionals, making research necessary to determine paths for professional training and establish care protocols in Brazilian actuality.
Objetivo Geral - Investigar a ocorrência e os fatores associados ao transtorno mental comum (TMC) e o sintoma depressivo perinatal de mulheres atendidas na atenção básica à saúde de Cruzeiro no Sul, Acre. Método - Trata-se de estudo de coorte prospectiva, aninhado ao Estudo MINA-Brasil (Saúde e Nutrição Materno Infantil no Acre), realizado em 5 momentos, sendo, duas avaliações clínicas durante a gestação, entre a 16ª-20ª e 24ª-28ª semana gestacional, e três avaliações aos 3, 6 e 12 meses pós-parto, respectivamente. A primeira avaliação gestacional como a linha de base (n=588) e a última avaliação pós-natal como última observação (n=345). O TMC na gestação foi rastreado com o uso do Self-Reported Questionnaire (SRQ-20), com escore ≥8 para casos positivos, e o sintoma depressivos pós-natal rastreado com a Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo (EPDS) e adotou-se o escore ≥10 para positividade. A regressão logística ordinal foi utilizada para estimar a associação entre exposição e desfecho e os resultados com p<0,05 foram considerados significativos. Resultados - A prevalência de TMC foi de 36,2% (IC95% 32,1-40,4) na primeira avaliação e de 24,5% (IC95% 20,6-28,6) na segunda. Ao considerar as gestantes que participaram das duas avaliações observou-se incidência acumulativa de 9,2% (IC95% 6,1-13,1) e persistência de TMC de 50,3% (IC95% 42,5-58,1). As frequências de TMC persistente foram expressivas entre as gestantes que recebiam bolsa família (52,9%), com escolaridade entre 0-9 anos (60,9%), que não moram com companheiro (56,1%), tinham ≤2 filhos (57,4%) e fumavam durante a gestação (72,7%). Os fatores associados à ocorrência do TMC na primeira e na segunda avaliações gestacionais, respectivamente, foram a pouca escolaridade materna (OR 1,74; IC95% 1,05-2,89) (OR 1,87; IC95% 1,00-3,48) e o consumo de álcool na gestação (OR 2,17; IC95% 1,10-4,27) (OR 2,90; IC95% 1,02-8,26). A ocorrência do TMC foi associada a gravidez não planejada (OR 1,52; IC95% 1,04-2,23) somente na primeira avaliação e ser chefe da família (OR 1,96; IC95% 1,05-3,65) e ter ≤2 filhos (OR 1,82; IC95% 0,97-3,44) somente na segunda. A prevalência de sintoma depressivo pós-natal foi de 22,6% (IC95% 18,6-27,1) aos 3 meses, 20,9% (IC95% 16,7-25,7) aos seis meses e 20,6% (IC95% 16,4-25,2) aos 12 meses pós-natal. Encontrou-se associação entre a ocorrência do TMC em algum momento da gestação e do sintoma depressivo pós-natal (OR 5,6; IC95% 5,50-12-60). Conclusão - Foram encontradas elevadas prevalências e persistência de TMC na gestação. Os fatores associados à ocorrência de TMC, na primeira avaliação e na segunda avaliações clínicas, foram pouca escolaridade materna e gravidez não planejada. Consumo de álcool na primeira avaliação, ser chefe de família em algum momento. As prevalências dos sintomas depressivos pós-parto estão dentro dos valores estimados na literatura e permanecem como um alerta importante para as mulheres de países de média e baixa renda. Os fatores de risco para o sintoma depressivo pós-parto foram pertencer ao primeiro quintil do índice de bens e o consumo de álcool na primeira avaliação. E, forte associação do sintoma depressivo pós-parto com a ocorrência do TMC em algum momento da gestação (OR 5,6; IC95% 5,50-12,60). Considerações finais - Esses resultados alertam para a importância de se conhecer a saúde mental materna perinatal, com destaque para a necessidade de rastreamento de tais transtornos desde a primeira consulta pré-natal. Demandam especial atenção de pesquisadores e profissionais da saúde, fazendo-se necessárias pesquisas para determinar caminhos para o treinamento profissional e estabelecer protocolos assistenciais na realidade nacional.
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