Construção de escores de funcionalidade e de qualidade de vida utilizando a Teoria da Resposta ao Item com base numa avaliação gerontológica e geriátrica ampla
Data
2021
Tipo
Tese de doutorado
Título da Revista
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Título de Volume
Resumo
Objetivo: Construir e interpretar um escore de capacidade funcional e um escore de qualidade de vida, utilizando modelos da Teoria da Resposta ao Item na análise conjunta de algumas escalas que já são bastante conhecidas na literatura e que geralmente estão presentes nas avaliações gerontológicas e geriátricas amplas. Métodos: Os dados utilizados neste estudo são um recorte transversal de um estudo epidemiológico observacional maior, do tipo coorte prospectiva, o projeto EPIDOSO II. A Teoria da Resposta ao Item foi utilizada em todo o processo de construção dos escores propostos neste trabalho. O primeiro passo foi a seleção dos itens com as melhores propriedades psicométricas, a partir de quatro escalas de capacidade funcional (AVD, SSM, GDS-15 e o domínio de capacidade funcional do SF36) e de três escalas de qualidade de vida (WHOQOL-bref, WHOQOL-OLD e SF36). A dimensionalidade desses dois conjuntos de itens foi investigada por meio de análise fatorial exploratória e de análise fatorial confirmatória, sendo que a unidimensionalidade essencial foi avaliada utilizando-se propriedades do Modelo Bifatorial. Ao final do processo de identificação de conjuntos de itens unidimensionais, foram ajustados modelos apropriados, visando a construção dos escores de capacidade funcional e de qualidade de vida. Foi realizada a interpretação de cada um desses escores, além da verificação de suas propriedades psicométricas. Também foram investigadas as associações entre os escores construídos e as variáveis de contexto. Resultados: Foi possível construir um escore de capacidade funcional física, com 10 itens e um escore de capacidade funcional mental, com 16 itens. Ambos se mostraram adequados para avaliar apenas as incapacidades funcionais. Foram interpretados seis níveis de funcionalidade física e cinco níveis de funcionalidade mental. Não foi observada associação entre a capacidade funcional mental e faixa etária. Por outro lado, a maioria das doenças autorrelatadas pelos participantes se mostraram associadas com a capacidade funcional, principalmente com a funcionalidade física. Também foi construído um escore de qualidade de vida, com 18 itens, que foi considerado adequado para avaliar a qualidade de vida de indivíduos com 60 anos ou mais ao longo de todo o construto. A interpretação desse escore foi feita com base em uma escala com nove níveis. Também não foi observada associação entre qualidade de vida e faixa etária e, na presença de outras variáveis, o sexo do indivíduo também não se mostrou importante na explicação das diferenças encontradas na qualidade de vida. A depressão, o reumatismo/artrose, as síndromes demenciais e o AVC foram as comorbidades autorrelatadas pelos participantes do estudo que se mostraram significativamente associadas à qualidade de vida, afetando negativamente o escore dos indivíduos que apresentaram essas condições. Conclusão: com o uso da TRI, apenas os melhores itens, de diferentes escalas, foram utilizados na construção de escores de capacidade funcional e de qualidade de vida, resultando em escalas com um número menor de itens do que os instrumentos originais, mas ainda preservando boas propriedades psicométricas. Além disso, essa metodologia também permitiu a construção de escalas interpretáveis, em que os escores dos indivíduos ganham significado dentro dos construtos que foram avaliados.
Objective: To build and interpret a functional capacity score and a quality of life score, using Item Response Theory models based on the joint analysis of some scales that are well known in the literature and that are generally present in broad geriatric and geriatric assessments. Methods: The cross-sectional data used in this study come from the baseline assessments of a larger epidemiological observational prospective cohort study, the EPIDOSO II project. The Item Response Theory was used throughout the construction process of the scores proposed in this work. The first step was the selection of items with the best psychometric properties, based on four functional capacity scales (ADL, MHS, GDS-15 and the SF-36 functional capacity domain) and three quality of life scales (WHOQOL-bref, WHOQOL-OLD and SF-36). Results: It was possible to build a score of physical functional capacity, with 10 items and a score of mental functional capacity, with 16 items. Both proved to be adequate to assess only functional disabilities. Six levels of physical functionality and five levels of mental functionality were interpreted. There was no association between mental functional capacity and age group. On the other hand, most of the diseases self-reported by the participants were shown to be associated with functional capacity, mainly with physical functionality. A quality of life score was also constructed, with 18 items, which was considered adequate to assess the quality of life of individuals aged 60 years or older throughout the construct. The interpretation of this score was based on a scale with nine levels. There was also no association between quality of life and age group and, in the presence of other variables, the individual's gender was also not important in explaining the differences found in quality of life. Depression, rheumatism/arthrosis, dementia syndromes and stroke were the self-reported comorbidities by the study participants that were significantly associated with quality of life, negatively affecting the score of individuals who presented these conditions. Conclusion: with the use of IRT, only the best items of different scales were used to build scores of functional capacity and quality of life, resulting in scales with a smaller number of items than the original instruments, but still preserving good psychometric properties. In addition, this methodology also allowed the construction of interpretable scales, in which the scores of individuals gain meaning within the constructs that were evaluated.
Objective: To build and interpret a functional capacity score and a quality of life score, using Item Response Theory models based on the joint analysis of some scales that are well known in the literature and that are generally present in broad geriatric and geriatric assessments. Methods: The cross-sectional data used in this study come from the baseline assessments of a larger epidemiological observational prospective cohort study, the EPIDOSO II project. The Item Response Theory was used throughout the construction process of the scores proposed in this work. The first step was the selection of items with the best psychometric properties, based on four functional capacity scales (ADL, MHS, GDS-15 and the SF-36 functional capacity domain) and three quality of life scales (WHOQOL-bref, WHOQOL-OLD and SF-36). Results: It was possible to build a score of physical functional capacity, with 10 items and a score of mental functional capacity, with 16 items. Both proved to be adequate to assess only functional disabilities. Six levels of physical functionality and five levels of mental functionality were interpreted. There was no association between mental functional capacity and age group. On the other hand, most of the diseases self-reported by the participants were shown to be associated with functional capacity, mainly with physical functionality. A quality of life score was also constructed, with 18 items, which was considered adequate to assess the quality of life of individuals aged 60 years or older throughout the construct. The interpretation of this score was based on a scale with nine levels. There was also no association between quality of life and age group and, in the presence of other variables, the individual's gender was also not important in explaining the differences found in quality of life. Depression, rheumatism/arthrosis, dementia syndromes and stroke were the self-reported comorbidities by the study participants that were significantly associated with quality of life, negatively affecting the score of individuals who presented these conditions. Conclusion: with the use of IRT, only the best items of different scales were used to build scores of functional capacity and quality of life, resulting in scales with a smaller number of items than the original instruments, but still preserving good psychometric properties. In addition, this methodology also allowed the construction of interpretable scales, in which the scores of individuals gain meaning within the constructs that were evaluated.
Descrição
Citação
Valle, Raquel da Cunha. Construção de escores de funcionalidade e de qualidade de vida utilizando a Teoria da Resposta ao Item com base numa avaliação gerontológica e geriátrica ampla. São Paulo, 2021.340 f. Tese (Doutorado em Saúde coletiva) – Escola Paulista de Medicina (EPM), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, 2021.