Navegando por Palavras-chave "Crianças autistas"
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- ItemAcesso aberto (Open Access)Agência, engajamento e participação: interações entre crianças autistas e educadoras em sala de aula regular e especializada(Universidade Federal de São Paulo, 2023-06-15) Cots, Caroline Paola [UNIFESP]; Cruz, Fernanda Miranda da [UNIFESP]; Fidalgo, Sueli Salles [UNIFESP]; http://lattes.cnpq.br/7030396449564631; http://lattes.cnpq.br/5963332154182390; http://lattes.cnpq.br/2758089800861497Esta pesquisa tem como objetivo descrever e analisar as possibilidades de e as formas pelas quais se estrutura o trabalho mútuo de coparticipação constitutivo de interações que acontecem em ambiente pedagógico entre crianças autistas e educadoras. O autismo é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por déficits na interação/comunicação social e interesses/comportamentos restritos e repetitivos (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Para descrever e analisar as formas de trabalho mútuo em interações de contexto educacional com a participação de crianças autistas selecionamos momentos interacionais envolvendo a realização de tarefas pedagógicas (BULLA; SCHUTZ, 2018). Do ponto de vista teórico, esta pesquisa mobiliza a perspectiva da análise da conversa multimodal e análise das práticas corporificadas na interação social (STREECK; GOODWIN; LEBARON, 2011, MONDADA, 2016), com atenção para os estudos voltados à investigação multidimensional da linguagem no autismo (STERPONI; KIRBY; SHANKEY, 2014) e de práticas sociointeracionais envolvendo participantes autistas (OCHS; SOLOMON; STERPONI, 2005; OCHS; SOLOMON, 2010). Para a realização desta pesquisa foi gerado um corpus de interações das quais participam, em ambientes distintos, duas crianças autistas e distintos interlocutores. Uma das crianças é Amanda, de idade de 10 anos, em ambiente de escola regular, em interação em sala de aula com colegas estudantes, professora e auxiliar. A outra criança é Ravi, de idade de 04 anos, em ambiente de educação especializada, em interação com uma educadora. O corpus construído foi nomeado Interação, Corpo e Práticas mais Inclusivas no TEA (InCorPI-TEA), autorizado pelo CEP-UNIFESP n°: 0710/2020. No que diz respeito às análises apresentadas nesta tese, examinamos 09 excertos extraídos dos registros do corpus de situações interacionais de convites à participação e de participação colaborativa para o engajamento e realização de tarefas pedagógicas Os vídeos foram visualizados com auxílio da ferramenta ELAN e transcritos com o sistema de transcrição multimodal de Mondada (2019). Como resultado, identificamos que as crianças autistas participantes deste estudo, mesmo com limitações linguístico-interacionais, participaram de situações envolvendo a realização de tarefas pedagógicas, principalmente, em colaboração com a educadora. Para isso, lidam com problemas interacionais, se envolvem em complexas negociações e podem precisar de mais suporte social das participantes educadoras. Estas, por sua vez, precisam acomodar as participações localmente, considerando e identificando a necessidade de construir turnos de fala mais ou menos enfáticos e, por vezes, com mais pistas visuais. Também precisamos considerar as limitações e as capacidades da criança que participa da tarefa proposta. Em alguns momentos, vimos que uma ação de insistência do educador na participação da criança, sem recorrer a um status de autoridade, possibilitou a agência do autista como membro do grupo escolar, até mesmo quando essa agência se expressou como resistência à participação. Argumentamos que as possibilidades de participar passam por um trabalho de todos os envolvidos nas situações para realizar acomodações sociais (CAITITÉ, 2017) e para construir um espaço de coordenação de sociabilidades (OCHS e SOLOMON, 2010). Contudo, o papel da educadora parece ser central para criar condições para a criança autista exercer agência (RIOS, 2017; 2018; DOAK, 2018a).