Livros em braille: materialidade das apostilas didáticas para alunos com deficiência visual da rede estadual de São Paulo

Nenhuma Miniatura disponível
Data
2013-09-13
Autores
Lucio, Claudia Cristina de Oliveira Pereira [UNIFESP]
Orientadores
Vovio, Claudia Lemos [UNIFESP]
Tipo
Dissertação de mestrado
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Resumo
Dado que, para grande parte da população brasileira, os livros didáticos figuram como meios de acesso ao conhecimento e às práticas de letramento valorizadas socialmente, (BATISTA, 2003; ABREU, 2003, IPM, AÇÃO EDUCATIVA, 2001, 2012) buscou-se neste estudo, de caráter documental, verificar a implementação de políticas de distribuição desses suportes para estudantes cegos. O foco recai sobre a análise dos materiais didáticos em tinta e em Braille – intitulados Caderno do Aluno - da disciplina de História, referentes aos anos finais do Ensino Fundamental (antigas 5ª à 8ª série e atuais 6º ao 9º ano), da rede de ensino estadual de São Paulo. Ambas as escolhas podem ser explicadas. Primeiro, porque essa rede de ensino abriga um número expressivo de estudantes com deficiência e desenvolve ações com vistas a implementação de uma Educação Inclusiva. Segundo, porque a disciplina de História e os materiais didáticos atuais em sua composição contam com gêneros do discurso variados (BAKHTIN, 2003), especialmente aqueles de caráter multimodal (que envolvem a relação de complementaridade entre linguagem verbal e visual). Tais gêneros se aplicam à construção de conhecimentos históricos, à apropriação de modos de vida e ideias de tempos e espaços sociais distintos e, em materiais didáticos editorados e impressos em Braille, passam por mudanças. Partindo do pressuposto de que mudanças na forma implicam mudanças de sentido, como proposto por Chartier (2003), objetivou-se investigar as implicações que a nova materialidade e, consequentemente, o novo texto desses Cadernos em Braille trazem para a apropriação do aluno cego e compreender se a passagem de um suporte a outro é suficientemente adequada para atender as exigências das atuais propostas do ensino de História e as especificidades de aprendizagem dos estudantes com cegueira. Para tanto, a abordagem teórica escolhida - de caráter interdisciplinar - reuniu as contribuições das áreas de História da Leitura, do Livro e Cultura do Impresso (BATISTA, 2009, 2001; BICCAS, 2008; MUNAKATA, 2007; CHOPPIN, 2004; CHARTIER, 2003; BITTENCOURT, 1996), dos Estudos da Linguagem e do Letramento (KLEIMAN,2011, 1995; ROJO, 2009) e da Educação Inclusiva (ARANHA, 2004; OMOTE, 2004; OLIVEIRA, A. 2003; SOUSA, PRIETO, 2002). Os procedimentos metodológicos adotados privilegiaram diferentes fontes de informação e técnicas para a sistematização dos dados coletados, tais como a catalogação dos livros didáticos, a categorização, quantificação e análise dos aspectos materiais, técnicos, estéticos e textuais, em ambos os casos (em tinta e em Braille). Esses dados possibilitaram verificar que no processo de adaptação alguns elementos como mapas, fotografias e ilustrações são suprimidos da versão em Braille e outros recursos iconográficos são transformados em descrições textuais simplificadas, com poucos detalhes e informações sobre as representações visuais impressas dos Cadernos em tinta. Assim, observamos que a nova forma assumida nos Cadernos em Braille, após o processo de editoração e impressão, apresenta modificações substanciais que possivelmente interferem no processo de aprendizagem dos alunos cegos, pois as reconfigurações na materialidade figuram como entraves para a construção de sentidos e a apropriação dos saberes historicamente acumulados.
Descrição
Citação
LUCIO, Claudia Cristina de Oliveira Pereira. Livros em braille: materialidade das apostilas didáticas para alunos com deficiência visual da rede estadual de São Paulo. 2013. 167 f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Guarulhos, 2013.