Lobulite linfocítica esclerosante - proposta de algoritmo baseado na análise retrospectiva de 53 casos com correlação clínica, laboratorial e por imagem
Data
2019-05-16
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
Introduction: Sclerosing lymphocytic lobulitis (SLL) is a benign breast condition which, despite rare, has as main differential diagnosis the breast cancer and, therefore the importance of being both clinically and radiologically recognized. Objective: To feature the most common mammary findings on mammography, ultrasonography and Magnetic Resonance Imaging in patients with SLL histological diagnosis based on a review of 53 cases; to evaluate the association between this condition with changes in glucose metabolism or autoimmune diseases; and to suggest an interpretation and management algorithm for clinical practice. Methods: an analytic longitudinal observational study based on the database of the pathology sector of a private clinic was carried out. Diagnoses for diabetic mastopathy or SLL in the results of anatomapathological exams of percutaneous or excisional breast biopsies were searched and identified in 54 patients with a total of 60 lesions. Gender, age, clinical complaint, laboratory tests and imaging exams in the electronic record of the patients were studied. A case/ lesion where it was not possible to obtain neither the outcome of laboratory clinical data nor image, was excluded. Results: All the patients were females between 26 to 78 years old and a mean age of 43.7 years. Clinically 50.9% (29/57) of the patients were asymptomatic and the diagnosis was made in screening test, 47.4 % (25/57) had palpable complaints and 1.7% (1/57) had bloody nipple discharge complaint. Patterns of dense or extremely mammary density were shown by mammography in 60% of the cases detecting 41.6% (15/36) with predominance of non-calcified (nodules, asymmetries and distortion) lesions classified as BI-RADS® 4 or 5 in 53.3% (8/15). 91.1% (51/56) of the lesions were found by ultrasonography being 94.1% (48/51) of them classified as BI-RADS®4 with predominance of non circumscribed nodule in 94.1% (48/51), with posterior acoustic shadowing in 62.7% (32/51) and/or indistinct margin in 52.9% (27/51). The size of the lesion on ultrasonography varied from 0.5 to 6.1 cm. Seven patients were submitted to Magnetic Resonance Imaging with positive outcomes in five of them and BI-RADS®4 classification in three. Prevalence of nodular enhancement was significant in 60.0% (3/5). 85% (40/47) of the lesions were seen in patients with some kind of laboratory abnormality: 44.6% (21/47) showed Diabetes Mellitus, being 62.0% (13/21) type 1 (DM1) and 38.0% (8/21) type 2 (DM2), and among the patients 36.1% (17/47) had antithyroid antibodies with two of them with DM (one DM1 and other DM2) while 6.3% (3/47) showed other auto immune diseases. Laboratory abnormality was not shown in seven patients (14.8%). The follow-up of 45% (13/29) of the patients showed remission of the lesion within 2 years and contralateral breast cancer was developed in one of the patients (3%) about 2 years later. Conclusion: In the studied group the most found imaging patterns on mammography were non-calcified lesions, on ultrasonography was non circumscribed nodule with posterior acoustic shadowing and/or indistinct margin and, on Magnetic Resonance Imaging was nodular enhancement. There was a greater association between SLL and DM followed by auto immune thyroid disease. Based on this revision, female diabetic patients less than 40 years old who present clinical palpable lesion and whose ultrasonography evaluation identifies a non circumscribed indistinct nodule, may be submitted to core biopsy and, being the histopathologic findings suggestive of SLL, considered in concordance and the patient might be undergone to conservative treatment.
