Formações pejorativas prefixais no português brasileiro

Data
2021-08-31
Tipo
Dissertação de mestrado
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Resumo
Esta dissertação tem como objetivo descrever e analisar formações prefixais que possuam interpretações pejorativas, ou seja, interpretação em que há expressão de conceitos negativos e/ou desvalorizados por determinado grupo social, tais como: encaralhar, desumano e incomível, a fim de analisar a contribuição dos prefixos para a interpretação pejorativa e a relação gerada entre a morfologia e a semântica. Considerando o conceito de fase (Cf. ARAD, 2003, MARANTZ, 2001), alomorfia contextual (Cf. EMBICK, 2010) e alossemia contextual (Cf. MARANTZ, 2013), buscamos compreender, descrever e analisar como ocorre o licenciamento entre determinadas bases e determinados prefixos e se algum prefixo possui maior tendência a se unir a bases pejorativas, formando palavras com leitura pejorativa, tal como ocorre com os sufixos, -ento e –ice, por exemplo, que são mais frequentes em formações pejorativas (Cf. MINUSSI; OLIVEIRA; 2018). Ou seja, investigamos se prefixos fazem ou não uma seleção rígida e, caso façam, quais são os critérios para essa seleção, se categoriais (FIGUEIREDO SILVA; MIOTO, 2009) ou semânticos (MEDEIROS, 2010. Seguindo os pressupostos teóricos da Morfologia Distribuída (Cf. HALLE; MARANTZ, 1993; MARANTZ, 1997), selecionamos um corpus de 69 palavras e aplicamos testes para verificar a pejoratividade nessas formações. Como objetivo mais geral, buscamos descrever e formalizar o processo que desencadeia a leitura pejorativa e o acesso ao conhecimento enciclopédico. A partir dos resultados dos testes aplicados, observamos que o prefixo em si mesmo não possui valor pejorativo; a pejoratividade está atrelada à polissemia da palavra e a um sentido abstrato já presente na raiz que é formalizado através da multiplicidade de n’s que licencia múltiplas interpretações para formações advindas de raízes polissêmicas, sendo um n [+concreto] e um n [+abstrato], o que está mais ligado à pejoratividade, de modo que o prefixo pode ser considerado o contexto para a atuação desse traço.
This dissertation aims to describe and analyze prefixed formations that have pejorative interpretations, that is, an interpretation in which there is an expression of negative and/or devalued concepts by a certain social group, such as: harassing, inhuman and inedible, in order to analyze the contribution from prefixes to pejorative interpretation and the relationship generated between morphology and semantics. Considering the concept of phase (Cf. ARAD, 2003, MARANTZ, 2001), contextual allomorphy (Cf. EMBICK, 2010) and contextual alossemy (Cf. MARANTZ, 2013), we seek to understand, describe and analyze how licensing takes place between certain bases and certain prefixes and whether any prefix has a greater tendency to join pejorative bases, forming words with pejorative readings, as occurs with the suffixes, -ento and -ice, for example, which are more frequent in pejorative formations (Cf. MINUSSI ; OLIVEIRA; 2018). That is, we investigate whether or not prefixes make a rigid selection and, if they do, what are the criteria for this selection, whether categorical (FIGUEIREDO SILVA; MIOTO, 2009) or semantic (MEDEIROS, 2010. Following the theoretical assumptions of Distributed Morphology ( Cf. HALLE; MARANTZ, 1993; MARANTZ, 1997), we selected a corpus of 69 words and applied tests to verify the pejorativeness in these formations. As a main objective, we seek to describe and formalize the process that triggers pejorative reading and access to knowledge. According to results of the tests applied, we observe that the prefix itself has no pejorative value; pejorativeness is linked to the polysemy of the word and to an abstract sense already present in the root that is formalized through the multiplicity of n's that license multiples interpretations for formations arising from polysemic roots, being an n [+concrete] and an n [+abstract], which is more linked to pejorativeness, so that the prefix can be considered the context for the performance of this feature.
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Citação
Oliveira, C. S. Formações prefixais no português brasileiro. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Paulo. Guarulhos, 2021.
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