Efeito da apneia obstrutiva do sono sobre o comprimento telomérico e seus mecanismos associados

Data
2022-04-25
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio de sono de elevada prevalência e morbidade. Dentre os fatores associados à sua fisiopatologia, destaca-se o papel da hipóxia intermitente, a qual contribui com o desenvolvimento do estresse oxidativo e da inflamação. Sabe-se que níveis cumulativos desses fatores influenciam negativamente a porção final do cromossomo, denominada telômero. Portanto, hipotetizamos que a AOS seja capaz de acelerar o processo de envelhecimento por meio do encurtamento telomérico mediado por marcadores inflamatórios e oxidativos. Assim, o objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito da AOS e do seu tratamento com aparelho de pressão contínua positiva nas vias aéreas (CPAP) sobre a variação do comprimento dos telômeros e seus mecanismos associados. Foi conduzido um estudo clínico randomizado duplo-cego e sham- controlado com duração de 6 meses. Recrutamos participantes do sexo masculino, com diagnóstico de AOS (índice de apneia-hipopneia ≥20/hora), idade entre 35-65 anos e índice de massa corpórea <35 kg/m2; os quais foram randomizados para uso de CPAP ou sham-CPAP ao longo de 6 meses. Os participantes realizaram 7 visitas (basal e após 1, 2, 3, 4, 5 e 6 meses), nas quais foram submetidos à avaliação clínica e otorrinolaringológica, aplicação de questionários de sono, polissonografia e coleta de sangue para extração de DNA e mensuração do comprimento médio dos telômeros de leucócitos (CMTL), bem como ensaios de quantificação de mediadores inflamatórios, metabólicos e oxidativos. Dentre a amostra total (n=127) que entramos em contato no período de coleta, cumpriram os critérios de inclusão e exclusão e participaram do protocolo 46 indivíduos (36,2%), sendo 30 (65,2%) para o grupo CPAP e 16 (34,8%) para o grupo sham-CPAP. No geral, os grupos foram homogêneos nas avaliações basais, inclusive no CMTL (p=0,106). A adesão apresentada durante a intervenção foi de 5,29 ± 1,09 no grupo sham-CPAP e de 5,71 ± 0,19 no grupo CPAP. Após 6 meses de intervenção, observamos um efeito estatisticamente significativo do tratamento (p=0,001) sob o CMTL, em que o grupo sham-CPAP (1,0117 ± 0,1552, 0,9457 ± 0,0747, 0,8482 ± 0,2163) apresentou uma redução mais expressiva do que o grupo CPAP (1,0960 ± 0,1122, 1,0521 ± 0,1094, 1,0675 ± 0,1225) comparando as médias das Visitas 1, 4 e 7. Além disso, encontramos uma correlação negativa entre os deltas CMTL e delta TNF-α da Visita 7 e Visita 1 (rho=- 0,216, p=0,003), devido à intervenção sham-CPAP (rho=-0,383, p=0,009) em relação ao uso de CPAP (rho=0,021, p=0,800). Podemos concluir que o CPAP, ao compararmos com o placebo sham-CPAP, causou um efeito na estabilidade do CMTL, potencialmente pela modulação do TNF-α.
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