Toxicidade córneo-conjuntival do colírio de iodo-povidona: estudo experimental

Data
2003-06-01
Tipo
Artigo
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Resumo
PURPOSE: To evaluate ocular toxicity of povidone-iodine eye drops at a concentration of 2.5% and 0.5% and to investigate the effects on corneal epithelial wound healing and histopathological alterations. METHODS: Each group (PVP-I 2.5% and 0.5%) consisted of 20 rabbits. A central circular corneal epithelial defect of 6.5 mm diameter was created and the povidone-iodine eyedrops (2.5% and 0.5) instilled in the right eye and distilled water in the left eye (control) of each rabbit, every hour, during 3 days. Biomicroscopical examinations were performed every day, focussing on the corneoconjunctival surface and the diameter of the lesion, using fluoresceine eye drops, photodocumentation, and a computerized image analyzer. After the third day the rabbits were sacrified and the excised corneas histopathologically evaluated. Statistical evaluation was performed using Friedman, Mann-Witney, Wilcoxon, Fisher and Chi-squared tests. RESULTS: Povidone-iodine eye drops, at a concentration of 2.5%, caused an increase in the wound healing time (p= 0.087) and conjuntivitis in 100% of the eyes with mucous secretion in 80%, punctate ceratitis in 40%, and discrete stromal edema in 10% of the cases. The histopathological examination showed corneal ulcers and vacuolic degeneration of the endothelial layer in 100%, as well as an inflammatory infiltrate with eosinophils in 80% of the cases. The eyes treated with povidone-iodine eye drops at a concentration of 0.5% and the control eyes showed complete epithelial wound healing after 72 hours, and histopathologically normal epithelization. Only in one case, a discrete perilimbar leucocytic infiltrate was observed. CONCLUSION: The ocular toxicity of povidone-iodine eye drops is concentration-dependent. The use of the eye drop at a concentration of 2.5% is not adequate for daily and repetitive use. In contrast, at a concentration of 0.5% no toxicity was observed.
OBJETIVO: Avaliar a toxicidade ocular do colírio de iodo-povidona a 2,5% e a 0,5% sobre a superfície ocular, na regeneração do epitélio corneal e as alterações histopatológicas da córnea. MÉTODOS: Realizaram-se estudos experimentais consecutivos em coelhos albinos, nos quais se fez a ablação do epitélio de uma área circular central da córnea de 6,5 mm de diâmetro. Em cada experimento foram utilizados 20 animais (40 olhos), sendo que no olho direito foi instilado o colírio de iodo-povidona (caso) e no olho esquerdo água destilada (controle), em intervalos de uma hora, durante três dias consecutivos. Durante o experimento, os animais foram submetidos a exames biomicroscópicos diários para avaliação da superfície córneo-conjuntival e realização de fotografias seriadas da área sem epitélio, corada com fluoresceína, para medida da área projetada da lesão com auxílio de analisador de imagem computadorizado. No final do experimento, os animais foram sacrificados para avaliação histopatológica das córneas. RESULTADOS: O colírio de iodo-povidona a 2,5% comprometeu a regeneração epitelial, causou conjuntivite em 100% dos olhos, com produção de secreção de aspecto mucoso em 80%, ceratite ponteada em 40% e edema estrômico leve em 10% dos casos. Os achados histopatológicos foram úlcera de córnea, degeneração hidrópica das células endoteliais e infiltrado inflamatório com predomínio de eosinófilos em 100% dos casos. Nos olhos em que se instilou iodo-povidona a 0,5%, assim como nos controles, observou-se completa regeneração da lesão epitelial (p<0,001) após 72 horas do início do experimento. Do ponto de vista histopatológico, epitelização normal em todos os casos e controles, em apenas um caso observou-se discreto infiltrado de leucócitos perilímbicos. CONCLUSÃO: A toxicidade ocular do colírio de iodo-povidona é dependente da concentração da solução, sendo que o colírio a 2,5% mostrou-se inadequado para utilização em intervalos de uma hora e a 0,5% não causou toxicidade significante.
Descrição
Citação
Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. Conselho Brasileiro de Oftalmologia, v. 66, n. 3, p. 279-288, 2003.
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