Avaliação do efeito da s(+)cetamina associada a remifentanila na dor e hiperalgesia pós-operatória em colecistectomia videolaparoscópica: estudo randomizado, duplo-cego
Data
2014-11-26
Tipo
Tese de doutorado
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Resumo
The use of remifentanil results in short-term analgesic effect and is related to the phenomenon of opioid induced hyperalgesia. Some mechanisms have been proposed to explain the phenomenon of hyperalgesia, including the activation of N-methyl-Daspartate (NMDA). The association of blocking NMDA receptor, S(+)ketamine, to remifentanil can promote better analgesia and longer duration. The aim of this study was to determine if the association of ketamine to remifentanil promotes better postoperative analgesia and reduces postoperative hyperalgesia, evaluated with algometer, monofilaments and cytokine dosage. Methods: The study was a prospective, randomized, double-blind clinical trial, including 60 patients ≥ 18 years of age submitted to laparoscopic cholecystectomy. Anesthesia was induced with remifentanil (1 μg.Kg-1), propofol and atracurium. Patients in G1 received remifentanil (0.4 μg.Kg-1.min-1) and ketamine (5 μg.Kg-1.min-1); patients in G2 received remifentanil (0.4 μg.Kg-1.min-1) and normal saline. The dose was increased or decreased as needed. The infusion of the solutions was continued until skin closure. Postoperative pain was treated with morphine PCA. The parameters evaluated were: time to first PCA complementation; total morphine consumption in 24 h; intensity of postoperative pain; hyperalgesia using algometer and monofilaments; allodynia using soft brush; extent of hyperalgesia using a 300g monofilament; and inflammatory respose through interleukin 6, 8 and 10 dosage. Adverse effects were noted. Results: There was no difference in demographic characteristics between the groups, as well as the duration of surgery, anesthesia and time to awakening. There was no statistically significant difference in time for the morphine dose requirement between G1 (18 min) and G2 (15 min), or in pain intensity at the evaluation period. There was no statistically significant difference between groups in the dose of remifentanil, as well as the total dose of morphine consumption (27.4 ± 18.3 mg for G1 and 27.7 ± 12.9 mg for G2). There was a statistically significant difference in hyperalgesia evaluated with monofilaments in the thenar eminence of the hand 24 hours after surgery (p = 0.019, student's t test), with a lower sensitivity threshold seen in patients in group 2. No statistically significant difference was observed in hyperalgesia evaluated with algometer, allodynia with soft brush or in the extent of hyperalgesia. There was no statistical difference in interleukin 6, 8 and 10 dosage between the groups at the evaluation times. Regarding adverse effects, there was a statistically significant difference in visual changes, sedation and vomiting, with a higher rate in G1. Conclusions: The association of ketamine (5 μg.kg- 1.min-1) to remifentanil for laparoscopic cholecystectomy did not change postoperative pain intensity, time to first supplementary analgesia or total dose of morphine in 24 hours, although it was promoted a reduction in hyperalgesia evaluated using monifilaments in the thenar eminence of the hand 24 hours after surgery; there was no statistical difference in hyperalgesia seen using a algometer, allodynia using a soft brush and in IL-6, IL-8 e IL-10 dosage
Objetivo: O uso da remifentanila tem como consequência o rápido término do efeito analgésico, além de estar relacionado ao fenômeno de hiperalgesia induzida pelo opioide. Alguns mecanismos foram propostos para explicar o fenômeno de hiperalgesia, entre os quais a ativação de receptores N-metil-D-aspartato (NMDA). A associação do bloqueador de receptor NMDA, S(+)cetamina, à remifentanila pode promover analgesia de melhor qualidade e maior duração. O objetivo deste estudo foi verificar se esta associação promove melhora da analgesia pós-operatória e reduz a hiperalgesia pós-operatória, pela avaliação com uso de algômetro, monofilamentos e dosagem de citocinas. Métodos: O estudo foi um ensaio clínico prospectivo, randomizado, duplo-cego, em 60 pacientes ≥ 18 anos, submetidos a colecistectomia videolaparoscópica. A anestesia foi induzida com remifentanila (1 μg.kg-1), propofol e atracúrio. Os pacientes do G1 receberam no intra-operatório remifentanila (0,4 μg.kg- 1.min-1) e cetamina (5 μg.kg-1.min-1); os do G2, remifentanila (0,4 μg.kg-1.min-1) e solução salina a 0,9%. A dose de remifentanila foi aumentada ou reduzida conforme a necessidade. A infusão das soluções foi feita até o fechamento da pele. A dor pósoperatória foi tratada com morfina com o uso de PCA. Foram avaliados: tempo para primeira complementação com PCA; consumo de morfina em 24 h; intensidade da dor pós-operatória; hiperalgesia com uso de algômetro e monofilamentos; alodinia com uso de escova suave; extensão da hiperalgesia mapeada com monofilamento de 300 g; e resposta inflamatória com a dosagem de interleucinas 6, 8 e 10. Os eventos adversos foram anotados. Resultados: Não houve diferença nas características demográficas dos pacientes entre os grupos, assim como na duração da operação, da anestesia e tempo para despertar. Não houve diferença estatística significante no tempo para requerer a primeira dose de morfina entre o G1 (18 min) e o G2 (15 min), ou na intensidade da dor entre os grupos nos momentos avaliados. Não houve diferença estatística significante entre os grupos na dose de remifentanila, assim como na dose total de morfina consumida (27,4 ± 18,3 mg para o G1 e 27,7 ± 12,9 mg para o G2). Houve diferença estatística significante na hiperalgesia avaliada com monofilamentos na eminência tenar da mão 24h após a operação (p= 0,019, teste t de Student), tendo menor limiar de sensibilidade os pacientes do G2. Não foi observada diferença estatística significante na hiperalgesia avaliada com uso de algômetro, alodinia com escova suave ou na extensão da hiperalgesia. Não houve diferença estatística entre os grupos nos momentos avaliados em relação às interleucinas 6, 8 e 10. Quanto aos eventos adversos, houve diferença estatística significante para alterações visuais, sedação e vômitos, com maior frequência no G1. Conclusões: A associação de cetamina (5 μg.kg-1.min-1) à remifentanila para colecistectomia videolaparoscópica não alterou a intensidade da dor pós-operatória, o tempo para a primeira complementação da analgesia ou a dose total de morfina em 24h, embora tenha reduzido a hiperalgesia avaliada com uso de monofilamentos na eminência tenar da mão 24h após a operação; não houve diferença estatística na hiperalgesia avaliada como uso de algômetro, na alodinia com uso de escova suave e na dosagem de IL-6, IL-8 e IL-10.
