Água e alimentação escolar: diálogo global sobre a segurança dos alimentos

Nenhuma Miniatura disponível
Data
2019-02-15
Autores
Mucinhato, Raisa Moreira Dardaque [UNIFESP]
Orientadores
Stedefeldt, Elke [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
This work aimed to analyze how water and food security are addressed in the school feeding programs or policies of the seven geographic regions established by the World Bank. This research has used a qualitative approach, guided by the Content Analysis according to Bauer, with grouping according to Bardin Data collection took place in documents of primary (governmental) and secondary (nongovernmental) written sources, in electronic sites, according to the need to obtain data. Codification references were defined to aid in the search of the documents and these were translated from the official languages of each country. The benchmarks were defined from six categories elaborated a priori: water consumption (collection, distribution and treatment); use of water for hygiene; use of water for preparation; use of water for irrigation in local or family agriculture; water for irrigation in the school garden and the pattern of food quality and identity. The data obtained were arranged in a matrix for systematization. From the 218 existing countries in 2018, according to the World Bank, 168 (77.1%) have a school feeding program or policy. Their distribution, considering countries' income, is prevalent in high and middle-high income countries, 95 (56.5%), while only 40 middle-income countries (23.8%) and 33 low-income countries (19.6%) have a program or policy. The approach to water consumption occurs in 57.2% (n= 96) of the countries and, among them, it uses very diversified terms, such as its condition of being "potable", of being "fit for consumption” or as a "quality water", however, not considering the conditions, forms and improvements for the school's access to water. Local or family agriculture is approached by 93 countries (55.3%), school garden by 85 (50.5%) and the two categories are jointly addressed by 68 countries (40.4%). However, in these categories irrigation water is exploited in only 10 countries (11.7%) when school gardens are considered, otherwise the approach is zero. The categories of standard of food quality and identity (PIQ), food hygiene and preparation are addressed separately by 23 (13.6%), 42 (25%) and 23 (13.7%) countries, respectively. By grouping these five categories, the concurrency of approaches is restricted to only three countries (1.8%). It was also noticed that 42 (25%) countries do not present any approach regarding all six categories considered for the study. Some countries, such as Sri Lanka, Nigeria, Malawi and those located in Latin America, among others, recognize water and food as human rights and their guarantee and quality has a direct effect on the health promotion of schoolchildren, since their immune system is not fully developed and the risk to waterborne and foodborne diseases becomes greater. The collaboration of different sectors of governmental and non-governmental organizations, especially in low- and middle-income countries where access to water and food is precarious, is essential for the full functioning of school feeding. Special attention should be paid to female children due to gender inequalities and violation of their rights. In the current decade of nutrition, so called by the UN in 2014, are we promoting Food and Nutrition Security by not including water as food, as available and safe for the preparation and hygiene of food and individuals, and with local or family farming and school gardens associated with food systems? Establishing a dialogue between the social actors of the Nutrition decade and the Water Decades (2005-2015, 2018-2028) would be the beginning of an intersectoral approach.
Este trabalho teve por objetivo analisar como a segurança da água e dos alimentos são abordadas nos programas ou políticas de alimentação escolar dos países das sete regiões geográficas estabelecidas pelo Banco Mundial. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, guiada pela Análise de Conteúdo segundo Bauer, com agrupamento de acordo com Bardin. A coleta de dados ocorreu em documentos de fontes escritas primárias (governamentais) e secundárias (não-governamentais), em sítios eletrônicos, de acordo com a necessidade de obtenção de dados. Foram definidos referenciais de codificação para auxiliar a busca nos documentos e esses foram traduzidos a partir das línguas oficiais de cada país. Os referenciais foram definidos por meio de seis categorias elaboradas a priori: o consumo da água (captação, distribuição e tratamento); uso da água para higienização; uso da água para o preparo; uso da água para irrigação na agricultura local ou familiar; água para irrigação na horta escolar e padrão de identidade e qualidade dos alimentos. Os dados obtidos foram dispostos em uma matriz para sistematização. Dos 218 países existentes em 2018, de acordo com o Banco Mundial, 168 (77,1%) apresentam programa ou política de alimentação escolar. Sua distribuição, considerando a renda dos países, é prevalente em países de renda alta e média-alta, 95 (56,5%), enquanto apenas 40 países de renda média (23,8%) e 33 países de baixa renda (19,6%) apresentam programa ou política. A abordagem em relação ao consumo da água ocorre em 57,2% (n=96) dos países e, dentre eles, faz uso de termos bastante diversificados, como sua condição de ser “potável”, de ser “própria para o consumo”, ou como uma “água de qualidade”, entretanto, não considerando as condições, formas e melhorias para o acesso da escola à água. Agricultura local ou familiar é abordada por 93 países (55,3%), horta escolar por 85 (50,5%) e as duas categorias conjuntamente são abordadas por 68 países (40,4%). Entretanto, nessas categorias a água de irrigação é explorada em apenas 10 países (11,7%) quando se fala de horta escolar, do contrário, a abordagem é nula. As categorias padrão de identidade e qualidade dos alimentos (PIQ), higiene e preparo são abordados isoladamente por 23 (13,6%), 42 (25%) e 23 (13,7%) países, respectivamente. Ao agrupar essas cinco categorias, a simultaneidade das abordagens restringe-se a apenas três países (1,8%). Foi também observado que 42 (25%) países não apresentam nenhuma abordagem referente a todas as seis categorias consideradas para o estudo. Alguns países, como por exemplo: Sri Lanka, Nigéria, Malawi e aqueles localizados na América Latina reconhecem a água e a alimentação como direitos humanos e sua garantia e qualidade tem efeito direto na promoção da saúde dos escolares, uma vez que seu sistema imunológico não está totalmente desenvolvido e o risco às doenças transmitidas por água e alimentos torna-se maior. Para o funcionamento pleno da alimentação escolar é indispensável a colaboração de diferentes setores de organizações governamentais e não-governamentais, sobretudo em países de média e baixa renda, nos quais o acesso à água e alimentos é precário. Deve haver uma atenção especial em relação às crianças do sexo feminino devido às desigualdades de gênero e violação de seus direitos. Na atual década da Nutrição, assim intitulada pela ONU em 2014, há a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional ao não incluir a água como alimento, como disponível e segura para o preparo e higiene dos alimentos e dos indivíduos, e junto à agricultura local ou familiar e hortas escolares associadas aos sistemas alimentares? Estabelecer um diálogo entre os atores sociais da década da Nutrição e das décadas da Água (2005-2015; 2018-2028) seria o início de uma abordagem intersetorial.
Descrição
Citação
MUCINHATO, Raísa Moreira Dardaque. Água e alimentação escolar:diálogo global sobre a segurança dos alimentos 2019.192f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2019.