Introdução: A lobulite linfocítica esclerosante (LLE) é uma doença mamária benigna que, embora rara, tem como principal diagnóstico diferencial o câncer de mama, e por isso a importância de ser reconhecida clínica e radiologicamente. Objetivos: Caracterizar os achados de imagem mamários mais comuns na mamografia, na ultrassonografia e na ressonância magnética nos pacientes com diagnóstico histológico de LLE baseados na revisão de 53 casos, analisar a relação desta doença com alterações do metabolismo da glicose ou doenças autoimunes, e sugerir um algoritmo de interpretação e manejo para a prática clínica. Métodos: Realizado estudo observacional longitudinal analítico com base no banco de dados do setor de patologia de uma clínica privada. Foram pesquisados os diagnósticos de mastopatia diabética ou LLE nos resultados de exames anatomopatológicos de biópsias percutâneas ou excisionais de mama, encontrando 54 pacientes com um total de 60 lesões. Foram pesquisados sexo, idade, queixa clínica, exames laboratoriais e exames de imagem no registro eletrônico das pacientes. Foi excluído um caso/ lesão em que não foi possível a obtenção de dados clínicos, laboratoriais e nem de imagem. Resultados: Todas as pacientes eram do sexo feminino, com idade entre 26 a 78 anos e média de 43,7 anos. Clinicamente 50,9% (29/57) das pacientes eram assintomáticas e o diagnóstico foi feito em exame de rastreamento, 47,4% (27/57) tinham queixa palpatória e 1,7% (1/57) queixa de fluxo papilar sanguinolento. À mamografia predominaram os padrões de densidade mamária denso ou extremamente denso em 60% dos casos, detectando 41,6% (15/36) das lesões e predominando o achado de lesões não calcificadas (nódulos, assimetrias e distorção) classificadas como BI-RADS® 4 ou 5 em 53,3% (8/15). A ultrassonografia detectou 91,1% (51/56) das lesões, sendo classificadas como BI-RADS® 4 em 94,1% (48/51) dos casos e predominando o achado de nódulo não circunscrito em 94,1% (48/51), com sombra acústica posterior em 62,7% (32/51) e/ou margem indistinta em 52,9% (27/51). O tamanho das lesões à ultrassonografia variou de 0,5 a 6,1 cm. A ressonância magnética foi realizada em sete pacientes, sendo positiva em cinco delas, e classificadas como BI-RADS® 4 em três. Houve predomínio do realce nodular em 60,0% (3/5). Oitenta e cinco por cento (40/47) das lesões foram observadas em pacientes com algum tipo de alteração laboratorial: 44,6% (21/47) apresentavam Diabetes Mellitus (DM), sendo 62,0% (13/21) com DM do tipo 1 (DM1) e 38,0% (8/21) com DM do tipo 2 (DM2), 36,1% (17/47) tinham anticorpos antitireoidianos, e destas duas pacientes também apresentavam DM (uma com DM1 e uma com DM2), e 6,3% (3/47) tinham outras doenças autoimunes. Sete pacientes (14,8%) não apresentavam alterações laboratoriais. Quarenta e cinco por cento (13/29) das pacientes acompanhadas apresentaram remissão da lesão em até dois anos, e destas uma (3%) evoluiu com câncer na mama contralateral cerca de dois anos depois. Conclusão: Na população estudada, os padrões por imagem mais achados na mamografia foram lesões não calcificadas, na ultrassonografia nódulo não circunscrito com sombra acústica posterior e/ou margem indistinta e na ressonância magnética realce nodular. Houve uma maior associação da LLE com DM seguida de doença autoimune tireoidiana. Baseado nesta revisão, pacientes diabéticas do sexo feminino com menos de 40 anos, que apresentem lesão palpável clinicamente e que a avaliação ultrassonográfica identifique um nódulo não circunscrito indistinto, podem ser submetidas a core biopsy e, sendo o resultado histopatológico sugestivo de LLE, considerado concordante e a paciente submetida a tratamento conservador.