Objetivo: O uso da remifentanila tem como consequência o rápido término do efeito analgésico, além de estar relacionado ao fenômeno de hiperalgesia induzida pelo opioide. Alguns mecanismos foram propostos para explicar o fenômeno de hiperalgesia, entre os quais a ativação de receptores N-metil-D-aspartato (NMDA). A associação do bloqueador de receptor NMDA, S(+)cetamina, à remifentanila pode promover analgesia de melhor qualidade e maior duração. O objetivo deste estudo foi verificar se esta associação promove melhora da analgesia pós-operatória e reduz a hiperalgesia pós-operatória, pela avaliação com uso de algômetro, monofilamentos e dosagem de citocinas. Métodos: O estudo foi um ensaio clínico prospectivo, randomizado, duplo-cego, em 60 pacientes ≥ 18 anos, submetidos a colecistectomia videolaparoscópica. A anestesia foi induzida com remifentanila (1 μg.kg-1), propofol e atracúrio. Os pacientes do G1 receberam no intra-operatório remifentanila (0,4 μg.kg- 1.min-1) e cetamina (5 μg.kg-1.min-1); os do G2, remifentanila (0,4 μg.kg-1.min-1) e solução salina a 0,9%. A dose de remifentanila foi aumentada ou reduzida conforme a necessidade. A infusão das soluções foi feita até o fechamento da pele. A dor pósoperatória foi tratada com morfina com o uso de PCA. Foram avaliados: tempo para primeira complementação com PCA; consumo de morfina em 24 h; intensidade da dor pós-operatória; hiperalgesia com uso de algômetro e monofilamentos; alodinia com uso de escova suave; extensão da hiperalgesia mapeada com monofilamento de 300 g; e resposta inflamatória com a dosagem de interleucinas 6, 8 e 10. Os eventos adversos foram anotados. Resultados: Não houve diferença nas características demográficas dos pacientes entre os grupos, assim como na duração da operação, da anestesia e tempo para despertar. Não houve diferença estatística significante no tempo para requerer a primeira dose de morfina entre o G1 (18 min) e o G2 (15 min), ou na intensidade da dor entre os grupos nos momentos avaliados. Não houve diferença estatística significante entre os grupos na dose de remifentanila, assim como na dose total de morfina consumida (27,4 ± 18,3 mg para o G1 e 27,7 ± 12,9 mg para o G2). Houve diferença estatística significante na hiperalgesia avaliada com monofilamentos na eminência tenar da mão 24h após a operação (p= 0,019, teste t de Student), tendo menor limiar de sensibilidade os pacientes do G2. Não foi observada diferença estatística significante na hiperalgesia avaliada com uso de algômetro, alodinia com escova suave ou na extensão da hiperalgesia. Não houve diferença estatística entre os grupos nos momentos avaliados em relação às interleucinas 6, 8 e 10. Quanto aos eventos adversos, houve diferença estatística significante para alterações visuais, sedação e vômitos, com maior frequência no G1. Conclusões: A associação de cetamina (5 μg.kg-1.min-1) à remifentanila para colecistectomia videolaparoscópica não alterou a intensidade da dor pós-operatória, o tempo para a primeira complementação da analgesia ou a dose total de morfina em 24h, embora tenha reduzido a hiperalgesia avaliada com uso de monofilamentos na eminência tenar da mão 24h após a operação; não houve diferença estatística na hiperalgesia avaliada como uso de algômetro, na alodinia com uso de escova suave e na dosagem de IL-6, IL-8 e IL-10.
Descrição
Citação
LEAL, Plinio da Cunha. Avaliação do efeito da s(+)cetamina associada a remifentanila na dor e hiperalgesia pós-operatória em colecistectomia videolaparoscópica: estudo randomizado, duplo-cego. 2014. 126 f. Tese (Doutorado) - Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, 2014.