Introdução: A lobulite linfocítica esclerosante (LLE) é uma doença mamária benigna que, embora rara, tem como principal diagnóstico diferencial o câncer de mama, e por isso a importância de ser reconhecida clínica e radiologicamente. Objetivos: Caracterizar os achados de imagem mamários mais comuns na mamografia, na ultrassonografia e na ressonância magnética nos pacientes com diagnóstico histológico de LLE baseados na revisão de 53 casos, analisar a relação desta doença com alterações do metabolismo da glicose ou doenças autoimunes, e sugerir um algoritmo de interpretação e manejo para a prática clínica. Métodos: Realizado estudo observacional longitudinal analítico com base no banco de dados do setor de patologia de uma clínica privada. Foram pesquisados os diagnósticos de mastopatia diabética ou LLE nos resultados de exames anatomopatológicos de biópsias percutâneas ou excisionais de mama, encontrando 54 pacientes com um total de 60 lesões. Foram pesquisados sexo, idade, queixa clínica, exames laboratoriais e exames de imagem no registro eletrônico das pacientes. Foi excluído um caso/ lesão em que não foi possível a obtenção de dados clínicos, laboratoriais e nem de imagem. Resultados: Todas as pacientes eram do sexo feminino, com idade entre 26 a 78 anos e média de 43,7 anos. Clinicamente 50,9% (29/57) das pacientes eram assintomáticas e o diagnóstico foi feito em exame de rastreamento, 47,4% (27/57) tinham queixa palpatória e 1,7% (1/57) queixa de fluxo papilar sanguinolento. À mamografia predominaram os padrões de densidade mamária denso ou extremamente denso em 60% dos casos, detectando 41,6% (15/36) das lesões e predominando o achado de lesões não calcificadas (nódulos, assimetrias e distorção) classificadas como BI-RADS® 4 ou 5 em 53,3% (8/15). A ultrassonografia detectou 91,1% (51/56) das lesões, sendo classificadas como BI-RADS® 4 em 94,1% (48/51) dos casos e predominando o achado de nódulo não circunscrito em 94,1% (48/51), com sombra acústica posterior em 62,7% (32/51) e/ou margem indistinta em 52,9% (27/51). O tamanho das lesões à ultrassonografia variou de 0,5 a 6,1 cm. A ressonância magnética foi realizada em sete pacientes, sendo positiva em cinco delas, e classificadas como BI-RADS® 4 em três. Houve predomínio do realce nodular em 60,0% (3/5). Oitenta e cinco por cento (40/47) das lesões foram observadas em pacientes com algum tipo de alteração laboratorial: 44,6% (21/47) apresentavam Diabetes Mellitus (DM), sendo 62,0% (13/21) com DM do tipo 1 (DM1) e 38,0% (8/21) com DM do tipo 2 (DM2), 36,1% (17/47) tinham anticorpos antitireoidianos, e destas duas pacientes também apresentavam DM (uma com DM1 e uma com DM2), e 6,3% (3/47) tinham outras doenças autoimunes. Sete pacientes (14,8%) não apresentavam alterações laboratoriais. Quarenta e cinco por cento (13/29) das pacientes acompanhadas apresentaram remissão da lesão em até dois anos, e destas uma (3%) evoluiu com câncer na mama contralateral cerca de dois anos depois. Conclusão: Na população estudada, os padrões por imagem mais achados na mamografia foram lesões não calcificadas, na ultrassonografia nódulo não circunscrito com sombra acústica posterior e/ou margem indistinta e na ressonância magnética realce nodular. Houve uma maior associação da LLE com DM seguida de doença autoimune tireoidiana. Baseado nesta revisão, pacientes diabéticas do sexo feminino com menos de 40 anos, que apresentem lesão palpável clinicamente e que a avaliação ultrassonográfica identifique um nódulo não circunscrito indistinto, podem ser submetidas a core biopsy e, sendo o resultado histopatológico sugestivo de LLE, considerado concordante e a paciente submetida a tratamento conservador.
Descrição
Citação
WARANABE, Lucy Tiemi Sato. Lobulite linfocítica esclerosante – Proposta de algoritmo baseado na análise retrospectiva de 53 casos com correlação clínica, laboratorial e por imagem. 2019. 75f. Tese (Doutorado em Radiologia e Diagnóstico por Imagem) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2019.